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Alto Madeira: Todos os políticos são corruptos?


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Não há classe mais desgastada do que a política. Não há fila ou conversa em que não se bata em algum político, ou em muitos, como se fossem Judas. Principalmente hoje em dia quando os escândalos que aconteciam a cada mês estão se acelerando e parecem acontecer já a cada dia. Porém, este não é um privilégio de nossa época nem um privilégio brasileiro, pois, de fato, os políticos são considerados ruins no mundo todo e, como provam as eleições recentes, pouco adianta trocá-los. O que, porém, faz com que os políticos sejam ruins? Esta é uma pergunta que deveria ser feita por todos nós para compreender que a culpa não é apenas deles, mas, também, e especialmente, nossa, que não conseguimos construir uma democracia que funcione plenamente. Cita-se, por exemplo, o exemplo mais vistoso de Lula da Silva que, no governo, fez grande parte das coisas que criticava na oposição, inclusive se aliar com figuras das quais era inimigo como Sarney, Collor, Renan Calheiros, Romero Juca e Jarbas Vasconcelos, entre outros, mandando às favas todos os escrúpulos. Sua desculpa foi Raul Seixas, mas, metamorfose ambulante é pinto para quem mudou tanto de posição. A questão real é por que os políticos são todos iguais e agem sempre assim. É o que pretendemos discutir nesta matéria.

 


Alto Madeira: Todos os políticos são corruptos? - Gente de OpiniãoA democracia em construção

A política no Brasil parece ter piorado bastante de Itamar Franco para cá, ou seja, da estabilização da democracia, de vez que o próprio Itamar subiu ao Palácio por conta do impeachment de Fernando Collor que, hoje, parece coisa de batedor de carteira diante dos escândalos que se sucedem com sucessivas quedas de integrantes do governo. Em geral, como pretendem fazer agora na CPI do Cachoeira, o governo tem como única tática culpar a imprensa. Por exemplo, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, pronunciou, tempos atrás, a seguinte frase: "Não dá para aceitar que a imprensa fique derrubando ministro de 15 em 15 dias." Ora, quem derrubou os ministros não foi a imprensa. Eles caíram por seus malfeitos, porque se apropriaram ou deixaram ladrões se apropriar do erário e foram denunciados por uma imprensa não comprometida com o governo. Se o Judiciário fosse independente, se o Legislativo não tivesse sido comprado e o Executivo não perdesse a chave do cofre, não haveriam os problemas, os escândalos que existem e as quadrilhas seriam extintas para o bem do Brasil e em respeito ao cidadão. A verdade é que se há tanta corrupção é porque o sistema institucional não funciona, a nossa governança democrática não está funcionando como devia e nisto há tanta culpa dos políticos, como do povo.

O pai da democracia representativa moderna, Thomas Jefferson, defendia que a democracia era uma instituição imperfeita que dependia para ser bem exercida de muitos fatores entre os quais listava que os principais eram que os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) fossem independentes e harmônicos, mas, sem ligações, sem que um pudesse influir na função do outro.

Assim, na sua visão, a troca de favores, as influências de um sobre o outro, geravam corrupção e nepotismo ou as duas coisas. De forma que, para ele, seria impensável uma democracia funcionar como existe no Brasil com o Executivo influindo sobre as decisões do Legislativo e do Judiciário ou com as sabidas trocas de favores que fazem entre si.

Outro ponto que considerava fundamental era que houvesse imprensa livre, pois, sem liberdade de imprensa é impossível existir uma verdadeira democracia, mas, o que considerava essencial mesmo era um povo educado. A igualdade da democracia e sua verificabilidade se encontra, efetivamente, num povo que sabe escolher seus governantes, que não vota em troca de alguns reais, de um favor, de uma dentadura ou de uma cesta básica. Quando isto acontece, como é o caso brasileiro, a democracia some na medida em que o mandato é comprado.

