Quinta-feira, 11 de novembro de 2021 - 13h36
Na
noite de quarta-feira (10), na Assembleia Legislativa, após a sessão ordinária
ser transformada em Comissão Geral, conduzida pelo deputado Dr. Neidson (PMN),
os parlamentares ouviram o secretário de Estado da Saúde, Fernando Máximo,
sobre o projeto “Operação Sorriso”.
A
“Operação Sorriso” é um projeto da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), junto
ao Hospital Santa Marcelina, em Porto Velho, e visa a realização, gratuita, de
55 cirurgias de fissura labiopalatina, também conhecida como lábio leporino e
fenda palatina.
De
acordo com Dr. Neidson, a convocação do secretário se deu em razão da mudança
do local onde seriam realizados os procedimentos cirúrgicos.
“As
cirurgias seriam realizadas entre os dias 4 e 7 de dezembro no Santa Marcelina,
mas infelizmente, o Governo do Estado decidiu que os pacientes deveriam ser
operados no Hospital de Campanha, o Hospital Regina Pacis. No entanto, para que
o Regina Pacis seja habilitado para essas cirurgias seria necessário a inspeção
de um biomédico que viria do México, que integra a Operação Sorriso”, informou Dr.
Neidson.
Segundo
o parlamentar, são vários os profissionais que realizam as cirurgias de lábio
leporino e fenda palatina, porém, em um hospital habilitado para esses
procedimentos.
“E
em Rondônia, o único hospital habilitado para essas intervenções cirúrgicas é o
Hospital Santa Marcelina. Como as cirurgias já estavam agendadas para dezembro,
caso essa mudança ocorra, não haverá tempo hábil para a habilitação do Regina
Pacis”, enfatizou Neidson.
O
deputado explicou que, os médicos do Estado, realizam, em média, de três a
quatro cirurgias de lábio leporino e fenda palatina, por mês.
“Já
a previsão da “Operação Sorriso” eram de 60 cirurgias em duas oportunidades,
dezembro e fevereiro de 2022”, ressaltou Dr. Neidson.
Compondo
a mesa da Comissão Geral, o deputado Adelino Follador (DEM) disse considerar a
situação preocupante e questionou se realmente já é definitiva a mudança das
cirurgias do Hospital Santa Marcelina para o Hospital de Campanha Regina Pacis.
“Sabemos
que são muitos os pacientes que estão aguardando por essas cirurgias, sendo
assim, essa convocação para esclarecimentos da Sesau, que aliás, aconteceu na
nossa última reunião e teve a aprovação de todos os demais deputados, é de
extrema importância para que não venhamos perder a essa oportunidade de oferecer
tantas cirurgias gratuitas conforme prevê a “Operação Sorriso”, disse Follador.
Presente
na reunião da Comissão Geral, a deputada Rosângela Donadon (PDT) parabenizou as
ações do Governo, por parte da Sesau, agradeceu a presença do secretário Fernando
Máximo e demais membros da pasta.
“Em
nome do secretário Fernando Máximo, parabenizo toda a equipe da Sesau, e
aproveito para destacar o importante evento, o “Saúde no Interior”, realizado
no Centro Especializado em Reabilitação (CER), em Vilhena. O mutirão de
consultas e procedimentos, com mais de 10 especialistas, atendeu cerca de mil
pessoas de toda a região. Nosso muito obrigada”, comentou a parlamentar que
também destacou a presença do Dr. Neidson no evento em Vilhena.
O
médico Luíz Eduardo, assessor técnico do secretário Fernando Máximo informou
que há cerca de dois meses, a pasta vem cuidando das questões referentes ao
mutirão das cirurgias de lábio leporino e fenda palatina.
“Esse
mutirão é feito através de uma cooperação técnica entre o Hospital Santa
Marcelina, a ONG Internacional e a Sesau. O fato é que o convênio venceu em
2020, e com isso, tivemos que renovar esse convênio para podermos realizar as
cirurgias. No momento estamos em trâmite de finalização, a parte da Sesau está
toda pronta, assim como a da ONG e estamos aguardando, somente, a documentação
do Santa Marcelina”, iniciou o médico.
Segundo
ele, o Hospital Santa Marcelina, realmente, é o único a estar habilitado para
realizar tais cirurgias. O médico confirmou que médico de vários estados vieram
a Rondônia para fazer todas as vistorias e condições necessárias.
“Precisamos
de alojamentos para aqueles que chegam do interior do estado, as equipes, além
das cirurgias, também fazem o acompanhamento das crianças operadas em etapas,
enfim, falta apenas alguns ajustes técnicos, mas acreditamos ser uma situação
que está praticamente resolvida. A data não será alterada, ainda será do dia 6
ao dia 10 de dezembro e, aproximadamente, serão realizadas 30 cirurgias. E sim,
serão realizadas no Hospital Santa Marcelina, o problema era apenas pequenas
questões burocráticas”, afirmou Luíz Eduardo.
Ainda
de acordo com o médico, após a renovação do convênio, que é celebrado
anualmente, as demais cirurgias, marcadas para fevereiro, também serão
realizadas no Hospital Santa Marcelina.
