Quinta-feira, 24 de maio de 2018 - 11h01
247 - O governo golpista entrou em parafuso com a crise da greve dos caminhoneiros Temer não conseguiu negociar o fim do movimento. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), assumiu o papel de primeiro-ministro ao aprovar na Câmara na noite de ontem (24) a reoneração da folha de pagamento de alguns setores, com isenção de PIS/Cofins sobre o diesel, contra a vontade do governo. E a "joia da coroa" do golpe, a Petrobras, entregue como uma sesmaria a Pedro Parente, está de joelhos; o projeto de entrega da empresa e do pré-sal aos grandes grupos internacionais está desmoralizado.
Para o colunista Leandro Colon, Temer está no chão: "O governo de Michel Temer não aguentou três dias de greve de caminhoneiros. Sentiu o peso político de um país à beira de uma paralisia causada pelos protestos nas rodovias. Não suportou a pressão, esqueceu o que dissera e foi à lona. O episódio tem revelado o quão desnorteado está o Planalto. Impopular, fraco, cambaleante a cada crise." Dentre os mais ardorosos defensores do governo golpista, como Míriam Leitão, o discurso é de que Temer estaria sob terrível "chantagem"
Temer perdeu a base de sustentação de seu governo, o apoio do Congresso Nacional, que foi o motor do golpe contra Dilma. Festejado por meses pela mídia conservadora como "brilhante" articulador político, capaz de costurar consensos e uma ampla base parlamentar, Temer não consegue aprovar mais nada no parlamento e, agora, vê o presidente da Câmara assumir funções de governo, com a decisão de ontem à noite. Já há especulações sobre a "alternativa Maia" diante do colapso do governo. Escreve o jornalista Raymundo Costa: "A sete meses do fim de seu mandato, o presidente Michel Temer perdeu o apoio da principal fonte de sustentação de seu governo - o Congresso Nacional. Só uma situação de grave emergência pode levá-lo a obter algo expressivo do Parlamento. A situação é pior na Câmara. Se houver a tão temida terceira denúncia do Ministério Público Federal, Temer pode não ter mais os votos de 171 deputados para salvar o mandato. Neste caso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiria o governo e o que não falta a seu redor são deputados dizendo que ele poderia concorrer à reeleição no cargo. Maia tutela o governo e se sente bem nesse papel.”
O coração e o pulmão do governo oriundo do golpe de 2016 foi atingido com a greve dos caminhoneiros. O coração é o desmantelamento das políticas sociais do governo do PT, com a orientação ultraliberal na condução do país. O pulmão é a liquidação da Petrobras com sua entrega e do pré-sal às grandes petroleiras internacionais e a implantação de uma política de preços que tornou o Brasil, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, naquele que tem os combustíveis de mais alto preço do mundo. Os petroleiros iniciaram na manhã de hoje greve em Minas Gerais e a "joia da coroa" do golpe parece quebrada. A imagem do autarca Pedro Parente alquebrado, "cabisbaixo e constrangido, renunciando ainda que pelos alegados 15 dias àquilo que o levou a aceitar dirigir a Petrobras, não poderia ser mais reveladora", escreveu Igor Gielow. A hipótese mais provável é a da renúncia de Parente, que está "prometido" como presidente da BRF, a maior companhia de alimentos do país, com 30 marcas em seu portfólio, entre elas, Sadia, Perdigão, Qualy, Paty, Dánica e Bocatti e que está fazendo água por conta das políticas de Temer, da greve dos caminhoneiros e da incompetência de seus gestores. Se Parente, cair, pode assumir imediatamente a chefia do conglomerado.
O ocaso do golpe não tem panelaços até agora. Mas é barulhento.
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