Sábado, 1 de março de 2025 - 11h15
A
discussão em torno do leilão do trecho rondoniense da BR-364, realizado nesta quinta-feira,
na Bolsa de Valores de São Paulo, ainda mobiliza muita gente desinformada.
Especialmente nas redes sociais, mas não apenas ali, já que parte significativa
dos articulistas locais bebe daquela fonte. E reverberam o que rola por lá!
Sobretudo para embutir na manifestação as lágrimas e lamentos de espíritos
ainda não serenados, apaziguados ou reconfortados das vivandeiras derrotadas
nas eleições/2.022.
Os
insistentes, intempestivos e inócuos pedidos de adiamento do leilão insistiam
em privilegiar a discussão do acessório, para exigir novas audiências públicas
ou condenar a cobrança de pedágio. São manobras meramente protelatórias,
conduzidas por quem sabe que, como adverte o senador Confúcio Moura, qualquer
adiamento pode mandar o projeto para as calendas. O leilão da BR-364 - convém
lembrar – é o primeiro de uma fila de 14 outros, em estados política e
economicamente muito mais poderosos que Rondônia.
Ademais,
a BR-364 está longe de ser economicamente atrativa, conforme lembrou, num rasgo
de sincericídio, o engenheiro Lúcio Mosquini, por enquanto deputado do MDB. Se
o negócio, afinal, fosse assim tão bom, porque apenas um grupo se apresentou
para o leilão? Acontece que o mais significativo volume de veículos que usa a
rodovia é composto por carga pesada, geralmente superior à cota máxima
permitida. Isso amplifica sobremaneira os custos de manutenção de uma rodovia
projetada para o século passado.
E
ninguém falou sobre a trafegabilidade da rodovia, que há muito já atingiu a
exaustão, com tendência a piorar. Pelas contas do Ministério dos Transportes,
perto de 12 milhões de toneladas de carga trafegaram por ela em 2024. Para este
ano, a se confirmarem as projeções do agronegócio, a produção deverá crescer
perto de 10%. Isso vai elevar para 13,2 milhões de toneladas o
volume transportado pela rodovia. Isso é carga para 231,58 mil caminhões tipo
bitrem, cada um com 57 toneladas de grãos.
O
tamanho desse hipotético comboio pode ser calculado multiplicando por 30m –
comprimento máximo de um bitrem – o total de veículos. O resultado é uma fila
de 6.947,4 quilômetros, um colado no outro, mais de dez vezes o trecho de 687,7
quilômetros leiloado. Imagine o tamanho do risco a que se submete você, usuário
da BR.
O
projeto de concessão da chamada “Rota Agro Norte” prevê contrato de 30 anos,
com investimentos de R$ 6,53 bilhões em obras estruturantes, além de outros R$
3,9 bilhões em manutenção, ultrapassando R$ 10,4 bilhões. O projeto inclui a
duplicação de 114 km da estrada, mais 200 km de faixas adicionais (terceira
pista), 20 passarelas de pedestres e 19 km de vias marginais. Além de pesados
investimentos em correção de pontos críticos, segurança e apoio ao usuário,
entre outras intervenções.
Disponível
no site da ANTT desde 1º de novembro de 2024, o edital da concessão
estabelece que o vencedor do leilão seria aquele que oferecesse o maior
desconto sobre a tarifa básica de pedágio. Isso ficou obviamente
prejudicado com a apresentação de um só candidato. Mas o modelo, segundo o
órgão, mantém o padrão já adotado com sucesso em outras rodovias já
privatizadas no país, assim como nas 14 outras concessões rodoviárias que o
governo federal pretende realizar neste ano.
De
qualquer forma, imagino que uma negociação bem conduzida possa resultar em
alterações no cronograma de obras estabelecido no projeto original da ANTT, já
que a disponibilidade de recursos já está prevista no BNDES. Desde, claro, que
faça algum sentido, como antecipar a conclusão das obras do arco norte, para
retirar o tráfego pesado do centro urbano da capital, projetadas para conclusão
até o sexto ano do contrato. Contudo, a relação custo-benefício da concessão é
amplamente favorável ao usuário, ainda que mantido o preço inicial do pedágio.
É fundamental considerar que entram na conta a economia de combustível, o custo
da manutenção do veículo, menor desgaste de pneus e suspensão, a redução do
tempo de viagem e mais segurança para motoristas, cargas e usuários de forma
geral, com redução no número de acidentes e roubo de cargas. Quem conhece a
realidade das rodovias privatizadas no país pode atestar que o pedágio acaba
não impactando o custo da viagem ou do frete.
O
estado também ganha com a geração de mais de 90 mil empregos diretos e
indiretos ao longo da rodovia durante a execução. Além disso, a empresa
responsável terá de executar obras significativas, incluindo a duplicação de
107,57 quilômetros, a construção de 190,59 quilômetros de faixas adicionais,
modernização de pontos críticos e implantação de 34,45 quilômetros de novos
acessos.
E
mais: os recursos hoje destinados à manutenção da rodovia pelo Ministério dos
Transportes poderão ser aplicados nas demais vias federais de Rondônia. Por
outro lado, sem investimentos pesados em obras estruturantes da BR-364, o
estado corre o risco de perder a carga de grãos do Mato Grosso, que pode ser
direcionada para a BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Segundo a Antac, o
transporte de grãos corresponde a 84,7% da carga transportada pela hidrovia do
Madeira, 70,9% de soja e 13,8% de milho. Sem isso, obviamente, estará
economicamente inviabilizado o empreendimento.
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