Terça-feira, 5 de novembro de 2024 - 13h55
TRANSIÇÃO
As equipes de transição foram indicadas pelo prefeito eleito Leo Moraes
e pelo atual prefeito Hildon Chaves para que todos os dados sejam processados
em forma de um relatório a fim de que a administração possa planejar as
primeiras ações políticas e, a que sai, dê ciência de como deixa o caixa
municipal. Ao que parece deverá ser uma transição tranquila e republicana, como
se espera das relações civilizadas.
NOMES
Os primeiros nomes anunciados por Leo Moraes não agradaram à maioria dos
observadores políticos, seja em razão dos problemas que alguns ostentam, seja
em razão das ligações políticas. No entanto, Leo prometeu ampliar a comissão
com técnicos especialistas nas mais diversas áreas da gestão pública para que
possam produzir um relatório consistente tecnicamente e mais próximo da
realidade municipal. Nomes esses com currículos bem vistosos no campo
acadêmico. O primeiro impacto que gerou desconfiança no meio político foi
dissipado com os técnicos que Leo está indicando nessa transição.
CAPILARIDADE
As urnas revelaram que o cidadão está atento aos problemas municipais da
capital e concedeu a Leo uma votação magnífica que surpreendeu alguns setores e
causou susto em outros. Esta capilaridade adquirida dos eleitores pelo prefeito
eleito deve ser compreendida como um alerta para que não erre e não como um
cheque em branco para que faça o que quiser sem ouvir o mesmo povo que ele
mobilizou em torno de uma vitória espetacular.
LIÇÃO
É preciso que os grupos políticos rondonienses aprendam com a derrota em
Porto Velho, uma vez que acreditavam que bastava-lhes unir os interesses
díspares em torno de uma candidata que por si sufocaria qualquer candidatura de
oposição. Esqueceram de combinar com o povo que, indiferente ao conchavão,
impôs uma derrota improvável e inesquecível. Outra lição que fica dessa eleição
é para Hildon Chaves, com uma administração razoavelmente aprovada, pensou que
transferiria para Mariana Carvalho todo o seu capital eleitoral.
ARROGÂNCIA
Quem ouvia o prefeito falando entre amigos e com a entourage que sempre
o acompanha percebia a soberba com que se jactava ao menosprezar os adversários
e dizer que Mariana venceria fácil o pleito, ainda no primeiro turno. Seu
raciocínio consistia na simplória conclusão de que bastava ele
apontar o nome da ungida que o eleitor da capital dedilharia automaticamente o
número 44 nas urnas. Essa postura foi percebida pelo eleitor que optou em
apertar a tecla 20 por mais de cento e trinta e cinco mil vezes, contrariando
as tolices do Hildon, derrotando a pupila e elegendo Leo. Não é a primeira nem
deve ser a última vez em Rondônia que os perdedores são vítimas da própria
arrogância.
CENÁRIOS
As eleições municipais rondonienses traçaram um novo cenário das forças
políticas com reflexos importantes nas eleições de 2026. A princípio o grupo
hegemônico formado na capital e repetido em alguns municípios terá que rever os
planos eleitorais caso queira vencer a próxima eleição. Esse realinhamento
político vai obrigar mudanças consideráveis nas agremiações partidárias com uma
revoada de filiados para nominatas mais seguras. Significa afirmar que
desfiliações e filiações devem mudar todo o cenário político estadual para as
eleições de 2026. Nesse contexto, nem todos conseguirão abrigos seguros em
razão de interesses conflitantes. Um cenário a princípio desolador.
PODEMOS
Com a eleição de Leo Moraes, a reeleição do prefeito de Vilhena,
Delegado Fiori, a vitória da pupila do Delegado Araújo em Pimenta e a força de
Fera em Ariquemes, o Podemos consolida uma boa nominata de candidatos a
candidatos a deputados federais em 2026. E deverá ser o partido que novos
filiados potencialmente de votos devem aportar.
DESMILINGUINDO
Quem pode definitivamente ser desmilinguido é o velho MDB, partido mais
vitorioso em Rondônia. Nas eleições estaduais passadas conseguiu eleger dois
deputados federais, mas hoje conta somente com um, Lúcio Mosquini que, devido à
aproximação da direção nacional da legenda com Lula, avisou a intenção de cair
fora para não contrariar o seu eleitorado refratário ao petismo. Caberá a
Confúcio Moura a tarefa de juntar os cacos emedebistas para que o partido não
desapareça no estado. Um desafio hercúleo mesmo para quem é mestre nos
bastidores.
FORTALECENDO
Outro partido que tende a ser um porto seguro para quem pretende se
abrigar ao centro é o PSD, legenda presidida por Expedito Junior. Nas eleições
municipais foi o maior vencedor e tende a abrigar filiados do campo do centro
direita como uma alternativa aos extremistas da direita. É um partido
atualmente visado por vários militantes de outras legendas e que deve ser alvo
de ataques especulativos.
