Terça-feira, 26 de março de 2019 - 16h51
A situação precária que a Companhia de
Água e Esgotos (Caerd) atravessa, já há alguns anos, preocupa os deputados
estaduais. E nesta terça-feira (26), durante a reunião da Comissão de
Fiscalização e Controle (CFC), o presidente da companhia, José Irineu, fez um
relato sobre os desafios e problemas que ele tem enfrentado, desde que assumiu
a gestão, em maio do ano passado.
Participaram da reunião os deputados
Dr. Neidson (PMN), Jair Montes (PTC), Cirone Deiró (Podemos), Alex Redano (PRB)
e Alex Silva (PRB). Todos manifestaram preocupação com a Caerd e sua situação
falimentar.
Irineu compareceu após ser convidado a
prestar esclarecimentos. Ao iniciar sua fala, ele disse que todos os cargos de
comissão foram excluídos, além de funções gratificadas para servidores de
carreira, entre outras mudanças na contratação de pessoal, desde que assumiu.
"Quando assumi, eram 114 cargos
comissionados. Todos foram exonerados. Também acabamos com gratificação aos
servidores efetivos e isso implicou numa redução de despesa mensal, com
pessoal, da ordem de R$ 1,2 milhão", informou.
A Caerd possui 623 servidores de
carreira, destes, cerca de 270 são aposentados, a maior parte com 35 ou até 40
anos de serviços prestados. "Desse total, 171 já manifestaram o interesse
em se desligar da empresa, mas querem a garantia de que irão receber seus direitos
trabalhistas, o que a empresa, infelizmente, nesse momento não pode
garantir".
Para Irineu, entretanto, seria
fundamental para a recuperação da empresa, que esse pessoal tivesse seu direito
assegurado e fosse retirado da folha de pagamento. "Esses servidores já
deram a sua contribuição e não conseguem mais, por sua idade, contribuir com a
sua força de trabalho. Por outro lado, sem as garantias, eles não podem sair da
empresa", observou ele, que informou ainda que já conseguiu desligar 33
empregados.
Ele sugeriu que o Governo crie um
Plano de Demissão Voluntária (PDV), assegurando os recursos para o pagamento
dos direitos trabalhistas. Outra saída, seria o Executivo viabilizar um
empréstimo para a quitação dessas questões trabalhistas.
A Caerd enfrenta uma inadimplência
superior a 40% e fatura entre R$ 9 milhões e R$ 10 milhões ao mês. "Já
colocamos a folha de pagamento em dia - quando assumi eram quatro meses e meio
em atraso - também pagamos fornecedores e terceirizados. Desde janeiro desse
ano, iniciamos o pagamento dos nossos compromissos de encargos",
completou.
Dívida bilionária
Mas, as dívidas da Caerd são o fator
que mais chama a atenção de todos. Somente com a Fazenda Pública da União, em
débitos e encargos, a empresa deve cerca de R$ 1 bilhão. Para a concessionária
de energia, o débito seria em torno de R$ 600 milhões, embora a Caerd conteste
e alegue dever cerca de R$ 300 mil apenas.
"A Caerd está falida. É triste,
mas é a dura realidade. A empresa não tem capacidade alguma de investimento e
muito menos de quitar as dívidas bilionárias", observou Jair Montes.
Cirone Deiró lamentou a situação em
que a Caerd se encontra, implicando numa dificuldade em oferecer serviços de
expansão de redes de água e esgoto, entre outras dificuldades.
"Em Cacoal, funciona o SAAE e a
cidade possui 84% de saneamento básico. Cacoal vai receber mais R$ 47 milhões
em investimentos na nova estrutura de distribuição de água por gravidade, e não
mais por pressão. Já o distrito de Riozinho vai receber R$ 11 milhões em investimentos
no setor", destacou.
Apesar das inúmeras dificuldades, os
deputados se colocaram à disposição para contribuir com a companhia, buscando
apoiar ações que possam estimular a retomada da sua capacidade de investimento.
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