Terça-feira, 6 de março de 2007 - 21h01
Psicóloga faz alerta sobre a violência contra a mulher
Dados estatísticos comprovam que entre 20 e 25 por cento das mulheres
sofrem, durante a vida, pelo menos um tipo de agressão física infligida
pelo parceiro. O alerta é da psicóloga Betânia Cristina. Segundo ela,
anualmente, entre 3 e 4 milhões de mulheres são agredidas em suas casas
por pessoas de sua convivência íntima e que a cada 15 segundos uma mulher
é agredida no Brasil e um terço das internações em unidades de urgência no
Brasil é conseqüência da violência doméstica, sendo que a cada cinco
faltas de mulheres ao trabalho uma é causada pela violência doméstica.
"Não se pode esquecer que, além desses já informados, outros grandes
desafios permanecem na pauta do feminismo, e que pelo menos dois deles são
consideravelmente importantes de serem reavivados", acentuou.
Betânia Cristina destacou a garantia de acesso ao poder político. Segundo
ela, apesar da conquista das cotas proporcionais, as mulheres ainda são
minoria na direção política do Brasil. A psicóloga observa que mesmo em um
país democrático, as mulheres ainda não tiveram a oportunidade de mostrar
que são capazes de governar uma cidade, um estado, e o país. Outro
desafio, na opinião de Betânia Cristina, diz respeito ao crescimento do
pensamento religioso conservador, tendo grande influência nos diferentes
espaços da sociedade, reforçando discursos e práticas de controle do poder
religioso. "Essa forma reacionária de pensar tem dominado, nas últimas
décadas, grande parte, se não a maioria das religiões", salientou.
Esse fato, conforme entendimento da psicóloga, tem significado retrocesso
significativo, especialmente no campo da moral sexual, ameaçando
conquistas fundamentais na área da saúde e da efetivação dos direitos à
cidadania das mulheres. "Poderíamos perguntar sobre as áreas do saber que
incorporam o pensamento construído pelas teorias feministas. Até porque
essa área do saber acadêmico já forma uma biblioteca inteira e não se
restringe apenas às mulheres", disse. Para Betânia Cristina, assegurar que
os direitos sejam garantidos a ambos os sexos ainda representa um grande
desafio, assim como assegurar que os direitos específicos sejam tratados
com igual seriedade que os direitos humanos em geral e pressionar pela
criação de novos instrumentos para a garantia dos direitos ainda não
cobertos por convenção.
Conforme avaliação da psicóloga, os estereótipos de gênero cultivados por
uma sociedade levam às desigualdades nas relações de poder entre homens e
mulheres e essas desigualdades constituem um terreno fértil para o
surgimento da violência.
"A cada instante constatamos a presença explícita ou subreptícia. Talvez
seja esse nosso desafio maior: Tornar-nos seres humanos 'à part entière',
com dignidade própria e não devida à nossa capacidade de gerar novos seres
humanos", pondera. Betânia destaca que a única maneira de se pensar as
mulheres como seres éticos, capazes de decisão moral, e cidadãs de pleno
direito, é também tratando o processo reprodutivo como algo de caráter
totalmente humano, retirando do âmbito exclusivamente biológico.
"Maternidade humana (desejada, planejada), e não simplesmente, a
maternidade como imposição ou acidente biológico", complementa.
Fonte: Chagas Pereira
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