MEIO AMBIENTE
Enquanto Rondônia pegava fogo e a fumaça tornava o ar estadual entre um
dos piores do mundo para se respirar, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente
quase nada fez para conter as queimadas e pouca ainda para prevenir o desastre
ambiental causado pelas mudanças climáticas, especialmente nos últimos sessenta
dias. Entretanto, em meio às cinzas e ao caos ambiental, o senhor secretário
Marco Antônio Ribeiro continua seu périplo internacional nos eventos destinados
a debater as mudanças climáticas, sem uma única proposta rondoniense para
oferecer e nem um único ato administrativo concreto a apresentar nos eventos
que demonstrem ações administrativas concretas na defesa dos nossos mananciais
hídricos, vegetais ou animal. Sequer uma ação efetiva de repressão aos
depredadores.
INDEVIDO
Agora, uma denúncia formulada pela revista CENARIUM, especialista em
questões ambientais, acusa Marcos Antônio supostamente de utilizar de forma
indevida recursos do Fundo de Governança Climática e Serviços Ambientais para
custear viagens internacionais, recursos esses que são destinados integralmente
a projetos de preservação e mitigação ambiental em Rondônia. Porém, usa para
viagens sem objetivos concretos ou que mitiguem os impactos ambientais
rondonienses. Para piorar a situação, o governador Marcos Rocha tem colocado
algumas dessas viagens sob sigilo por cinco anos, uma vez que na administração
pública o princípio da publicidade dos atos deve ser a regra. As exceções são
para casos específicos e restritos, bem distinto do que vem ocorrendo.
IGNORANDO
Quem acompanha as recomendações do TCE para que o Governo de Rondônia
cumpra as metas governamentais, verifica que na área ambietal é vasta a lista
de recomendações apontando inúmeras ações administrativas que devem ser
adotadas, mas até agora são ignoradas. A Sedam é um órgão inoperante que não
cumpre a função para qual foi criada, exceto garantir a presença do titular nos
foruns internacionais sem que nada destes eventos traduzam em algo importante
para mitigar os nossos danos ambientais. O desmatamento, as invasões terras
indígenas, as queimadas, entre outros crimes, continuam sendo prepetrados em
Rondônia.
FIM DE FESTA
Alguns prefeitos que estão concluindo os mandatos neste final de ano
deveriam redobrar a fiscalização sobre os auxiliares para evitar surpresas com
malfeitos que eventualmente estão ocorrendo sob os seus olhares vesgos. Na boca
miúda começa a surgir cada fato de arrepiar os cabelos e, sendo verdade, vai
levar alcaides ao precipício moral. Fim de festa sempre tem aquele que pensa
que o que é público pode ser levado para casa como seu. Depois não finjam que
não foram avisados.
OAB
Os gastos para eleger uma chapa na Seccional dos Advogados de Rondônia
sempre foram altos em razão dos convescotes 0800 que são oferecidos nos finais
de semanas ao inscritos e familiares. Nestas eleições, ao que parece, esses
gastos alcançaram cifras astronômicas porque as cotas estabelecidas para ocupar
os cargos, especialmente conselheiros federais, assustam até os políticos mais
perdulários. Tive acesso a um estorno que indica como esta eleição tomou
contornos questionáveis.
TRANSPARÊNCIA
Assim como em qualquer eleição está na hora dos advogados discutirem os
gastos das eleições nas seccionais com transparência para evitar que os grupos
mais aquinhoados sempre vençam em razão do poder econômico, mesmo que tais
financiamentos sejam privados. A própria OAB convoca os candidatos a cargos
eletivos em todas as eleições para assinarem um contrato (compromisso) com a
ética na política. Poderia também aproveitar para ser a primeira a dar o
exemplo. Afinal, a transparência e a ética afetam a todos.
DECEPÇÃO
A desistência do advogado Andrey Cavalcanti do cargo de Conselheiro
Federal da chapa liderada por Márcio Nogueira causou curiosidade entre os
advogados e as pessoas que acompanham a política de Rondônia por se tratar de
um profissional conhecido, reconhecido e bem relacionado entre os pares. Em
conversa com a coluna, evitou fazer acusações a qualquer colega, mas revelou
muita decepção com a forma pela qual foi tratado por quem ele estendeu a mão.
Devido às decepções optou por sair de cena e renunciar ao cargo de Conselheiro
Federal para evitar constrangimentos. Informou que não vai se imiscuir nas
eleições e manterá a neutralidade como forma de preservar o seu legado.
CAARO
Elton Fulber, presidente da CAARO, braço assistencial da OAB-RO, acusa a
atual gestão da seccional de reter recursos que são destinados à promoção da
assistência, o que inviabilizou várias ações sociais que a CAARO havia
programado para assistir aos colegas inscritos. Quem acompanha a disputa pela
Seccional de Rondônia se assusta com o que está vindo à tona por acusações
mútuas. A democracia que tanto a instituição ao logo do tempo professa é
matéria escassa na atualidade. É a dedução óbvia que se chega ao testemunharmos
as acusações agora formuladas. Na próxima semana faremos uma coluna exclusiva
sobre o tema. Aproveito para declinar meu voto.
METEOROLOGIA
Diferente do que esta coluna previu sobre o tempo rondoniense, o céu
esta semana é de brigadeiro com chuvas esparsas. Mas muda até o final do mês
para um baita temporal.
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