Terça-feira, 26 de dezembro de 2017 - 19h48
Juliana Dias l A TARDE BSB
Arthur Virgílio é o atual prefeito de Manaus (AM) e, apesar de estar em batalha interna com a sigla, diz que só deixa o PSDB se o partido se dissolver. Com a bandeira de ser um candidato do centro, avalia que teria mais votos que Geraldo Alckmin na disputa à Presidência da República e condições de chegar ao segundo turno. Virgílio entende que é hora do Brasil e do PSDB terem um candidato do Norte, aliado às regiões Nordeste e Centro-Oeste. Para o A TARDE, Arthur Virgílio fala muito além das perguntas, não poupa críticas ao próprio partido nem aos possíveis oponentes da corrida eleitoral e propõe a discussão de pautas polêmicas, como a liberação da maconha e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Eu gostaria que o senhor fizesse uma avaliação do governo federal com a região Norte.
Todos os governos ficam a dever. Esse pessoal fica muito ensimesmado dentro de um provincianismo e não percebe que se o governador de São Paulo [Geraldo Alckmin] for comigo a qualquer evento internacional, a cada dez pessoas que falarem comigo, uma vai falar com ele. Eles não reconhecem a nossa importância para fora, o que a gente é para o mundo. De qualquer maneira, eu quero saber quem é que tem mais capacidade de arrebanhar votos. Eu boto fé no meu taco, eu aposto as fichas em mim. Falo tudo com muita franqueza e abertura, não há dogma pra mim. É hora de falar para o país e o PSDB é o partido que tem mais obrigação de se explicar, porque representou por muito tempo esperança ao povo brasileiro. Então, a gente entra para a página dos escândalos, acontece o que aconteceu com o senador Aécio [Neves]. Agora essa história dos cartéis aí. Tudo isso tem que ser passado a limpo. Ou se reúne e se dissolve, e essa é a única condição que tem de eu sair do PSDB. Eles podem praticar quaisquer injustiças comigo, mas eu não saio, só saio se ele se autodissolver. Fora disso, eu fico.
O senhor gostaria de debater com o governador Geraldo Alckmin antes da realização das prévias?
Estou fazendo outro requerimento para que digam aos principais Institutos de Pesquisa que o PSDB tem outro candidato. Tenho certeza de que, com algumas semanas de luta, de divulgação, eu passo dele. Meu partido teme essa história. E se eu passar, como é que fica? Eu quero debater com ele antes das prévias. Se o partido não se expuser para a nação, vai perder relevância crescentemente e depois vai deixar de existir. Isso é um fato.
O senhor acredita que ganharia de Alckmin nas pesquisas de intenção de votos?
Na primeira pesquisa não, mas na terceira ou quarta, passo sim.
No Amazonas, no Norte, o senhor teria um apoio massivo?
Eu não diria isso ainda. Eu não fiz viagens, pois dependo do Alckmin cumprir o compromisso que tem de me dar metade dos recursos do fundo partidário destinados à campanha. Mas não tenho dúvidas de que seria fácil falar com Pará, Rondônia, Acre, como sei que não vai ser difícil falar para o Nordeste e até para São Paulo. O que eu quero são chances e oportunidades iguais, que a gente leve a sério a eleição. Fomos tetra vice-campeões e deste jeito não seremos nem penta, porque não vamos chegar ao segundo turno como está. Ou é ir calmamente para uma derrota ou ousar, e o que eu proponho é ousadia.
Caso o senhor seja escolhido pelo partido, o que significaria para o Brasil um político do Norte como candidato a presidente?
Significaria uma grande vitória para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste e não significaria perda para o Sul do país. Significaria mudança de rumos. Orientar São Paulo para uma parceria construtiva em que São Paulo não seja mais visto como algoz dos estados mais pobres. Entendo que temos discurso para isso, temos que fazer os debates sem medo. Eu passo o dia inteiro no meio das pessoas, no meio do povo, mesmo durante a crise. Não vejo porque a gente tem que se fechar como o partido está fechado, não se explicar. Não aguentamos mais essa história de aconteceu isso, vou consultar meu advogado ou os autos [dos processos]. Se um cara pergunta você matou João, eu digo que não matei, não preciso falar com nenhum advogado. Não preciso dar resposta evasiva.
O senhor avalia que a situação do senador Aécio Neves deveria ter sido mais bem tratada dentro do PSDB?
Como agora a do governador Geraldo Alckmin deve ser tratada. O Senado tomou uma decisão soberana, não estou aqui para discuti-la. Mas o partido tem que responder se está contente com as explicações que foram dadas. Essa indecisão e postura de encolhimento estão fazendo com que desapareça como opção real para as pessoas que querem ir pelo centro e chegar a uma retomada sustentável do crescimento econômico brasileiro.
Como o senhor pretende convencer que é um candidato melhor?
O debate é a forma mais óbvia. E como não tenho acesso às informações dentro do meu partido, eu fico sem armas. Você tem que mostrar que dentro dessa faixa do centro, você tem mais credenciais, mais experiência política, mais capacidade administrativa que os demais. Tem que deixar o povo escolher. Eu quero me submeter ao povo e dentro do partido sou tratado como se estivesse cometendo um grande crime. Só falta me enquadrarem no Código Penal por querer liberdade de debate.
Caso Lula não consiga concorrer, o senhor avalia que conseguiria angariar votos dos eleitores dele?
