Segunda-feira, 12 de outubro de 2009 - 07h40
A Amazônia também teve voz na 3ª Semana Brasileira de Catequese (SBC). O bispo emérito de Ji-Paraná e vice-presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, dom Antônio Possamai, apresentou aos participantes do evento os projetos da Comissão para a Amazônia, da CNBB no final da tarde deste sábado, 10, em Itaici (SP).
O bispo falou especialmente da Semana Missionária para a Igreja Católica na Amazônia, que será realizada em todo o país de 25 a 31 de outubro.
“Esta Semana poderá ser tempo privilegiado para vermos a parte de responsabilidade que nos cabe. Tenho a convicção de que não estamos acertando no processo de educação da fé. Continuamos teimando em “preparar” para receber tal sacramento e não formamos para terem um coração ardendo a ponto de partirem imediatamente, mesmo sendo noite, para partilhar com os outros a alegria da experiência do encontro com Jesus ressuscitado”, disse dom Possamai.
Vivendo há mais de 30 anos na Amazônia, dom Possamai trouxe a realidade da região que abrange 59% do território nacional, com 23 milhões de habitantes, entre os quais, 208 mil indígenas, o que equivale a 60% dos indígenas brasileiros.
Interrompido várias vezes pelos aplausos da assembleia, dom Possamai disse que a Amazônia sempre foi desconhecida, mas muito cobiçada atraindo “centenas de milhares de migrantes” do sul e do sudeste do Brasil. Segundo o bispo, as dioceses destas duas regiões não enviaram missionários para acompanhar seu povo que migrava para o norte.
“As dioceses do sul e sudeste que viram seu povo migrar não perceberam a necessidade de acompanhar este povo com missionários, contrariamente ao que fizeram as outras igrejas, as impropriamente chamadas evangélicas. O resultado da migração foi o surgimento de novas áreas de povoamento que necessitam de assistência religiosa”, disse o bispo.
Segundo o vice-presidente da Comissão para a Amazônia, as duas maiores dificuldades da Igreja na Amazônia são a falta de recursos humanos e econômicos. Para responder a estes dois desafios é que se criou a Semana Missionária que será realizada pela primeira vez este ano. Durante a Semana, porém, não haverá coleta para a Amazônia. Quem desejar deverá fazer oferta espontaneamente.
Evangelização
Dom Possamai acredita que a educação da fé, tema da 3a. SBC, precisa de uma “reviravolta” e lembrou que muitas comunidades da Amazônia estão “secularmente” privadas da mesa da Palavra e da mesa da Eucaristia. A causa pode ser, segundo o bispo, “devido a uma Igreja instalada na comodidade, estancada em exigências legais e indiferente perante os gritos dos pobres, comportamento este que a impede de inaugurar um processo parecido com o seguido por Jesus no caminho de Emaús”.
“Continuamos sendo uma Igreja mais inclinada a apelar para fidelidade a leis, a tradições, à disciplina; uma Igreja fechada sobre si mesma, alheia às necessidades de outras. São leis com tonalidade farisaica pois excluem numerosos, privilegiam o sábado e colocam em segundo plano o povo carente dos alimentos substanciais para viver: a Palavra e a Eucaristia”, acrescentou dom Possamai.
Fonte: CNBB
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