Demandas na Saúde
O
deputado Dr. Neidson elencou vários procedimentos que, segundo ele, o Estado,
por meio da Sesau, não estaria realizando. O parlamentar questionou sobre os
procedimentos de litotripsia, indicados para pacientes renais, sobre as
consultas de joelhos, aplicações de Lucentis e intravítreas, que se referem a
medicações intraoculares e que evitam hemorragias retinianas, comentou sobre a
escopia do João Paulo II estar com defeito e da demora para a realização de
cirurgias ortopédicas e das cirurgias eletivas em geral.
Após
ser sabatinado, o secretário Fernando Máximo afirmou que as cirurgias eletivas
estão sendo realizadas desde o início do mês de agosto passado, ressaltou que o
número de cirurgias, hoje, é maior do que ao período anterior a pandemia,
porém, confirmou que as filas de espera estão, realmente, bem maiores.
“As
filas já eram grandes antes da pandemia, depois, o Brasil e o mundo,
obviamente, passaram a não realizar as cirurgias eletivas. No entanto,
atualmente estamos fazendo mais do que fazíamos antes, porém em pontos focais,
como por exemplo, em Vilhena, com o projeto “Saúde no Interior”, onde o mutirão
realizou consultas e cirurgias com mais de 10 especialistas”, informou o
secretário.
Diante
da afirmativa do secretário da Sesau, o deputado Luizinho Goebel (PV),
solicitou um relatório com os números exatos de consultas e cirurgias eletivas
realizadas no evento em Vilhena. De imediato, Fernando Máximo solicitou ao
assessor e médico, Luíz Eduardo que repasse os dados solicitados pelo
parlamentar.
Ao
informar que teriam sido realizadas, aproximadamente, cerca de 1.000 consultas,
o assessor foi interrompido pelo deputado Luizinho Goebel que declarou
tratar-se de informações mentirosas.
“O
senhor disse que fizeram 1.000 consultas, mas o senhor está mentindo e sabe
disso. Não é aproximadamente 1.000 e quero a verdade. Aqui o senhor tem fé pública,
aqui o senhor é obrigado a falar a verdade ou o senhor pode responder
criminalmente”, argumentou Luizinho Goebel.
Em
seguida, Luizinho Goebel requereu, oficialmente, informações exatas sobre
quantas cirurgias foram realizadas, quantas consultas especializadas e o custo
gasto “nessa fake da Saúde em Vilhena”.
“Isso
é uma fake da Saúde em Vilhena, até porque, eu pedi ao próprio secretário
Fernando Máximo, que ficassem três dias em Vilhena e ficaram apenas um dia,
porque forma no sábado, começaram a atender depois do evento, quando já se
passavam das 10h00 e no domingo, não ficaram nem até às 12h00. É inaceitável,
tem gente morrendo, tem gente sofrendo, tem choro, desespero, tem clamor e
ranger de dentes. E sendo bem sincero, já me reportei à Casa Civil sobre isso.
Estou há muito tempo na Assembleia Legislativa e a Saúde nunca teve solução,
sempre teve problema, mas posso afirmar, que de todos os tempos, o pior momento
que estamos vivendo na Saúde de Rondônia é esse, e exatamente por conta da
pandemia. Era nesse momento de pandemia que não poderia fazer cirurgia eletiva,
dentre outros procedimentos, que a Sesau precisava ter foco. Mas chegar ao
apagar as luzes do terceiro ano do primeiro mandato do governador Marcos Rocha
e chegar aqui com a justificativa de que não conseguiram contratar serviço. É
inaceitável, eu não tenho mais desculpas para dar para esse povo que está
morrendo”, declarou Luizinho Goebel.
Em
resposta, Fernando Máximo deu continuidade aos esclarecimentos sobre os temas
elencados pelo deputado Dr. Neidson e reafirmou a realização do “Saúde no
Interior”, segundo ele, o primeiro pós-pandemia e com o objetivo de levar
atendimento médico mais próximo das pessoas.
“Tinha-se
a expectativa de realizarmos 1.000 consultas com médicos especialistas, foram
feitas, aproximadamente, 1.400, atendimentos, além das consultas, porém, nesse
primeiro evento, realmente, não se atingiu as 1.000 consultas pretendidas.
Esperamos que na próxima semana, em Rolim de Moura, possamos fazer o
pretendido, afinal, envolve uma questão de logística, transportar médicos
especialistas para o interior, como urologistas, neurologistas,
endocrinologistas, oftalmologistas, ortopedistas, cirurgião geral,
infectologista, pediatra e geriatra. Acreditamos que nesse próximo, já estaremos
mais estruturados e atingirmos a meta de 1.000 consultas com médicos
especialistas, pois, procedimentos, em Vilhena, foram mais de 1.000. E
estaremos andando em outras regiões como Buritis, São Francisco do Guaporé,
Ji-Paraná, Ariquemes, tentando atender essas filas que ficaram muito maiores
agora, pós-pandemia”, esclarece Máximo.
Posteriormente,
Dr. Neidson colocou o requerimento de autoria do deputado Luizinho Goebel em
votação, o qual foi aprovado por todos parlamentares presentes.
