Terça-feira, 5 de dezembro de 2023 - 14h22
PRECATÓRIO
Ainda é uma incógnita a forma pela qual o Governo de Rondônia vai
quitar o primeiro precatório a vencer no início de janeiro, e começa pelo da
Companhia de Água e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd). Uma empresa
deficitária que chegou a ser proposta a sua liquidação pelo ex-governador
Confúcio Moura, poucos dias antes de concluir o mandato. O passivo trabalhista
da companhia é enorme e precisa do governo, acionista majoritário, e uma
definição política para resolver o problema.
PRIVATIZAÇÃO
Uma das propostas em debate no Executivo Estadual é a privatização
da Caerd, o que tem sido rechaçado pelos funcionários uma vez que neste
processo as demissões são inevitáveis. Entretanto, nas atuais circunstâncias, é
uma empresa administrativamente inviável que necessitaria de um aporte enorme
de recursos do tesouro estadual para cumprir suas funções, mas economicamente
impossível para o orçamento rondoniense. A saída é a privatização para que haja
aporte de recursos privados e perspectiva de investimentos na expansão da água
potável e na instalação de uma rede de esgoto sanitário.
IMPASSE
Para a privatização, o governo estadual tem que destravar impasses
que podem impedir que o processo de leilão siga em frente. Um deles é,
portanto, o precatório que vence em janeiro. A coluna apurou que a grana devida
aos barnabés da companhia por força judicial não está reservada pela Secretaria
de Finanças. É um impasse que tende a inviabilizar a proposta de privatização,
visto que os credores fatalmente vão notificar todas as instituições envolvidas
no processo para que a privatização somente ocorra após a solução do passivo
existente.
REFLEXOS
Há, no âmbito governamental, entendimentos jurídicos confusos
sobre a forma de quitação deste passivo para que o estado se abstenha de sanar
a companhia. Entendimentos com reflexos políticos que podem causar problemas
judiciais mais sérios do que aqueles que falam no ouvido do governador. Embora
haja travas a serem vencidas, existem outras possibilidades para que o estado consiga
sanear o passivo trabalhista. Uma delas seria convencer as maiores empresas
interessadas no Refis, credoras da Caerd, a aderirem ao programa num encontro
de contas para que a companhia esteja em condições de ser leiloada.
RESPONSABILIDADE
Uma fonte governamental revelou à coluna que auxiliares do
primeiro escalão estadual fazem uma avaliação jurídica equivocada sobre a
responsabilidade objetiva que o estado possui em relação à Companhia, haja
vista que o maior acionista da Caerd é o estado de Rondônia que, aliás, impõe
em assembleia o nome dos seus dirigentes. Como é uma empresa pública em
situação falimentar, os custos dela derivados são inevitavelmente de
responsabilidade do Governo Estadual. Razão pela qual cabe sim ao governador
encontrar as soluções para os impasses econômicos e de governança da companhia.
FRACIONAMENTO
Outro dia, segundo um auditor estadual, propuseram ao governador
que fracione a Companhia de Água e Esgoto no número de municípios
correspondentes. Uma proposta aparentemente maluca, uma vez que o fracionamento
das cotas que formam a empresa não significa que o passivo consolidado e
transformado em precatório seja repassado aos novos cotistas, ou seja, que a
bomba estoure no colo dos prefeitos. Que, por sua vez, não possuem
responsabilidade pelos débitos e decisões equivocadas tomadas ao longo do tempo
por diretores indicados pelo governador de plantão.
REFIS
A dívida da Caerd existe, os credores têm o direito de receber
seus créditos e o estado não tem como continuar empurrando o problema como se
ele não fosse da sua responsabilidade. E saídas existem, a exemplo do encontro
de contas entre a devedora e a credora. O governo criou acertadamente um Refis
para equilibrar as contas estaduais em razão dos prejuízos com a perda do ICMS,
mas erra ao colocar entraves para que as empresas adiram ao programa. Aliás, é
o único governante que não compreendeu que o Refis é o melhor instrumento para
recuperar créditos, recolher impostos devidos e, com ele, incrementar a
economia.
CUSTO
Esta semana o economista e professor da Unir, Otacílio Moreira de
Carvalho Costa, escreveu um artigo,“Ainda estamos pagando as contas da
pandemia”, onde aborda o custo Brasil pós-pandemia, além do custo Rondônia.
Nele, aponta os índices econômicos que mais impactaram a vida das pessoas ao
cotejar os custos entre os anos 2020, 2022 e 2023. Alguns dados chamam atenção,
especialmente o aumento brusco da cesta básica em relação aos salários.
COTEJO
O aumento dos combustíveis e derivados, por exemplo, é mais um
dado fundamental avaliado pelo professor que sufoca as condições de vida das
pessoas. Em Rondônia subiram em escala galopante. Já quanto às tarifas,
ocorreram também aumentos, no entanto, menores do que na cesta básica. Energia
elétrica, por exemplo, até pouco tempo atrás considerada a mais cara do país, é
hoje a mais barata em relação aos demais estados e foi a que menos impactou nos
salários. Indico a leitura do artigo, para que possamos entender um pouco do
emaranhado econômico que os índices refletem e o quanto são impactantes em
nossas vidas.
13º
Muitos prefeitos rondonienses contavam com recursos oriundos do
Refis estadual para organizar as contas neste final de ano. As expectativas
esfriaram depois que empresas de grande porte optaram em não aderir ao programa
o que impede que os municípios sejam contemplados com parte dos recursos que
seriam arrecadados. Até o 13º, programado pelos prefeitos para ser saldado com
estes recursos, corre o risco de atrasar.
POSSE
Nesta quinta-feira (7), o Conselheiro Wilber Coimbra, do Tribunal
de Contas do Estado, toma posse no honroso cargo de presidente. Uma posse
bastante esperada porque representa o que tem de melhor entre os imigrantes que
aqui aproveitaram a oportunidade para construir uma Rondônia inclusiva e
próspera.
POSSE II
Outro Conselheiro do TCE que está fazendo uma bela história
nacional é o Dr. Edilson Silva. Na semana passada, na cidade de Fortaleza, o
rondoniense Edilson Silva foi eleito para presidir a Associação Nacional dos
Tribunais de Contas do Brasil (ATRICON). É um feito único porque reconhece e
valoriza um rondoniense que galgou os maiores postos do serviço público
estadual com dignidade e esmero. Nem as injustiças enfrentadas foram capazes de
diminuir o brilho e a capacidade de se reinventar com tanta competência.
Edilson Silva é um vencedor nato, e agora um líder inconteste entre os seus
pares. Um orgulho para Rondônia.
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