Terça-feira, 25 de julho de 2023 - 16h39
AVIAÇÃO
Esta
semana o mercado das passagens aéreas em Rondônia foi surpreendido com a
informação de que as empresas aéreas Azul e Gol diminuíram os voos para o
estado em razão de um enorme passivo judicial que cada vez mais se avoluma na
justiça estadual. Para quem tem um pouco de experiência no ofício do garimpo da
notícia sabe que ela está incompleta, visto que não é responsabilidade do Poder
Judiciário a má prestação dos serviços que uma empresa vende ao consumidor da
forma contratual. Aliás, é obrigada por força normativa a seguir vários
regramentos desde a comercialização das passagens, passando pelo embarque dos
passageiros e, culminando, portanto, com seu desembarque ao destino pactuado. A
aviação segue regras rígidas e assim devem respeitá-las.
CANCELAMENTOS
Alegar
que o problema da baixa oferta de voos a partir de Rondônia é decorrente do
volume de ações judiciais pendentes de julgamento na Justiça
Estadual é, no mínimo, um embuste. As empresas não informaram que o
percentual de cancelamento de voos no estado é quatro vezes superior à média
nacional. Segundo dados da Anac do primeiro quadrimestre de 2023 (site
Aeroin), a Azul cancelou 17,24% dos voos em Porto Velho e a GOL em torno
de 19,83%, enquanto a média nacional das empresas foi de 5,16% no
período. Ou melhor, um meio torto para escamotear a artimanha e pressionar
para que as ações judiciais não logrem êxito.
DIREITOS
Ora,
para que as empresas aéreas não sejam penalizadas judicialmente em Rondônia
basta que todas, seja Azul, seja Gol, prestem os serviços corretamente: sem
cancelar voos por sua conveniência mercadológica, sem atrasos, acomodando os
passageiros em outras empresas na hipótese de cancelamento imprescindível,
prestando assistência alimentar e hospedagem em hotéis, entre outras. Cumprindo
as obrigações contratuais as empresas não terão problemas judiciais. Não
adianta culpar o consumidor pelos próprios erros nem pressionar a justiça para
que denegue direitos consolidados justificando as próprias
incompetências.
RESOLUÇÃO
Pela
Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), nos atrasos superiores
a três horas no aeroporto, ou cancelamento de voo e preterição de passageiro, a
empresa aérea deverá oferecer ao passageiro opções de reacomodação, reembolso
integral ou execução do serviço por outro meio de transporte. Quando não
cumprem com a norma é compreensível que o consumidor acione o judiciário para
garantir que seu direto desrespeitado seja indenizado. Nada mais justo. O que
não é plausível, aqui ou alhures, é penalizar o consumidor duas vezes por
incompetência de quem lhe deu causa. Ao que parece, os problemas judiciais das
empresa de aviação no país não se avolumam apenas em Rondônia, embora nosso
estado esteja sendo castigado injustamente como forma de pressão para se safar
das responsabilidades.
COMPOSIÇÃO
Até
pouco tempo as aéreas justificavam as poucas aeronaves voando para Rondônia aos
custos na composição dos gastos com a rota. O ICMS e o preço do combustível
cobrados eram os vilões dessa relação. Querem pressionar na esfera judicial com
o mais novo vilão de um serviço que a cada dia é prestado de forma precária em
Rondônia, além dos exorbitantes preços das tarifas que os passageiros
rondonienses são obrigados a pagar às empresas. A nova lorota é pura
pressão.
INCOMPETÊNCIA
A
Secretaria de Estado da Saúde (SESAU) perdeu um Mandado de Segurança na Justiça
Federal que acarretará na perda de quase cem milhões de reais (99.987.476,00)
que são recursos do Programa do Ministério da Saúde destinados à construção de
uma unidade hospitalar especializada, ou seja, um Heuro. Por pura incompetência
da Sesau em não encaminhar os projetos e documentos para celebração do
convênio, conforme acertado com a Caixa Econômica Federal, o estado de Rondônia
deixará de receber a bagatela acima apontada.
DESÍDIA
Por
várias vezes o setor responsável pelos convênios da Superintendência Estadual
da Caixa Econômica alertou ao Governo de Rondônia e requereu todos os
documentos para que o convênio fosse legalizado com a liberação dos cem
milhões. A Sesau, por sua vez, reiterava, a cada pedido, adiamento da entrega
dos documentos sob a justificativa da pandemia. Com o coronavírus sob controle,
a justificativa não foi acatada, o que culminou com a perda dos recursos por
pura desídia do Governo de Rondônia, reconhecida em sentença judicial.
HEURO
Há
uma certa obscuridade em torno da construção do Heuro na capital uma vez que a
cada dia aparecem informações desconexas com o que de fato está em andamento na
construção do Pronto Socorro de Porto Velho. A opção por uma parceria
público-privada em si não é um negócio ruim, mas é preciso clareza em todas as
etapas para que a obra não sofra descontinuidade por eventuais
irregularidades.
REGRA
Uma
questão fundamental é ressaltar que no Sistema Único de Saúde público a
iniciativa privada pode assumir funções complementares e não a gestão em si. Às
vezes gestores confundem essa exceção como regra e abdicam das funções para
terceirizar as obrigações.
FLAGICIOSO
A
Polícia Federal fez mais uma operação para combater crimes ambientais no
estado, em particular o garimpo ilegal que explora o solo rondoniense muito
antes de virar unidade federal. É um combate permanente porque a atividade
historicamente flerta com a ilegalidade e tem se unido ao crime organizado. Um
alimenta o outro de forma perniciosa o que reflete no aumento da violência em
Rondônia. Há quem diga que o garimpo é uma atividade laboral como qualquer
outra e que deveria ser regulamentada. A regulamentação existe, o que não
existe é a vontade de explorar o metal vil de forma legal.
PSICULTURA
Merece
elogios a atitude do governador de Rondônia em acompanhar uma comitiva do
Governo Federal ao Japão com uma pauta comercial que pode abrir novas frentes
de negócios na área de proteína animal já que o estado possui um enorme
potencial de exportação. Marcos Rocha percebeu que governar exige também do
gestor sair da toca para impulsionar as atividades privadas do
estado.
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