O
deputado Chiquinho da Emater (PSB), questionou o secretário da Sesau sobre as
consultas especializadas que estão indo para o interior. O parlamentar
perguntou como ficará a situação dos pacientes que precisarem de um
pós-operatório.
“Vai
para a regulação, para por aí, como fica a situação desses pacientes? Porque
nos preocupamos com aqueles que estão morrendo, estamos sendo cobrado por isso.
Minha sugestão seria fazer um convênio com esses municípios citados pelo
senhor, para agilizarmos, o mais rápido possível, essas pequenas cirurgias. O
fato é que precisamos achar uma solução urgente”, disse Chiquinho da Emater.
Fernando
Máximo afirmou que a exemplo de Vilhena, a maioria foram atendimentos clínicos
e resolvidos na hora, porém, que não é possível fixar os médicos especialistas
no interior, assim como não é possível operar todos, sem remanejamento para
Porto Velho.
“O
que estamos tentando fazer é uma tentativa de minimizar o sofrimento desses
pacientes e diminuir as viagens para a capital. Até porque os médicos estão
indo fazer um extra no interior apenas nos finais de semana, sábados e
domingos, para não prejudicar os atendimentos de Porto Velho”, disse Fernando
Máximo.
Ao
se pronunciar, o deputado Ismael Crispin (PSB) afirmou que, após ouvir tudo o
que foi citado durante os pronunciamentos, ele disse concluir que “o discurso é
o mesmo”.
“Não
muda nada, aliás, assumir, nesse momento, a liderança do Governo tem me custado
muito caro. A comunidade entende que nós temos condições de ajudar a resolver e
eu olho para mim e digo, eu sou um nada, sou um cidadão igual a eles, porque eu
também não consigo resolver. Isso, infelizmente, tem sido um câncer na nossa
vida. E sobre cirurgias eletivas, a rede privada não parou de fazer, o povo que
podia pagou para fazer. E eu disse na época que era descaso da Sesau não fazer
fiscalização, porque se não pode no público não pode no privado. E naquele
momento, parecia ser um complô nosso enquanto Poder Público, de dar
oportunidade da iniciativa privada e nós não fazermos. Nosso povo pagou e pagou
caro”, declarou Crispin.
Sobre
questionamentos referentes a emendas parlamentares voltadas à saúde, o deputado
Dr. Neidson citou que nem mesmo com recursos disponibilizados os problemas na
Saúde não foram resolvidos.
“Nós
conseguimos encaminhar recurso até para as prefeituras do Cadin, em período de
calamidade pública, sem a exigência de tantos documentos. Tentamos celebrar um
convênio com o Hospital Bom Pastor e, infelizmente, não conseguimos. Então nem
com recurso estamos conseguindo realizar as cirurgias eletivas”, enfatizou Dr.
Neidson.
O
deputado Luizinho Goebel, se direcionou à coordenadora técnica da Sesau,
Adriana Larissa e questionou sobre as emendas, estaduais e federais. Segundo
ele, a pasta já teria milhões de recursos de emendas parlamentares e que,
possivelmente, muitas delas poderiam ser devolvidas porque os processos não
estariam andando.
A
coordenadora explicou que, sobre as emendas que foram pontuadas, a Sesau está
se empenhando para reforçar ainda mais a equipe da pasta para atender a população
de Rondônia.
“Nessas
ações pós pandemia, estamos tentando trazer o atendimento à população de uma
forma mais célere, sabendo que temos muitas coisas que precisam ser melhoradas,
mas estamos buscando trazer de voltas as cirurgias eletivas e o atendimento das
consultas laboratoriais”, pontuou a coordenadora da Sesau.
Sobre
fazer convênios com municípios que contam com centros cirúrgicos, conforme
abordou Dr. Neidson, Fernando Máximo disse se tratar de uma questão de
parcerias. Segundo o secretário, se o município tiver condições de oferecer
insumos e centros cirúrgicos realmente montados, “podemos pensar em convênio
onde o deputado destina a emenda para o município, a Sesau pode entrar com uma
contrapartida, levando profissionais e, dessa forma, podemos operacionalizar
sim”, citou Máximo.
Após
os debates, o deputado Luizinho Goebel solicitou mais um requerimento com
informações oficiais sobre todas as emendas, disponibilizadas por todos os
parlamentares para a Sesau, em 2020 e 2021, citar valores, quais foram
direcionadas para municípios e quais para o Estado. O requerimento foi aprovado
pelos deputados presentes.
Com
relação às cirurgias ortopédicas, Fernando Máximo explicou que o Hospital de
Base está com problema nos aparelhos de escopia, onde dos três que pertencem ao
H, dois estariam queimados e apenas o terceiro funcionando.
Por fim, após os
vários questionamentos dos deputados, a Sesau se comprometeu apresentar alguns
levantamentos para responder com mais precisão os dados solicitados pelos
deputados. E segundo Dr. Neidson, outros requerimentos e tratativas ainda serão
mantidas e encaminhados ao Governo do Estado para que as soluções sejam, de
fato, concretizadas
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