Quarta-feira, 28 de setembro de 2022 - 15h16
DEBATE
Nestas eleições o
debate entre os candidatos a governador promovido pela TV Rondônia, afilada da
Globo, foi o de maior audiência. Nenhum outro conseguiu a atenção do eleitor
quanto o debate de ontem, onde os candidatos tiveram a oportunidade de
apresentar as propostas e contraditarem os concorrentes com regras mais
adequadas e tempo mais elástico. O mediador, Júlio Mosquéra, ex-correspondente
da Globo em Nova Iorque, também ajudou por fazer uma mediação competentíssima e
sem interferir no resultado. Nos intervalos interagia com naturalidade com os
candidatos.
TOM
O candidato do Podemos, deputado federal Léo Moraes, aumentou o tom da
indignação quando instado a perguntar ao concorrente senador Marcos Rogério,
candidato do PL. Ao criticar o comportamento do candidato pela suposta
dubiedade em tomar posições em Rondônia bem diferentes das assumidas em
Brasília, o deputado bateu de frente contra o senador que, acuado, tentou
desqualificar em vão o inquisidor. Embora forte, foi um tom usual em qualquer
debate de confrontos de ideias e comportamento. Critica quem esconde na crítica
o incômodo de torcer por quem está sendo castigado. Mas o confronto é
absolutamente normal em qualquer debate, até quando o assunto é futebol
.
FUJÃO
Marcos Rocha,
candidato à reeleição, fugiu como o diabo foge da cruz de fazer perguntas aos
dois principais concorrentes, Léo Moraes e Marcos Rogério. A tática do
governador foi dirigir todas as perguntas ao candidato do PSOL, Pimenta de
Rondônia. Ingênuo em política e figura pessoal da melhor qualidade, Pimenta
serviu aos propósitos de Marcos Rocha porque não fustigava o candidato como
cutucaram os adversários com temas incômodos a Marcos Rocha, especialmente
sobre corrupção, má gestão na saúde e caos na segurança. A cada bloco, todos já
sabiam que Marcos Rocha inquiriria o ingênuo e confuso candidato do PSOL que,
por sua vez, levantava a bola para o adversário. Uma dobradinha que virou piada
nos corredores da emissora por minimizar o teor da pimenta do debate. Rocha
fugiu.
DURO
Quem também não deu
mole com o governador Marcos Rocha foi o ex-governador Daniel Pereira. No
segundo bloco um acusou o outro sobre qual dos governos as operações policiais
foram mais efetivas. Pereira tentava refutar a troca de ofensas com Rocha em
toda oportunidade que falava.
PROPOSTAS
Quem prestou atenção
atentamente ao debate conseguiu ouvir algumas propostas (um minuto não é
suficiente para aprofundar como sugerem alguns) sobre saúde, segurança e
educação. Infelizmente, infraestrutura, tema essencial ao estado, ficou fora
deste debate. Seja por falta de tempo, seja porque a saúde, principal alvo das
críticas, ocupou as atenções. A coluna deu uma olhada nos debates do Rio de
Janeiro, Bahia e São Paulo, e concluímos que o nosso, de Rondônia, foi de longe
o menos beligerante, embora os críticos de plantão adorem avaliar o contrário.
Nem sempre com expertise que a visão exige.
INELEGÍVEL
É impressionante a
insistência do candidato a senador pelo PDT, Acir Gurgacz, em manter uma
candidatura ao Senado Federal sem nenhuma chance de conseguir reverter no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a rejeição do registro decidida pelo Tribunal
Regional Eleitoral de Rondônia (TRE). Os advogados do candidato, o partido do
candidato, os amigos do candidato e o próprio candidato sabem que não reverterá
no TSE a inelegibilidade que indeferiu o registro da candidatura e que os votos
obtidos no dia 3 não serão contados. Até os bagres do Madeira também sabem, mas
Acir persiste, insiste e não desiste em razão de uma legislação que permite
chacota de quem não possui as condições mínimas de elegibilidade. Não é a
primeira vez que sua insistência contamina a eleição.
JULGAMENTO
A qualquer momento o
TSE pode levar à pauta o recurso de Acir Gurgacz, mas também pode ser que fique
para depois das eleições, quando os votos dados a ele sequer aparecerão na
apuração final das votações. Entrando na pauta antes de domingo, a tendência é
que a Corte Superior mantenha Acir fora das eleições. A candidatura é tão
somente um capricho de quem não aceita a realidade. Embora a realidade seja
outra, ele continua pedindo votos sabendo que serão anulados. Votar enganado
faz parte do jogo. O faz quem quer já que o voto é livre.
MILIONÁRIA
Com uma campanha
visivelmente milionária e anabolizada pelas máquinas estaduais e municipais,
Mariana se esmerou para aparecer na TV como uma genuína defensora dos bons
costumes, da família e da religiosidade. Uma jovem que vestiu o manequim mais
velho para esconder do eleitor as fragilidades do perfil que o cargo senatorial
requer. A grana é farta na campanha, mas a falta de experiência para o cargo de
Senador da República pode causar alguma surpresa no domingo. Mariana tem sido
uma deputada federal mediana, sem brilho e sem foco nos principais debates no
âmbito do Congresso Nacional. Cresceu nestas eleições em razão das máquinas
colocadas a sua disposição, uma vez que a última votação obtida em 2018 foi bem
menor que a anterior.
TURNOS
As eleições em
Rondônia serão decididas no segundo turno entre o atual governador Marcos Rocha
e um dos candidatos oposicionistas, Marcos Rogério ou Léo Moraes. É uma eleição
estranha e há um número expressivo de eleitores que não revelam em qual
candidato vai votar. Surpresas nas eleições rondonienses sempre ocorrem e
nestas pode não ser diferente. Rocha usou e abusou de máquinas
poderosas com a colaboração de prefeitos e chegaram a anunciar uma suposta
vitória ainda no primeiro turno. Quem conhece os bastidores sabe que no segundo
turno as eleições são bem diferentes do primeiro e as razões das escolhas mudam
conforme o vento. O favoritismo do governador tende a se confirmar no domingo,
mas na segunda, após a algazarra, o jogo muda completamente e tudo começa do
zero. Apesar da paridade de armas ser absurdamente desigual em favor de quem
domina as máquinas públicas.
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