Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008 - 13h38
Sem atendimento em postos de saúde, população da capital superlota João Paulo II
A falta de atendimento básico dos Postos de Saúde e das Policlínicas da prefeitura de Porto Velho está superlotando o Hospital e Pronto-Socorro Estadual João Paulo II (JPII). Na maioria dos casos, a população evita os serviços municipais e para ser atendida, segue diretamente para o João Paulo II. Os números são impressionantes, em 2007, a unidade do Estado atendeu 29.931 pessoas somente com procedimentos ambulatoriais. O volume representa 49,5% do atendimento geral do pronto-socorro que, no mesmo período, recebeu 60.422 pessoas.
O serviço ambulatorial é considerado de baixa complexidade e deve, por determinação do Ministério da Saúde (MS), ser oferecido pelas prefeituras. “Nossa unidade está, a cada dia, recebendo mais pessoas da Capital que buscam atendimentos básicos, a impressão é que os postos de saúde não suportam a demanda. Já tentei falar com o secretário municipal de saúde, telefonei algumas vezes, mas não fui atendido. Minha intenção era convidá-lo para visitar o JPII e sentir de perto o problema e dessa maneira tentarmos, em conjunto, minimizar a situação”, afirmou Rony Peterson, diretor geral do JPII.
A situação da dona Maria Luzanira dos Santos, de 91 anos, moradora do Bairro Esperança da Comunidade, é um exemplo da falta de atendimento ambulatorial nos postos de saúde da Capital. “Estou com uma gripe muito forte, com medo de uma pneumonia, então vim direto para o João Paulo. No meu bairro tem o posto de saúde Ernandes Índio, mas da outra vez que tive o mesmo problema, fui até lá, e não fizeram a radiografia e me encaminharam para cá. Graças a Deus aqui eu sei que serei atendida”.
Problemas considerados simples - O caso da estudante Flávia Roberta, de 14 anos, também mostra que até problemas considerados simples são realizados pelo JPII. Ela teve uma crise asmática e procurou o hospital para fazer uma nebulização. “Sei que a nebulização deveria ser feita em um posto de saúde. Em outras crises respiratórias da minha filha procurei a policlínica Ana Adelaide, mas não fomos atendidos. A única coisa feita foi o encaminhamento para o João Paulo II. Então desta vez, viemos direto para o pronto-socorro. Aqui, minha filha vai ser atendida”, explicou Ademir Nunes de Freitas, pai da estudante.
A filha da dona Ivanete Lima da Silva também deveria ser atendida pelos serviços em saúde da prefeitura. “Minha filha passou mal essa noite, ela está sentindo tonturas e enjôo, fomos até posto Manoel de Matos, no bairro Cidade do Lobo, mas foi perda de tempo, pois eles encaminharam a menina para o João Paulo. Eu não entendi, pois a minha filha precisa de uma consulta médica e não de um atendimento de emergência. Mas ainda bem que viemos, porque aqui ela será consultada”.
Municípios preocupados com a falta de atendimento de Porto Velho - A falta de atendimento básico de saúde, por parte da prefeitura de Porto Velho, também preocupa a Associação Rondoniense de Municípios (Aron). Para a Aron, o problema está na diferença entre o número de habitantes e os recursos gastos. “No interior do Estado moram mais de 1,1 milhão de pessoas e em Porto Velho aproximadamente 400 mil. Apesar do repasse federal ser feito, de maneira per capita, o investimento oriundo do Estado acaba sendo aplicado de forma desproporcional. Precisamos ainda desmistificar que os hospitais da Capital sempre estão lotados por conta de pacientes vindos do interior”, afirmou José Bianco, presidente da Aron e prefeito de Ji-Paraná.
Fonte: A/I SESAU
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