Sábado, 8 de julho de 2017 - 10h15
247 – Michel Temer protagonizou, neste sábado, mais um papelão internacional. Depois de ir ao G-20 apenas para não transmitir a imagem de que o Brasil não tem comando, ele antecipou sua volta, antes do encerramento oficial.
Temer embarcou às 7h25 de Brasília, antes mesmo da emissão do comunicado oficial, porque se deu conta de que está sendo enterrado vivo pelos próprios aliados, que já tratam do governo de Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Temer perdeu, com isso, a última sessão com os demais líderes, incluindo o americano Donald Trump e o francês Emmanuel Macron. Ele também não acompanhou a emissão do comunicado conjunto, que é o tradicional documento do fim da cúpula", informa o jornalista Diogo Bercito.
No único momento verdadeiro, Temer cometeu um ato falho e disse estar trazendo de volta o desemprego ao Brasil (veja aqui o vídeo).
Quando chegar a Brasília, ele intensificará os esforços para comprar votos de deputados e evitar sua queda.
Abaixo, reportagem da Reuters sobre o movimento pró-Maia:
O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira ter “preocupação zero” com a base aliada, disse ter total confiança no presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e atribuiu as críticas de tucanos que dominaram o dia a uma "força de expressão".
Temer está na Alemanha, onde participa da reunião do G20, e foi questionado sobre as declarações do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jeireissati (CE), e do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Em uma conversa com investidores, Cunha Lima teria dito que "dentro de 15 dias o país terá um novo presidente", de acordo com o jornal Folha de S.Paulo. Já Jereissati disse a jornalistas que o país "caminha para a ingovernabilidade" e elogiou Maia como um nome capaz de unir os partidos em torno de uma transição.
"Vamos esperar 15 dias não é? Acho que foi força de expressão, às vezes as pessoas se entusiasmam um pouco", disse, sobre o prazo dado por Cunha Lima.
O presidente acrescentou que os quatro ministros do PSDB --Aloysio Nunes (Relações Exteriores), que está em Hamburgo; Bruno Araújo (Cidades), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos)-- o procuraram para dizer que a fala dos senadores "não condiz com a posição da maioria do PSDB.
"O PSDB tem quatro ministros, todos exercendo suas funções", lembrou Temer.
O ministro das Relações Exteriores usou sua conta no Twitter para criticar seu próprio partido.
"Do ponto de vista dos interesses do Brasil, não poderia haver ocasião mais inoportuna para os recentes ataques de dirigentes do PSDB ao presidente da República quando ele representa nosso país na cúpula do G20", escreveu Aloysio. "Nem Lula nem Dilma tiveram esse tratamento de nossa parte quando éramos oposição."
Temer foi questionado, ainda, sobre sua preocupação com sua base no Congresso, que disse ser "zero" e sobre a lealdade de Rodrigo Maia.
"Acredito plenamente (na lealdade de Maia). Ele só me dá provas de lealdade o tempo todo", respondeu Temer.
O governo luta para conseguir pelo menos 34 votos necessários para um resultado favorável a Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, mas o cenário é pior do que Palácio do Planalto tenta vender.
Uma alta fonte do governo disse à Reuters essa semana que teriam exatos 34 votos, mas outras fontes governistas apontam para um cenário pior, de no máximo 30 votos.
A indicação de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para relator da denúncia contra o presidente foi um mau sinal para o Planalto. Apesar de peemedebista, Zveiter é visto como "imprevisível", "independente" e muito ligado a Maia.
(Por Lisandra Paraguassu, em Brasília)
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