Terça-feira, 25 de outubro de 2022 - 14h06
BLACKLIST
O presidente do Tribunal de Justiça, Marcos
Alaor Diniz Grangeia, tomou a atitude correta ao mandar investigar um grupo de
servidores do tribunal intitulado blacklist (lista negra) que supostamente tem
adotado posições racistas. Coincidência ou não, o grupo começou a propagar
termos racistas exatamente depois que a corte rondoniense aprovou reservas para
negros em cargos e funções comissionadas. É uma inversão moral de valores um
grupo expressar posições racistas no âmbito de um poder responsável exatamente
em por limites a tais propagações criminosas.
RACISMO
Embora o país tenha normas jurídicas para
combater o racismo e o preconceito, a exemplo do Estatuto da
Igualdade Racial (Lei 12.288), os professores Gabriel Silveira (USP), Laura
Monte (Universidade Judas Tadeu) e Bruno Lopes (Mackenzie), em artigo
publicado, lembram que o sistema de justiça criminal brasileiro é marcado por
uma cultura que abrange valores demasiadamente coloniais e racistas. Entendemos
que o Estado brasileiro, ainda que potencialmente emancipatório, na prática,
esvazia a norma jurídica quando não tutela, de forma justa, parcelas da
população subalternizadas em decorrência de fatores raciais e culturais e
estabelece recortes intencionais à aplicação da lei. Parte-se da hipótese de
que a interpretação hermenêutica jurídica-institucional atua para perpetuar o
racismo, a discriminação e, sobretudo, o encarceramento em massa da população
negra.
PISOTEAR
Uma lógica que, pela decisão do desembargador
Diniz Grangeia, não prosperará em Rondônia. É um acinte à norma jurídica e ao
poder Judiciário – responsável por aplicá-la aos casos concretos – permitir que
servidores da corte possam conculcar a lei nas barbas dos juízes a quem servem
funcionalmente.
PRECATÓRIOS
A campanha eleitoral de Rondônia, por
intermédio do candidato à reeleição Marcos Rocha (União Brasil), levou ao
debate de TV e rádio críticas ao adversário Marcos Rogério (PL), em razão do
suplente de senador Samuel Araújo ser detentor de uma quantidade milionária de
precatórios. Para quem não sabe os precatórios são formalizações de pagamento
de determinada quantia por beneficiário, devida pela Fazenda Pública, em face a
uma condenação judicial definitiva, ou irrecorrível. Portanto, não é sinônimo
de malfeito, o que a propaganda de Rocha insinua como condão para criar
constrangimento ao opositor.
CRIMINALIZAÇÃO
Esses papéis judiciais são velhos conhecidos
dos servidores públicos de Rondônia uma vez que são várias as categorias
profissionais do serviço público estadual que tiveram seus direitos salariais
garantidos em juízo e transformados em precatórios. Neste contexto, fazer
ilação criminosa por alguém possuir esses títulos oriundos de direitos
trabalhistas não é a melhor propaganda eleitoral para demonizar o adversário.
Samuel Araújo, primeiro suplente de Rogério, é sim “rei dos precatórios”, o que
não significa que seja um império forjado na malandragem.
FATO CONSUMADO
Outros advogados de Rondônia aguardam a vez
também para receberem uma bolada de precatórios. Samuel pode possuir pecados a
serem acertados no andar de cima, mas não é um belzebu. Já Rogério tem mais
defeitos políticos a serem explorados do que esse papo com o suplente, visto
que a diplomação de Araújo é fato consumado.
EMPATE
Embora haja um empate técnico entre os
candidatos Marcos Rogério e Marcos Rocha, segundo a última pesquisa divulgada,
há de fato uma ligeira dianteira numérica do governador em relação ao senador.
Uma dianteira que pode ser fundamental na apuração porque é fortalecida pela
votação consistente de Rocha na capital. Mesmo sendo números animadores para o
governador não é desesperador para o senador e o empate tende a se modificar
nos dois últimos dias. Uma pesquisa será divulgada na quinta-feira com
projeções que podem indicar o caminho da vitória. Nenhum dos dois pode cantar
vitória, embora a campanha de Marcos Rocha no momento esteja muito mais vistosa
e organizada do que a de Marcos Rogério.
EXAGERO
A coluna não tem como mensurar os gastos da
campanha de segundo turno, mas é perceptível o volume da campanha de Marcos
Rocha, seja no material gráfico, seja na quantidade de pessoas contratadas e que
estão pelas ruas tremulando a bandeira com o número do candidato. Os
insumos de material impresso aumentaram consideravelmente nestes dois últimos
anos o que encarece qualquer campanha. Contratar "formiguinhas" para
tremular bandeira eleitoral também é um gasto razoável para qualquer candidato.
Ao que parece a campanha do governador a reeleição está bamburrando uma vez que
somente esses dois ítens a verba tem sido abundante.
GARIMPO
Apesar de ser apoiado por vozes políticas que
deveriam ter posições ao lado da lei, a garimpagem na região amazônica é
produto de crime porque tem irrigado os cofres dos contrabandistas. As ações de
combate aos crimes ambientais passam fundamentalmente por reprimir o garimpo
marginal que na esfera política criou raízes. Uma investigação bem rigorosa
pode desvendar supostas ramificações que a exploração ilegal do metal vil
estabeleceu com a política. Prescrutar essa simbiose é uma boa assepsia à
política.
RECOMPENSA
O prefeito da capital, Hildon Chaves,
anunciou na rede social pessoal uma recompensa de cinco mil reais a quem
dedurar os larápios que estão furtando os fios elétricos da cidade. Mesmo
incomum a proposta é um desabafo contra os reiterados furtos de fios que
iluminam Porto Velho. Mas há quem veja a recompensa como temerária por
escancarar a falha da segurança pública. Vai que a moda pega...
PESQUISA
Chegamos a última semana das eleições com as
pesquisas provocando furor entre os comitês dos candidatos. Quem aparece em
primeiro comemora e quem fica em segundo acusa de manipulação. Pesquisa não
ganha antecipadamente eleição, mas serve de termômetro para o que pode
acontecer. Numa eleição polarizada como a nacional cada ponto que se mexe para
cima ou para baixo é suficiente para modificar o cenário. Particularmente nos
ânimos das torcidas. Lula, em todos os cenários, aparece em vantagem. Quem diz
que não acredita reage com tanta veemência que deixa transparecer a crendice.
Domingo saberemos o vencedor e torcemos para que as brigas cessem. Embora a
coluna desconfie que nas redes sociais não terminam tão cedo.
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