Quarta-feira, 26 de julho de 2017 - 21h40
Marco Aurélio Carone e Conceição Lemes, para o Vi o mundo
Depois de 12 anos, em março de 2017, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deu andamento ao inquérito civil nº 0024.05.000060-3. Instaurado em 26 de junho de 2005, a partir de inquérito do Ministério Público Federal (MPF), ele investiga os contratos entre as empresas de Valério (agências de publicidade SMP&B e DNA) e o governo de Minas de 1996 a 2006.
Os documentos investigados são os solicitados, em abril de 2006, ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pelo então procurador geral da República, Antônio Fernandes de Souza, por intermédio do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). Estranhamente, tanto o PGR Antônio Fernandes de Souza quanto o ministro Joaquim Barbosa negaram a demanda da PF.
Em despacho de 28 de abril de 2006, o ministro Joaquim Barbosa atende a todas demandas do PGR. E também nega a perícia contábil-financeira no diretório regional do PSDB em Minas.
Alega: “indefiro-a por ter sido considerada inoportuna por titular de futura ação penal que eventualmente possa originar-se deste inquérito”.
De cara, nesses documentos quatro detalhes chamam atenção:
1) A solicitação de Joaquim Barbosa é datada de 2 maio de 2006, como mostra a imagem abaixo.
2)Danilo de Castro, secretário de governo de Aécio, responde à demanda de Joaquim Barbosa/Antônio de Souza, em 5 de outubro de 2006. Portanto, só cinco meses depois!
3) Nos contratos e aditivos celebrados entre a administração de Minas e as empresas de Marcos Valério dois nomes fazem dobradinha: Danilo de Castro e Frederico Pacheco de Medeiros, respectivamente secretário e secretário-adjunto do governo Aécio Neves, como mostra o aditivo abaixo, de 21 de setembro de 2004.
Frederico Pacheco de Medeiros é o Fred, primo de Aécio, preso em 18 de maio pela Polícia Federal.
Segundo Joesley Batista, dono da JBS, Fred foi a pessoa designada para receber os R$ 2 milhões solicitados por Aécio Neves.
4) Os aditivos celebrados a partir de janeiro de 2003 em contratos originados no governo Eduardo Azeredo (janeiro de 1995 a dezembro de 1999) comprovam que o esquema do mensalão tucano, que a quem Valério serviu em 1998, continuou operando no governo Aécio Neves.
De 1996 a 2006, o único período em que Valério não operou no governo de Minas foi na gestão Itamar Franco (janeiro de 2000 a janeiro de 2003, cuja auditora geral era a hoje ministra Cármen Lúcia, presidente do STF.
Em tempo. Atente à movimentação do inquérito instaurado pelo MPMG, em junho de 2005. De 2005 a 2012, nenhuma movimentação. Alguém ainda tem dúvida que o senador Aécio Neves sempre contou com a blindagem do Judiciário para perpetrar e continuar fazendo seus malfeitos?
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