Sexta-feira, 10 de janeiro de 2020 - 18h42
Em
mais uma rodada de negociação, intermediada pelos deputados estaduais, Governo
e servidores da saúde buscaram um acordo, no final da manhã desta sexta-feira
(10). A categoria pede a correção das perdas salariais da ordem de 32% e a
implantação efetiva do Plano de Cargos Carreira e Salários (PCCR), além da
revisão de auxílios como a insalubridade, alimentação e saúde.
O
auditório da Assembleia Legislativa ficou lotado de servidores, que cobram
melhorias salariais e de condições de trabalho. Os deputados Dr. Neidson (PMN),
Jair Montes (Avante), Eyder Brasil (PSL) e Chiquinho da Emater estiveram
presentes à discussão, além do deputado federal Mauro Nazif (PSB).
O
secretário estadual de Saúde (Sesau), Fernando Máximo, o secretário de Finanças
(Sefin), Luiz Fernando, o chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, e o secretário
adjunto de Planejamento e Orçamento (Sepog), Jailson Viana, apresentaram a
contraproposta à classe, que se resumiu inicialmente a um aumento de R$ 100 no
auxílio alimentação e a promessa de elaboração de estudo, por uma empresa
contratada pelo Governo, para permitir uma readequação do PCCR da categoria,
num prazo de seis meses.
"Chegando
o Projeto de Lei do PCCR aqui na Casa, se for de acordo com os servidores,
votamos com celeridade, sem nenhum problema. Os deputados estão colaborando com
um entendimento e vamos trabalhar nesse sentido", disse Dr. Neidson.
"Estou
aqui na reunião e quero afirmar que nunca votei contra servidor e não voto. O
Governo vai fazer sua contraproposta e os servidores ficam livres para definir
uma posição", assegurou Jair Montes.
O
deputado disse também que "há uma possibilidade de se chegar aos R$ 258 de
auxílio alimentação, como querem os servidores, enquanto se constrói esse
plano, por seis meses? Se o Governo acatar a proposta dos servidores, vejo como
uma saída para o impasse, por enquanto".
Chiquinho
reforçou essa proposta do deputado Jair Montes. "O deputado foi muito
feliz e cabe aos sindicatos, aos servidores, acatarem essa proposta, caso o
Governo a aceite também. Afinal, o grande pedido da categoria é a revisão do
PCCR".
O
Governo informou, preliminarmente, que não poderia dar uma resposta com esse
valor, sem antes fazer os estudos necessários, mantendo a proposta de aumento
de R$ 100 no auxílio e o estudo do PCCR, em seis meses. Mas, após mais
discussões, os secretários da Sefin e da Sesau, anunciaram que iriam ceder e
conceder esse aumento de R$ 158,00 no auxílio alimentação, que passa dos atuais
R$ 100,00 para R$ 258,00 para toda a categoria, a partir de fevereiro.
Mauro
Nazif disse que, "investir em servidor público dá retorno. O Governo
discute mais os impactos do que se preocupa em oferecer melhores condições aos
servidores. Ao meu ver, está errado. O orçamento do Estado é de mais de R$ 8
bilhões ao ano e oferecer R$ 100 de aumento no auxílio alimentação é muito pouco.
Aperta que sai leite daí!"
O
deputado federal cobrou mais respeito à categoria, que ficou quase duas horas
esperando. "Se já estava pronta essa contraproposta, deveriam ter chegado
no horário e apresentado. Esse impacto, aumentando em R$ 100 o auxílio
alimentação, representa 0,17% do orçamento anual. É muito pouco impacto".
Governo
Luiz
Fernando disse que o Governo fez a sua avaliação de impactos da proposta
apresentada pela categoria. "A gente sabe que o que é pedido é para repor
o que foi perdido ao longo dos anos. Fizemos um impacto estimado de R$ 255
milhões ao ano, acrescido na folha de pagamento da saúde, caso fosse acatada a
tabela, conforme proposta pela categoria. Isso não seria possível de ser
atendido pelo Estado, pois representaria quase uma folha a mais".
Segundo
ele, "avaliamos um número que coubesse no nosso orçamento. Também
estudamos realocações de servidores em conjunto com esses estudos financeiros.
O caminho mais adequado é esse: levar em contar essa realocação, mas precisa ser
feito com mais profundidade. E queremos contratar uma empresa para que faça
esse projeto, levando em conta a nossa realidade".
