Quinta-feira, 17 de janeiro de 2019 - 12h20
Até 1957 tinha validade na Alemanha o parágrafo da obediência que dava
aos homens o direito de determinarem sobre a vida comum do matrimónio; isto era regulado pelo código civil entrado em vigor em 1900.
Também, até 1977, as mulheres não podiam
trabalhar sem a aprovação do homem.
Até 1958 o homem tinha o direito de rescindir
o contrato de trabalho de sua esposa sem o seu consentimento e sem aviso prévio.
Quanto ao direito das mulheres poderem votar,
também só tardiamente lhes foi dada igualdade. Antes era a cabeça de casal que
tinha o direito a votar.
O sufrágio feminino foi introduzido pela
primeira vez na Nova Zelândia em 1893.
Finlândia em 1906; Alemanha em 1918; USA em
1920; Turquia em 1930 (Graças a Ataturk), Brasil em 1932, França em 1944; Portugal
1946; India em 1950; Suiça em 1971.
Nas primeiras eleições gerais foram eleitas
para a Assembleia da República na Alemanha 41 mulheres o que correspondia a
9,6% dos 423 deputados.
Em 2017 a percentagem de mulheres no
parlamento desceu para 30,9% no Bundestag, isto é para o nível de 1998.
Como se vê levou tempo até que se passasse da
sociedade agrícola para a sociedade industrial, onde o trabalho determina o
direito.
Apesar de todo o desenvolvimento, a imagem da
mulher ainda continua a ser muito definida pela bunda, perna, coxa e seios;
isto é, apenas como objecto de desejo.
No meio de tudo isto, verifico que a
injustiça, geralmente, caminha à frente da justiça.
A razão da apresentação destes dados vem do
facto de verificar que hoje se usam, muitas vezes no debate público, os
males passados como argumento de justificação dos males presentes. Vejo
muita gente interessada em falar mal da História de Portugal devido à
colonização e em desdizer de Portugal apresentando só os dados negativos do antigo
regime, como se isso, além de ser mau, fosse uma coisa só nossa e sem o
contexto da época. Esta é uma estratégia da esquerda para pôr os
conservadores em situação de fora de jogo!
Outros, porque não acham relevantes os
defeitos dos adversários do presente, gastam o tempo a lavar a roupa suja do
passado alheio, na esperança de que algo da sujidade antiga, suje o rosto do
adversário atual! Este espírito social de lavadouro público já lembra uma praga
social no âmbito da argumentação. E isto num tempo em que teríamos tanta roupa
suja atual para lavar! Seria fraco o nosso presente se para o glorificar
precisássemos de difamar o passado ou só falar dos seus erros.
Do Engano de se aldravar com a Moeda do
Preconceito
As
injustiças que condenamos no passado servem, muitas vezes, de condimento para
adoçar as injustiças do presente, quando os erros do passado são o estrume onde
nascem o trigo e o joio de hoje.
Embora vivamos hoje num mundo diferente, não
é legítimo armarmo-nos em carapaus de corrida modernistas, e abusar de um
espírito crítico de análise com duas medidas. Hoje condenamos, com veemência,
os maus hábitos de ontem, mas achamos política e economicamente o mal que
fazemos hoje, de menos relevância.
Também Pilatos passou a rasteira à multidão
ilibando-se de responsabilidades lavando as mãos sujas com pretextos de
inocência.
O passado instrumentalizado e não
reconhecido, nos seus aspectos positivos e negativos, cria o desgaste
civilizacional em que nos encontramos! É verdade que o passado não se
vende, mas é abusado para um presente que se quer sem raízes nem fundamentos;
por isso é mais considerado como adjectivo do que como substantivo, olhando-se
só para os males dele e assim nos distrairmos dos males do presente.
Hoje somos, geralmente, obedientes ao
pensamento politicamente correcto, com a agravante que, em geral, o somos sem
consciência disso.
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