Terça-feira, 20 de junho de 2023 - 10h42
DOIS PESOS
Impressionante como o
discurso do Governo de Rondônia nem sempre corresponde com a prática quando o
tema é desenvolvimento agrícola e pecuária. Em maio Marcos Rocha deslocou toda
a estrutura governamental para o município de Ji-Paraná priorizando o maior evento
do agronegócio da Região Norte. O fez de forma acertada por ser um setor que
contribui com o desenvolvimento estadual e eleva cada vez mais a balança
comercial. Mas em relação a outro importante evento rondoniense, a Expocol, que
acontece todos os anos em Colorado do Oeste, e cada vez mais crescente, onde se
premia as melhores matrizes do gado leiteiro de Rondônia, nem o Secretário de
Agricultura, Luiz Paulo, deu as caras.
DUAS MEDIDAS
Enquanto o Rondônia
Rural de Jipa recebe todo apoio técnico e político se estruturando com um
volume enorme de negócios, o evento leiteiro de Colorado começa a se
desenvolver por dedicação e persistência de pecuaristas abnegados daquele
município, a exemplo de Ênio Milani. E para se ter uma ideia, a Expocol é a
única exposição agropecuária realizada no Cone Sul, sendo também modelo do
negócio leiteiro da Região Norte do país. É nele que ocorre anualmente, entre
os dias 14 e 18 de junho, o mais importante concurso leiteiro do Estado e do
Norte, projetando a qualidade do rebanho bovino rondoniense para o mundo. Sem
apoio governamental é inconcebível os pesos e as medidas do governador Marcos
Rocha entre os dois eventos, embora ambos sejam importantes para nossa economia
uma vez que Rondônia é importante exportador de proteína animal e começa a
crescer nos produtos derivados do leite.
VISÃO
Ao que parece é que a
Secretaria da Agricultura, que em período recente foi administrada por uma
pessoa com uma visão turva sobre agronegócio e olhos coalhos no que se refere à
pecuária, visto que sua principal virtude na área era o parentesco com um
deputado estadual vilhenense, iria dar um salto de qualidade com a indicação de
Luiz Paulo, revela que é mais um gestor que desafina no compasso administrativo
e toca a gestão de forma atabalhoada. Ignorar a Expocol é relegar a segundo
plano a agropecuária que tanto o governo se regozija em contar as cabeças das
reses para divulgar em suas propagandas.
VOLUME
Para se ter uma ideia
e mensurar a importância do evento coloradense a edição deste ano em termos de
concurso leiteiro, a vaca campeã produziu em três dias, mais de 147 quilos de
leite, sendo que no último dia de coleta a ordenha do animal produziu 51,7
quilos de leite. Entre as vinte vacas que estavam disputando o concurso, a menor
produtividade foi de 81 quilos por três dias.
APOIO
O evento é um feito
graças à dedicação e esmero dos sitiantes de Colorado do Oeste, além dos
produtores dos demais municípios que compõem o Cone Sul estadual e que investem
em tecnologia de ponta, genética apurada, alimentação de qualidade, manejo
correto, resultando em animais de altíssima qualidade, com uma capacidade
produtiva satisfatória que em nada deixa a desejar aos melhores rebanhos
leiteiros do Brasil. Imagine se o evento obtivesse o mesmo apoio que o governo
concedeu ao Rondônia Rural o quanto nossa pecuária e os derivados do leite não
iriam impulsionar a economia rondoniense.
PRESENÇA
A Seagri, a Emater e
os demais órgãos afins ao agro e à pecuária deveriam olhar em 2024 melhor para
Expocol uma vez que o pior cego é aquele que não quer ver. Um governo coalho
para o agro, o mesmo que tanto o governador acena politicamente, não é um gestor
inteligente que se aquartela para dar continência para uma única direção. É
obrigação o Governo de Rondônia estar presente com a sua estrutura na Expocol
do próximo ano, um evento que somente revela o quanto a agropecuária estadual
evolui e produz seus derivados em escala satisfatória.