Quem devia representar o povo se apossa do poder em seu nome e dele (como assistimos impotentes, nós, os educados) faz o que bem quer, inclusive, zombar dos que reclamam de suas falcatruas e da sua impunidade.

Porém, isto somente acontece porque o povo não exerce seus direitos, não fiscaliza e não há igualdade entre as pessoas (uma exigência da democracia), mas, há uns mais iguais que outros, como disse Lula sobre Sarney, que é uma “pessoa diferenciada” na medida que retém um poder que os outros brasileiros não tem. Por isto não há democracia representativa real no Brasil. Ainda temos um projeto em andamento.

 

Alto Madeira: Todos os políticos são corruptos? - Gente de OpiniãoA corrupção é a base da antípolitica

A ideia antipolítica mais difusa, e difundida, é a convicção (endêmica no Brasil) de que o exercício da política é inseparável da corrupção - com seu cortejo de alianças oportunistas, mentiras, enriquecimentos ilícitos etc. Não é à-toa, que, consciente ou inconscientemente, achamos a política suja. E, para muitos, até sem perceber, de repente, o único projeto republicano válido parece ser a luta contra os corruptos.

Ou seja, no governo, todas as aptidões indispensáveis de uma boa política (planos, visões ou competências) são inúteis, apenas precisamos de pessoas honestas.

A antipolítica da corrupção, em certos tempos, até mesmo cria uma nova e burra unanimidade. Para o cidadão comum, o pensamento correto é o de que os políticos parecem ser todos corruptos, mas, se eles o são é porque nós, na sociedade civil, devemos ser todos honestos?

Para os políticos, denunciar a corrupção de sua própria classe é mais fácil do que conceber e colocar em ato ideias sociais e econômicas inovadoras. Com isto, a antipolítica reconcilia a nação, as classes e os partidos: vivemos enfim numa comunidade de indignados contra os políticos (todos) corruptos.

O problema real é que a corrupção começa no próprio povo que só vê o político como uma fonte da solução de seus problemas. Basta ir até um gabinete de um deputado ou de um vereador e perguntar qual a percentagem de pessoas que atende que vem exclusivamente lhe pedir favores pessoais.

No Brasil (e não só no Brasil) quem não tiver dinheiro ou não fizer clientelismo (distribuir favores) dificilmente se elege. Seja de que partido for. Até mesmo os partidos comunistas que não adotavam esta prática estão, hoje, se destacando por clientelismo, nepotismo e ocupação de postos no serviço público e deixaram de ser considerados, mesmo por seus adversários, como uma reserva ética.

Os comunistas podiam ser acusados de comer criancinhas, mas ninguém imaginava que, uma vez no poder, eles seriam como os outros.

O caso do PT, no Brasil, não foi muito diferente. As alianças de governo e, sobretudo, o maior escândalo nacional, o Mensalão acabaram com a ideia de que o Partido dos Trabalhadores representasse uma reserva ética dentro da política. Conclusão: como quer a antipolítica, políticos são todos iguais e reserva ética só existe na sociedade civil. Mas, será? Não. Os políticos, de fato, são o retrato de seu povo e se, hoje, a política se confunde quase com a política o saneamento moral deve acontecer, em primeiro lugar, na sociedade, pois, com povo educado, imprensa livre e os poderes funcionando a democracia também funciona e não há lugar para a antípolitica.

É preciso que nossa sociedade mude, que haja uma maior desconfiança de discursos políticos fanfarrões e abstratos para que sejam substituídos pelo cuidado com os problemas concretos, numa espécie de ativismo direto, com projetos globais que representem as necessidades sociais.

Um sintoma do crescimento da política brasileira é mesmo este. Apesar de todos os problemas e escândalos e o fortalecimento da ojeriza à política, do fortalecimento da ideia da antípolitica, nós temos, sim, eleito, cada vez mais, políticos que, na maioria, administram bem (com exceções, é claro) o que demonstra que caminhamos para uma política mais focada na resolução dos problemas sociais.

Fonte: Jornal Alto Madeira

 

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