Domingo, 4 de fevereiro de 2018 - 15h09
247 – Embora tenha sido o primeiro ocupante da presidência da República denunciado como corrupto e chefe de quadrilha na história do País, podendo ainda receber uma terceira denúncia por esquemas nos portos, Michel Temer decidiu lançar uma campanha publicitária, com dinheiro público, para não sair do poder com fama de ladrão.
A peça dirá que Temer não tem recursos no exterior e que sua vida é compatível com sua renda – muito embora ele tenha sido delatado por vários empreiteiros e também pela JBS em esquemas pesados. Não por acaso, Temer, que chegou ao poder graças ao golpe dos corruptos contra a presidente honesta, é o governante mais impopular do mundo.
Leia, abaixo, texto de Fernando Brito a respeito:
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
Quinze dias atrás, a caricatura que preside (?) este país disse que não iria sair do governo com “essa pecha de um sujeito que incorreu em falcatruas“.
Gustavo Uribe, na Folha, explica como Temer pretende realizar esta proeza: com mais uma falcatrua.
“A equipe do presidente planeja uma campanha de marketing, para ser veiculada a partir de março, no esforço de desvincular a figura pública de Temer de denúncias de corrupção e de acusações de irregularidades.
A ideia é rememorar a carreira do emedebista, afirmando que ele não possui contas bancárias no exterior e tem patrimônio compatível com a sua trajetória política.
Isso inclui mostrar detalhes da vida privada do presidente, argumentando que sua família não consome produtos de luxo, não trocou de carro desde que ele assumiu o Palácio do Planalto e que mantém uma vida simples.”
Realmente, uma vida tão simples e frugal que nem percebeu que faltavam R$ 28 mil no seu pagamento, vivendo apenas com R$ 4 mil por mês, não é?
Como a publicidade estatal, ao que se saiba, é institucional e não pode se prestar à promoção social, estranho que a matéria não indague como seria feita esta “campanha de marketing”.
A “equipe do presidente” é paga com que recursos para prestar-lhe serviços particulares de promoção de imagem?
A campanha vai ser veiculada com quais recursos?
Agora, pasme: o ambicioso objetivo da ofensiva (em todos os sentidos) de marketing pessoal de Michel Temer – da qual já se tem sinais com seu périplo por programas de auditório – é “reduzir para 60%” a sua impopularidade.
Chama o publicitário Nizan Guanaes, Temer, aquele que te recomendou aproveitar a impopularidade e fazer as maldades que fez. Sabe, ele é um homem que sabe se adaptar.
Em fevereiro de 2011, logo depois de Lula sair do Governo, ele escreveu na Folha que “era muito difícil viver numa nação onde a maioria morria de fome e a minoria morria de medo. Hoje o país oferece oportunidades a todos”.
Agora que voltamos a não oferecer oportunidade a todos, agora que voltamos a ter a maioria morrendo de fome e, de quebra, também morrendo de medo, quem sabe ele não inventa outro “paraíso”?
Uma Canaã onde não mana leite e mel, como no Êxodo, mas ódio e fel, como no seu governo.
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