Terça-feira, 24 de janeiro de 2023 - 12h18
CENSO
Uma entrevista concedida pelo ex-presidente do IBGE e
pesquisador da FGV, Roberto Olinto, sobre o censo brasileiro que mensura a
população a partir dos municípios, entre outras variáveis, revela um problema
que afeta os municípios, estados e a nação. São os dados que os recenseadores
colhem que definem as políticas públicas, os recursos distribuídos e o
planejamento das ações governamentais. Na entrevista o pesquisador reputa o
atual censo de calamitoso e põe em dúvida os dados coletados.
TRAGÉDIA
Os dados preliminares apresentados na pesquisa
demográfica, segundo Olinto, têm sido uma tragédia por revelarem estar
incompletos em razão de técnicas inapropriadas que foram aplicadas. Como nenhum
censo alcança os cem por cento da população global são imputados dados em cerca
de dois por cento da população nas amostragens, mas o censo de 2022 aplicou na
base de cálculo vinte por cento. “Estamos imputando dados em questionários
inteiros e nenhum censo se sustenta com esta imputação. Há problemas também em
algumas variáveis: idade, renda e população”, diz o pesquisador. É
uma tragédia que afeta Porto velho, por exemplo.
CONTESTAÇÃO
Os dados prévios de Porto Velho, por exemplo, indicam que
a população encolheu em relação ao censo anterior em 100 mil pessoas. Dados que
se contrapõem a outros números disponíveis em órgãos estaduais. Essas
contradições implicam na diminuição de recursos destinados aos municípios, além
de reflexos negativos em ações públicas fundamentais para a população da
capital. Quem mora aqui há mais de dez anos percebe que houve um incremento
populacional e contesta os dados prévios do novo censo. Mesmo que essa
contestação seja a partir do senso comum.
REPETECO
Nos municípios do interior de Rondônia a discrepância se
repete com o encolhimento da população em Ariquemes, Vilhena, Guajará-Mirim,
entre outros. Ji-Paraná foi uma exceção, ainda assim o crescimento foi tímido e
não condiz com a realidade do município. Os prejuízos na distribuição dos
recursos federais com dados do censo defasados são enormes e impactam nas ações
administrativas e nos serviços públicos.
REAÇÕES
Ao que parece os prefeitos rondonienses não se perceberam
do problemão com dados defasados previamente apresentados pelo IBGE e estão
calados sem reagir firmes com a situação calamitosa do censo. Alguns vereadores
da capital ensaiaram alguma reação contrária ainda assim muito tímida em
relação ao impacto que os números podem implicar para o município.
AZÁFAMA
Nos últimos quatro anos o país foi assolado por uma horda
que destruiu muitas políticas afirmativas com o ímpeto de impor pautas
conservadoras afetando ações sociais importantes país afora. Ao aparelhar de
forma bisonha as estruturas de estado, aquelas autoridades impuseram um
retrocesso social e político enorme que terão reflexos nocivos por algum tempo.
A pressa com que avançaram sobre a máquina fez com que retrocedêssemos em
muitas políticas públicas ao período neolítico. É preciso agora reconstruir o
que foi devastado a começar por treinarmos novos recenseadores para que o censo
seja rechecado ou auditado.
LEGISLATIVO
Quarta-feira, na Casa de shows Talismã, os deputados
estaduais tomam posse para mais uma legislatura e devem também escolher as
novas mesas diretoras para o primeiro e segundo biênios. O deputado estadual
Marcelo Cruz (Patriotas), reeleito, deve ser o ungido para comandar o Poder
Legislativo no primeiro biênio. Para o segundo, o deputado Alex Redano
(Republicanos) deve ser eleito para mais um mandato na presidência. Redano fez
um mandato bem avaliado e uma presidência tranquila e também elogiada, razão pela
qual foi reeleito.
AUTOFAGIA
O PL, partido de Jair Bolsonaro, ingressou na justiça
eleitoral do Paraná com um pedido de cassação da diplomação do senador eleito
Sérgio Moro (UB) por abuso de poder econômico. A ação é robusta nas provas
apresentadas e pode colocar em risco a diplomação do ex-juiz eleito a
senador.
ABUSO
Pela acusação, o PL sustenta que Moro, antes de se lançar
candidato a senador pelo União Brasil, foi pré-candidato a presidente pelo
Podemos quando arrecadou e gastou uma dinheirama não contabilizada e, portanto,
driblou o teto de gastos como estratagema perniciosa para passar um pito na
legislação eleitoral. Com a estratégia Moro teria conseguido dar visibilidade à
verdadeira intenção pela disputa ao Senado.
INFORTÚNIO
A ação tem tudo para aumentar o infortúnio do
ex-juiz desde que decidiu ingressar na seara política onde é tratado com o
mesmo rigor que dispensou aos desafetos que um dia julgou. Para piorar a
situação quem pede a sua cassação é o partido de Bolsonaro, o mesmo que Sérgio
Moro serviu como ministro e mesmo com quem se juntou nas eleições presidenciais
contra seu principal desafeto. Não tem o que reclamar numa eventual derrota na
justiça eleitoral.
INDICAÇÃO
Anselmo de Jesus, ex-deputado federal, deverá assumir a
superintendência do Incra em Rondônia, uma indicação do PT. Já a CPRM a
indicação é do senador em exercício Samuel Araújo (PSD), e o nome sugerido pelo
senador e que está sendo avaliado pelos órgãos de controle é Tata Brasil. A
coluna apurou que os cargos federais deverão ser ocupados prioritariamente por
servidores de carreira, mas desde que não tenham laços com o bolsonarismo. Algo
em Rondônia quase raro.
ANUNCIADA
A crise humanitária agora constatada contra a etnia dos
Yanomamis é uma tragédia anunciada que nossas autoridades deixaram alcançar um
estágio estarrecedor merecendo uma investigação isenta e minuciosa. A
atividade mineral e vegetal em terras indígenas tem sido denunciada
reiteradamente por organizações ambientais instaladas na Amazônia. Embora o
problema seja conhecido havia por parte das autoridades falta de compromisso
com os povos originários para buscar soluções e uma visão equivocada do ponto
de vista antropológico sobre a questão indígena. Além de um trupe reacionária
que expressa em privado que estas etnias deveriam ser dizimadas com sua
absorção ao mundo “civilizado”.
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