ALFANDEGAMENTO
Outro setor da
economia estadual que corre um gravíssimo perigo de estrangular é o portuário.
Nosso porto da capital é (ou era) alfandegado há mais de trinta anos,
aumentando cada vez mais a exportação dos nossos produtos para outros mercados.
O que pouco gente sabe é que trinta anos depois está na iminência de sofrer um
retrocesso inimaginável com o risco de perder sua alfândega porque o governo
estadual descumpriu com as obrigações nas adequações das obras exigidas por
portarias ministeriais para seu funcionamento.
PORTO
Tais obras no
terminal portuário são exigências técnicas para que os produtos que são
exportados sejam transportados dentro de critérios impostos pelos próprios
mercados consumidores e para a melhor segurança da navegação. O problema é que
os responsáveis pelo porto da capital conseguiram fazer uma lambança absurda
com obras desconexas aos padrões estabelecidos. Uma incompetência abissal que
impacta a economia de Porto Velho e reflete na balança comercial de Rondônia,
uma vez que grãos, produtos minerais e proteínas animais, entre outros, ficam
prejudicados para exportação sem a alfandegagem.
BARBEIRAGEM
A barbeiragem pode
custar muito caro para nossa economia. Ainda mais para um governador que
insiste em manter-se longe do Governo Federal por questões ideológicas idiotas,
haja vista que os interesses estaduais devem prevalecer acima destes
tensionamentos que são “naturais” somente nas campanhas eleitorais. Sem ajuda e
agilidade dos órgãos federais e apoio político federal nosso porto voltará a
ser um velho atracador de canoa. Sem importância nenhuma econômica.
COMPADRIO
A coluna foi
pesquisar a expertise dos atuais responsáveis pelo modal portuário e concluiu
que as nomeações seguiram tão somente o critério do compadrio já que nenhum dos
nomeados são especialistas da área. Um terminal tão importante para a economia
de Rondônia virou mais uma sinecura para a perniciosa prática do
compadrio.
DENÚNCIA
Encontra-se sobre a
mesa de um diligente Procurador do Ministério de Contas uma denúncia para que
se investigue o contrato N° 631/PGE/21, firmado entre a Secretaria Estadual da
Saúde (contratante) e a Fundação Ezute (contratada), firmado em 24 de setembro
2021, no valor de três milhões, quatrocentos e noventa e dois mil reais, com
acréscimo de 25%. São valores quitados destinados à construção do Heuro e que
são alvo da investigação. Segundo a denúncia, encaminhada via ouvidoria do TCE,
há, em tese, prejuízos ao erário que deverão ser avaliados. Estamos de olhos
vivos e acompanhando passa a passo a edificação e contratação dos serviços do
Heuro. Hoje, envolto de alguns questionamentos.
CONFORMADO
Em Brasília é vista
como certa a cassação do ex-presidente Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral
pelas afrontas aos dispositivos da legislação eleitoral que, nos estados,
alcançam tudo e todos. Quem assistiu atento à campanha eleitoral, tendo um
mínimo de dignidade intelectual, sabe que Bolsonaro atropelava a lei eleitoral
e dia sim e outro também afrontava os tribunais com a suposta denúncia de
fraude nas urnas eletrônicas, nunca comprovadas e que tanto tumultuaram o
processo. Para desmentir a farsa os votos obtidos nas urnas pelos apoiadores
que formam hoje o Congresso Nacional são maiores do que os obtidos pela
esquerda, desmontando o discurso golpista que entabulou em toda a campanha como
atos preparatórios para um golpe que nunca se confirmou graças à posição
admirável das instituições brasileiras. Conformado antecipadamente com a cassação,
Bolsonaro está caladinho para evitar decisões mais gravames do que a
inelegibilidade.
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