Ainda
de acordo com Luiz Fernando, uma empresa apresentou uma proposta de fazer esse
estudo em seis meses. "A gente entende que a demanda, a necessidade é de
uma urgência maior, mas não podemos tomar uma decisão que possa inviabilizar
financeiramente o Estado. É uma decisão importante, que precisa ser bem
trabalhada", completou, arrancando reclamações dos servidores presentes.
O
chefe da Casa Civil pontuou que a categoria está há dez anos sem reajuste e não
se discute o mérito da categoria. "O PCCR é a maior busca da classe. O
Governo não pode tomar medidas sem ter bases. O Estado vai fazer o PCCR, mas é
preciso ter cautela. Em nenhum momento estamos fechando as portas. E estamos
agindo de forma transparente. A nossa proposta é: que a empresa faça os estudos
e que possamos ter mais um crédito de confiança da categoria, que vai ganhar um
novo PCCR e de maneira muito mais justa e com segurança de que iremos
cumprir".
Junior
Gonçalves reforçou que "se aceitarem essa proposta, em seis meses
estaremos com algo concreto, dentro das possibilidades do Estado, para
apresentar à categoria. O Tribunal de Contas do Estado procedeu dessa forma:
contratou uma empresa para fazer um estudo, que permitiu fazer a adequação no
PCCR dos seus servidores. E vamos seguir esse modelo, pois temos também
necessidade de uma solução de forma mais ágil possível".
Fernando
Máximo abriu a sua fala dizendo que tem brigado junto às demais secretarias,
pela valorização de toda a categoria da saúde. "Eu sou médico do quadro da
Sesau. São dez anos sem aumento de salários. Auxílio saúde é uma vergonha. Mas,
a proposta dos sindicatos levaria ao aumento das despesas com pessoal na saúde
da ordem de R$ 255 milhões ao ano, o que inviabilizaria o Governo".
Ainda
segundo o secretário da Sesau, "vamos definir esse estudo pela empresa,
acompanhado pelos sindicatos, pelos deputados e pelo Governo, para que possamos
fazer uma correção do PCCR para toda a categoria. Sobre o auxílio alimentação,
que é muito baixo, se for feito um aumento de R$ 100, daria um impacto de R$ 12
milhões. Conseguimos esse reajuste, não é a melhor coisa do mundo, não resolve,
mas é o que podemos oferecer, dadas as atuais circunstâncias".
Ao
retomar a palavra, Junior Gonçalves disse que a perspectiva de greve prejudica
a elaboração dos estudos, uma vez que isso geraria impactos financeiros,
inclusive.
Servidores
Jeová
Gomes, do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), disse que "essa
contraproposta do Governo é vergonhosa. atribuir o valor do salário de médicos,
de R$ 52 mil, para os na última classe, não se sustenta como justificativa. Me
desculpem, mas R$ 100 de aumento no auxílio alimentação é vergonhoso. Queremos
discutir algo concreto hoje. Ou discutimos realinhamento no nosso PCCR ou
discutimos a deflagração de greve".
O
sindicalista apresentou alguns números e pontuou que se houvesse a redução nos
plantões especiais, poderia ser revertido nos salários dos trabalhadores.
"Seria importante a incorporação de gratificações ao salário para a
categoria. Os servidores estão dobrando seus plantões, para receberem muito
pouco. Também pleiteamos o auxílio saúde para R$ 400. Outro ponto é o aumento
da insalubridade. Queremos hoje, algo real no salário dos nossos
servidores", observou.
Os
sindicalistas cobraram garantias, compensações, enquanto aguardam a realização
dos estudos do PCCR. "O que estamos reivindicando é o que pedimos em julho
passado. Queremos alguma coisa, enquanto esperamos a conclusão desse estudo do
PCCR. Oferecer apenas R$ 100 de aumento no auxílio alimentação, é muito pouco
para a categoria esperar seis meses", disse Célia Campos, presidente do
Sindsaúde.
Raimundo
Nonato, do Conselho Estadual de Saúde, afirmou que "ouvi atentamente as
falas dos membros do Executivo. Cadê a proposta por escrito do Governo? Qual é
a receita do Estado, que dizem que está no azul? Cadê as informações sobre o
que tem sido economizado com a transposição dos servidores? Sem essas
informações, não vamos avançar".
Charles
Alves, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, pediu mais zelo e consideração
aos servidores. "Sequer temos uma proposta por escrito do Governo. O que
nos garante que esse plano, após esses estudos, vá nos agradar? O que nos
garante que ele vai sair do papel? Depois de toda a expectativa, chegarmos aqui
e recebermos uma contraproposta dessas, é frustrante".
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