Maringá oferece exemplo de participação da sociedade civil em projetos de melhoria da cidade

 
O primeiro Conselho de Segurança do país, existente há mais de 20 anos, e o Observatório Social, são duas ferramentas apropriadas pela sociedade civil de Maringá, terceira maior cidade do Paraná que oferece qualidade de vida invejável a mais de 400 mil habitantes. 

Essas duas experiências e a participação voluntária de cidadãos com formação diversa nos destinos da cidade foram alguns dos pontos destacados pelo engenheiro civil José Carlos Valêncio, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), na palestra A Sociedade Civil Organizada e o Planejamento de Uma Cidade, no auditório da Faculdade Porto FGV na noite de quarta-feira, 14, com presença do vice-governador Daniel Pereira.

Há 13 anos, segundo José Carlos Valêncio, o Conselho de Segurança funciona na Acim e, contando com voluntários e 56 núcleos setoriais que comparecem com recursos e contribuição técnica profissional contribuem para solucionar problemas na área de segurança, como por exemplo, citou, a recuperação de um presídio danificado por rebelião.  “Não dá para esperar o governo federal mandar alguém até lá para verificar o estrago, quantificar  o que é necessário. O Conselho atua”, diz.

O trabalho da Acim é referencia no Paraná e até mesmo no Brasil. Com orçamento de R$ 12 milhões por ano, sem nenhum dinheiro público, o caixa é alimentado por mensalidades dos associados (27%) e serviços que presta à sociedade (73%). Nos dois últimos anos, segundo o presidente, durante período da crise econômica, houve um recorde de investimento em capacitação. “Quando a crise acaba, ficamos um pouco melhor”, disse, mencionando que a entidade tem uma consolidada cultura educacional e associativista e jovens empresários cada vez mais se interessam em dela participar.

Promovido pela Federação das Associações Comerciais de Rondônia (Facer) e parceiros, o evento com o presidente da Acim ocorrerá também em Cacoal, nesta quinta-feira, 15 e sexta-feira, 16, em Vilhena.

No tempo recorde de 40 dias, com doação de hotéis, taxistas, empresários e donos de restaurante, a Acim conseguiu levantar R$ 1,5 milhões para que uma consultoria internacional elaborasse durante seis meses um estudo visando planejamento de Maringá para 2047. Cidade planejada, Maringá conta com moradores que se envolvem nas ações de médio e longo prazo, compreendem, segundo Valêncio, o valor do planejamento para sua qualidade de vida.

“A Facer e seus parceiros estão empenhados em convencer, comover as pessoas da importância de participarem do processo de desenvolvimento de nossas cidades. Precisamos sair da zona de conforto e participar das ações de desenvolvimento. A Acim tem uma expertise  enorme em estratégias e planos de ação voltados ao desenvolvimento local,  sempre trabalhando em parceria com o setor público. A entidade foi e é de grande importância para a grandeza de Maringá,” declarou o presidente da Facer Gerçon Zanato.

O vice-governador Daniel Pereira disse que a palestra de Valêncio contribui para que as cidades se organizem e pensem que não há soluções iguais para problemas diferentes, e devem buscar participação dos moradores. “O  Observatório é ferramenta fantástica, e sabemos que nem todas as autoridades gostam de ser fiscalizadas, mas tem que ser porque os recursos públicos são da sociedade,” diz.

“Parabenizo a iniciativa da Facer porque traz para Rondônia um dos melhores modelos de organização da sociedade civil. O Paraná produz esse milagre fantástico que é Maringá, 80 quilômetros depois temos Campo Mourão, e 160 quilômetros após Cascavel, reunindo as três maiores cooperativas do país.  E Rondônia segue nesse trilho talvez pelo fato de ter tantos paranaenses por aqui. Neste ano estamos formando uma turma de  mais de 2 mil técnicos em cooperativismo, e trabalhamos para seguir o caminho de brasis com participação e organização das pessoas e um deles é o Paraná,” declarou.

O Observatório  Social de Maringá atua preventivamente na tarefa de fiscalizar editais de compras públicas. Seu trabalho possibilitou a economia de milhões de reais em recursos do município. A ferramenta ganhou o Prêmio Innovare, e serviu de inspiração para muitas cidades do país, já existindo 110 modelos no Brasil com a logo do projeto criado na cidade paranaense.   

Fonte: Mara Paraguassu