Quarta-feira, 27 de agosto de 2008 - 07h07
BRASÍLIA – Às vésperas de embarcar para Vitória da Conquista (BA), onde participará do 1º Seminário Nacional Sobre Manipueira, de dois a quatro de setembro próximo, o deputado Fernando Melo (PT-AC) se reuniu com a direção da Fundação Banco do Brasil e recebeu proposta de apoio ao resgate da cultura da mandioca no Vale do Purus. O seminário vai debater tecnologias socioambientais para aproveitamento agropecuário e tratamento do resíduo líquido da mandioca – a manipueira. O desperdício de resíduos de amido que pode alimentar animais, especialmente gado de corte e leiteiro, está na ordem do dia nesse encontro do qual participarão técnicos, diretores da Fundação Banco do Brasil (BB), políticos e agricultores do Sudoeste Baiano.
O seminário é promovido pela Fundação BB, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Coopasub), Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e Prefeitura de Vitória da Conquista.
Acompanhado do pesquisador da Embrapa Mandiocultura e Fruticultura Tropical, Joselito da Silva Motta, o deputado reuniu-se na sede do Banco do Brasil, em Brasília, com o gerente de Desenvolvimento Sustentável, Paulo Odair Pointevin Frazão. Relatou-lhe o diagnóstico dando conta que existem pelo menos 260 mil consumidores de bijus coloridos e suco de mandioca no Estado. Desse total, 12 mil são crianças.
Esse cálculo anunciado pelo deputado baseou-se em consultas a secretários municipais de saúde e de educação. "O encontro foi muito positivo, porque, além de estimular a agricultura familiar, Paulo Frazão já trabalhou no Acre, onde foi superintendente do banco", comentou Melo.
Ao ser informado da possibilidade de o Governo do Acre, apoiado por pesquisadores da Embrapa-AC, da Embrapa Mandiocultura, da Embrapa Cerrados e da Embrapa Biotecnologia, incentivar a expansão da lavoura de mandioca nos municípios da região do Purus, Frazão explicou o atual trabalho de sua gerência no estado. "O Plano de Negócios do Acre foi inicialmente montado a partir das casas de farinha. São cem ao todo e, na primeira etapa, 30 foram contempladas", disse.
Frazão conheceu e provou os bijus coloridos levados à sua sala pelo pesquisador Joselito Motta e pelo deputado Fernando Melo. Animado, recomendou um estudo que permita a visão da cadeia de valores. Admitiu a possibilidade de alterar o perfil dos negócios no estado. "O Acre pode agregar a piscicultura ao negócio da mandioca, como alternativa para ração. Qual a melhor tecnologia a ser usada?", sugeriu e questionou. Frazão vê chances de se agregar tecnologia ao setor mandioqueiro com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia.
No Rio Grande do Norte, a fundação investiu R$ 492 milhões em dez associações de produtores de mamão e banana irrigados com água de açudes de tilápias. Ali, o couro de peixe será figorificado. Em Maxaranguape, Taipu, Pureza e Touros não há rios, só poços. Parcerias da fundação com a Universidade Federal do RN, Secretaria da Agricultura, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, Ibama, Incra e 7º BEC estão mudando o cenário.
Junto com Frazão participaram da reunião com Melo o gerente da Diretoria de menor Receita, Éder Marcelo de Melo, o secretário-executivo da Fundação BB, Raimundo Nonato da Silva, e o assessor da Gerência de Desenvolvimento Sustentável, Marney Silva Pimentel.
Deputado lembra negócio falido
de US$ 350 mil em Sena Madureira
BRASÍLIA – Fernando Melo destacou a possibilidade de apoiar a Embrapa no Orçamento Geral da União, destinando-lhe emenda com valor suficiente para financiar a construção do Centro de Tecnologia da Mandioca em Sena Madureira. Para expandir as lavouras naquele município ele já indicou recursos de R$ 400 mil.
Ele disse a Paulo Frazão que três empresários se dispõem a utilizar a mandioca acreana para a produção de álcool etanol, farinha de fécula e para a produção de fertilizantes a custos baixos. Melo vê a manipueira em pó como a principal alternativa para fazer frente ao alto custo dos fertilizantes que encarecem o plantio em todo o País.
Lembrou ainda a Paulo Frazão que há dez anos, por não ter conseguido sensibilizar os agricultores do seu município, um empresário de Sena Madureira amargou prejuízos de US$ 350 mil investidos numa planta industrial para mandioca. Faltou matéria-prima.
O exemplo desse fracasso acreano levou o gerente de Trabalho e Renda da Fundação Banco do Brasil, Amarildo Carvalho, a explicar o mecanismo de atuação do banco: "Trabalhamos hoje com sentimentos e expectativas. Vai dar certo? Perguntamos sempre. Daí o treinamento com a aplicação de ações transversais, aquelas que promovem estudos das cadeias produtivas com foco na agricultura familiar e dentro dos chamados territórios da cidadania". A fundação criou a figura dos agentes de desenvolvimento rural, que vêem, sentem e orientam os produtores. São os extensionistas de antigamente, agora com o respaldo do crédito financeiro.
Sudoeste Baiano é o mais novo
"campo de provas" da Fundação BB
BRASÍLIA – A região que o deputado vai visitar no início de setembro é um dos atuais redutos dos investimentos da Fundação BB. "Os estudos nos indeicaram regiões de índice de desenvolvimento humano baixos e em Vitória da Conquista (a 509 quilômetros de Salvador) começou a dar certo a reconstrução e reformas das casas de farinha", disse Carvalho.
Para os técnicos e gerentes da fundação, a cidade baiana é atualmente um "campo de provas" para o Banco do Brasil. "As reformas são feitas em parceria com assistência técnica da Copasub e tecnologia da UESB", disse Carvalho.
Para atuar na Bahia, a fundação acompanhou a Embrapa nos plantios de novas variedades de mandioca adpatadas ao Cerrado e ao Sertão. "Em Cristalina e Planaltina se plantava a torto e a direito. Isso foi contornado com a intervenção da pesquisa participativa", informou a Melo. (M.C.)
Fonte: Montezuma Cruz
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