Segunda-feira, 15 de agosto de 2016 - 16h12
O prédio da 2ª Delegacia de Polícia, localizado no bairro Costa e Silva, em Porto Velho, será reformado para acomodar toda estrutura do Serviço de Assistência Multidisciplinar Domiciliar (Samd), criado pelo governo estadual com a proposta de abrir vagas para casos mais graves nos leitos hospitalares.
“A qualidade dos nossos serviços será a mesma”, disse a coordenadora Sâmia Rocha, ressaltando que a proximidade com o complexo hospitalar, que inclui o Hospital de Base, é outro benefício que virá com a mudança.
A médica Elza Gabriela de Barros Pereira, uma rondoniense que se dedica ao atendimento familiar e comunitário, disse que é impossível não se envolver com a realidade das famílias. “Muitas vezes nossa assistência significa acreditar no paciente quando ninguém mais acredita”, afirmou.
Para atender à clientela que, nessa quinta-feira (11) era composta por 265 pacientes, o Samd necessita de mais espaço. Atualmente funciona em uma sala da Assistência Médica Intensiva (AMI, na zona Sul da cidade, que tem leitos de UTI para os doentes do Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II.
Sâmia Rocha explicou que engenheiros e arquitetos farão intervenções no prédio da 2ª DP para as adaptações necessárias, que devem incluir espaço para as quatro equipes de profissionais que fazem atendimento, além da que faz a “desospitalização”, que é a avaliação de quem deve ter alta nas unidades para receber cuidados hospitalares em suas casas.
Na nova casa, o Samd vai ganhar almoxarifado, farmácia e refeitório para as equipes, que totalizam 65 funcionários, e se revezam em jornadas que vão das 7h às 13h e das 13h às 19h. “Precisamos de um lugar mais amplo”, justificou Sâmia Rocha.
A outra vantagem que a nova sede oferecerá ao Samd é a localização centralizada, que facilitará o acesso às unidades de saúde. O Hospital de Base e a Policlínica Oswaldo Cruz estarão mais próximos, e o deslocamento ficará mais ágil para as residências dos pacientes.
Por sua relevância, o serviço recebe toda atenção da Secretaria de Estado da Saúde; e o governo Confúcio Moura costuma fazer referências elogiosos ao trabalho, que é um dos mais elogiados pela população.
MULTIDISCIPLINAR
Os veículos com as equipes chegam a percorrer, por dia, 500 quilômetros no atendimento que precisa chegar a lugares inóspitos e, algumas vezes, hostis. Num dos domicílios visitados regularmente funcionou um ponto de venda de drogas e quase toda a família acabou presa. Restaram um paciente, menor de idade, e suas irmãs, também menores. Nestes casos, o serviço multidisciplinar torna-se ainda mais importante.
Elza Gabriela trabalha com profissionais de áreas, como assistência social, fisioterapia, nutrição e fonoaudiologia, entre outras. “
e também leva em consideração que o ambiente familiar oferece amor e carinho, difíceis de existir num hospital”, resumiu a médica.
A convivência com a realidade social dos pacientes fez Elza Gabriela reavaliar valores da sociedade e a questionar o que é, na verdade, o sofrimento. “Às vezes o paciente não atinge a meta glicêmica por fatores relacionados à sua situação econômica. Às vezes, cai no chão porque o piso da casa não é adequado. Não há como não se envolver diante de um quadro assim”, detalhou a profissional.
Vivenciar a empatia com membros da família atendida é fato comum entre os membros da equipe. Crianças e idosos, principalmente, se identificam com a forma carinhosa com que o doente é atendido e a afeição flui.
Um dos casos emblemáticos da troca de carinho com os profissionais é o de Regina Helena Ribeiro, mãe de Marcelo, 38 anos. Ela cuida com zelo desde que ele se acidentou, há três anos, e perdeu a mobilidade.
Regina largou o emprego de doméstica para dedicar-se ao filho, e acolhe com sorriso largo a equipe de profissionais do Samd. “Eles são ótimos. Não sei o que faria sem esta companhia. Quando surge algum imprevisto, telefono e eles vêm aqui, orientam. São excelentes”, elogia.
Os pacientes do Samd, quando recebem alta, são encaminhados para os cuidados das unidades de serviço básico do município. Mas, alguns preferem o carinho da equipe multidisciplinar, e os psicólogos explicam que vão atender a outras pessoas. “São poucas, mas ocorrem, as situações em que o paciente não tem o tratamento adequado após a alta do Samd e retorna com os mesmos problemas”, disse Sâmia.
Fonte
Texto: Nonato Cruz
Fotos: Admilson Knightz
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