Não acho que meu perfil bata com o perfil básico do eleitor do Lula. Algumas pessoas estão iludidas, pois acreditam que ele trouxe um período de prosperidade, isso dá pra esclarecer e ganhar essas pessoas. Mas aquele petista roxo não dá e eles são 30% da população, a gente tem que brigar pelos outros 70%. Eu sou liberal na economia. Sou a favor das privatizações, de Agências Reguladoras verdadeiras, de não permitir monopólios.
E essa seria a bandeira de campanha do senhor: um estado mínimo?
Um estado que seja enérgico para coibir monopólios, para controlar oligopólios. Um estado que seja efetivo na defesa nacional, na infraestruturação de oportunidades para a iniciativa privada entrar. Nós temos que parar com essa história, temos cerca de 150 estatais ainda, que poderíamos já de cara privatizar 85 delas. Eu proponho um debate muito forte sobre economia, não é dado a um candidato à presidência da República não saber o básico de economia para poder se posicionar e dizer quais rumos vão indicar ao País. Precisamos cuidar da liberdade das pessoas e da liberdade econômica, para as pessoas poderem progredir, prosperar. Criar um sonho brasileiro. Nós estamos com pesadelos brasileiros em sequência, precisamos de sonhos.
O senhor descarta aliança entre o PSDB e o PMDB para a campanha presidencial?
Sem dúvida. Não dá para gente ficar subjugado ao tempo de televisão. Já deu. Quem tiver boa intenção, com três minutos consegue se explicar à sociedade. Dá para fazer alianças bem tranquilas e montar governabilidade com base em um programa de reformas, não ficar distribuindo cargos. Não aceito aliança com o PMDB nem PP, entendo que não acrescentam. Eu toparia uma aliança com o PPS, PSB, mas se eles querem fazer aliança comigo eu não sei, é problema deles. Também tem o PV, não tem motivo para não fazer aliança.
O senhor acredita que a população vai conseguir separar o PMDB e o PSDB, depois do alinhamento pelo impeachment?
O PSDB tem responsabilidades tão grandes que a nação é mais dura com ele. Não vejo razão das pessoas de fora dizerem que o partido é melhor ou diferente de outros. Jovens estão apostando no Bolsonaro, isso é brincadeira. É ele falar aquelas coisas na tevê e eu tiro meus netinhos da sala.
Como avalia que Bolsonaro ganhou expressividade?
Porque ele fala que tem que matar bandido, armar a polícia e os cidadãos. Tudo mentira, tudo ilusão. Armar um cidadão que não sabe mexer com arma? Na dúvida, a polícia atira? Não é assim. O sistema de garantias dos direitos individuais tem que ser respeitado. Temos é que aprofundar a democracia brasileira para sairmos da crise e não mergulhar em aventuras ditatoriais. Nossos jovens têm que ser conquistados, trazidos para essa visão do centro de verdade, de liberdade pessoal. E temos que mostrar para eles que, com essa visão, também é possível fazer uma guerra aos cartéis e implementar políticas sociais.
O senhor avalia que, se for candidato do PSDB, tem condições de chegar ao segundo turno?
Chego. Não tenho medo de enfrentar Lula, Bolsonaro ou quem quer que seja. Inclusive concorrentes que pretendem a saída pelo centro que eu proponho. Quero ver se eles são tão claros quanto eu nos assuntos do liberalismo. Quero ver se são a favor de união homoafetiva, liberação da maconha, entre outros temas importantes para a cidadania. Eu vejo a onda que fazem para negar a Reforma da Previdência, pessoas dizendo que não votam em favor dela por causa dos problemas de corrupção no governo Temer. Não vão votar por causa disso? Eu condeno a corrupção do governo Temer, mas quero ver votar a Reforma da Previdência, porque penso nas próximas gerações, no equilíbrio da nossa economia.
O senhor falou de corrupção. Como avalia a Lava Jato? Ela mudou os rumos da política no Brasil?
Sem dúvida. Com uns exageros aqui outros acolá, mas não há dúvida de que terá cumprido um bom papel quando se esgotar, porque acontecerão padrões novos de convivência política e social. A Lava Jato tem que dar no financiamento decente, aberto de campanha. Eu sou contra esse financiamento fajuto, de implorar para as pessoas darem 10% do seu salário bruto para pagar dívidas de campanha em uma hora como essa. Eu sou a favor de se fazer como nos Estados Unidos, com prestações de contas visíveis, sem relação promíscua entre quem está doando e quem está recebendo. Sou contra as empresas que estão delatando saírem ilesas, sou a favor que não participem mais de licitação nesse País. Eu quero um país em que se puna o corrupto e o corruptor.
E diria votem em mim, porque...
Eu trabalho com honra, não faço fortuna pessoal na vida pública. Porque eu passei por todos os testes: três vezes prefeito da cidade de Manaus, fui líder de governo, líder da oposição, fui ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, eu tinha ascendência sobre Petrobrás, Eletrobrás, e entrei inquestionável como saí sem ser questionado. Eu tenho experiência, seriedade e pegada pra ir até o fim da vida. Eu me sinto pronto pra luta.
E se o senhor não ganhar as prévias e não sair candidato à presidente do PSDB?
Eu não atiro nunca em uma coisa para pegar outra, jamais, ou eu tenho a oportunidade de governar o País ou concluo meu mandato como prefeito e saio da vida pública até por uma exigência familiar.
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