Terça-feira, 30 de abril de 2024 - 16h13
PT
É
surpresa a indicação do nome de Fátima Cleide como pré-candidata a prefeita da
capital, anunciada pelo Diretório Municipal do PT, uma vez que vem se mantendo
longe do processo eleitoral. A ex-senadora têm todas as credenciais para
pleitear a candidatura e um eleitor simpático ao petismo disposto a propagar as
propostas para municipalidade, embora o partido sozinho não tenha a mesma
capilaridade que obteve nas urnas rondonienses de anos atrás. Contudo, vários
nomes do mesmo campo político progressista na mesma eleição, polarizada por
candidatos do espectro antagônico, não é um bom indicativo. Ao que parece, o
exemplo de 2022 - quando as forças denominadas progressistas se uniram em torno
do Lula-, não serviu de aprendizado aos membros da esquerda portovelhense.
MERRECA
Embora
esteja absolutamente dentro dos parâmetros legais, conforme decisão do STF, a
manutenção dos pagamentos de pensões aos ex-governadores de Rondônia que
recebiam o mimo antes da decretação de inconstitucionalidade da norma é no
mínimo indecente, especialmente aquela paga mensalmente ao multimilionário Ivo
Cassol. O tema foi exaustivamente debatido no último editorial do site Rondônia
Dinâmica, no último final de semana, apontando a insaciável e contraditória
volúpia do ex-governador em receber do erário uma quantia que, comparada
ao volume de riqueza que possui, é uma merreca. Mesmo sendo legal, a
merreca é imoral por sugar dos cofres públicos uma aposentadoria atualmente
considerada ilegal para os novos governantes. É Cassol sendo genuinamente Ivo.
VITALICIEDADE
O
prefeito da capital Hildon Chaves, político também rico (não tanto quanto
Cassol), optou por não perceber nenhum centavo a título remuneratório da
Prefeitura de Porto Velho. São condutas que revelam entre ambos que o espírito
público que os move é completamente distinto. Hildon paga do próprio bolso para
ser prefeito (pelo menos foi assim no primeiro mandato). Cassol cobrou todas as
benesses que o cargo governamental ofereceu e, agora, exige o pagamento de uma
pensão vitalícia.
DIFERENÇAS
São
diferenças que desnudam o modus operandi um do outro e mostram as disparidades
entre os discursos no trato com a coisa pública. Aliás, o ex-governador
permanece inelegível exatamente por teimar em não diferenciar o público do
privado. Hildon e Cassol são diferentes e estas diferenças podem se confrontar
em 2026, caso o ex-governador recupere a elegibilidade, uma vez que a sua
situação jurídica depende de uma mudança congressual na aplicação da lei da
ficha limpa.
BOQUIRROTO
Com
suas intervenções estridentes e recheadas de insultos aos desafetos, o deputado
federal Coronel Crisóstomo está se tornando no Plenário do Congresso Nacional
uma daquelas figuras pitorescas que abrem a boca para destilar uma verborragia
que provoca asno aos parlamentares cognitivamente normais e gargalhadas aos
extremistas mais bem articulados. Para observadores dos bastidores do
legislativo nacional, o coronel boquirroto não tem vida longa no parlamento que
um dia abrigou oradores da estatura de Ulisses Guimarães, Pedro Simon, Marcos
Freire, Marco Maciel, ACM, entre tantos outros mais abençoados
intelectualmente. Aliás, a bancada federal rondoniense atual é uma lástima, com
raríssima exceção.
OMISSO
Seguidas
reportagens publicadas pelo experiente jornalista Nilton Salinas sobre as investigações
policiais em andamento que verificam supostos atos administrativos de agentes
públicos no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde, na época da pandemia, têm
revelado muito mais do que aquilo que veio à tona. Nos depoimentos do
ex-secretário Fernando Máximo, por exemplo, é possível deduzir que todos sabiam
(inclusive ele) antecipadamente que a compra dos insumos para combate e
prevenção ao coronavírus poderiam estar contaminados de irregularidades, embora
o depoente repita à exaustão à autoridade policial que não assinou nenhum dos
contratos investigados. Ora, atos omissivos também são passíveis do crivo
judicial, principalmente quando a verdade real emerge e todos os atos vistos à
luz do direito se entrelaçam. A linha de defesa do ex-secretário é óbvia: não
assinei nada e não sei de nada. O que não significa que cole.
INDICIADOS
Mais
de uma dezena de servidores públicos da Sesau foram responsabilizados
criminalmente pelos kits covid. Todos com denúncias ofertadas à justiça pelo
Ministério Público. Exceto o ex-secretário adjunto de Fernando Máximo, os
demais indiciados são bagres nesta estrutura supostamente montada para
superfaturar os kits. Mas a coluna apurou que nestas investigações constam
autoridades estaduais e nacionais de alta patente que continuam no olho
do furação em processo apartado em razão da prerrogativa de foro. Daí que os
depoimentos trazidos pelo jornalista Salinas são reveladores com indicativos de
que mais barulho há de ocorrer pelo fio condutor das investigações que se espraiou.
TSUNAMI
Mesmo
com agentes públicos criminalmente indiciados, o governador os mantém em cargos
de comando na estrutura estadual. Alguns permanecem na Sesau, outros foram
nomeados para cargos de assessoria nos diversos órgãos governamentais, como o
DER. A curiosidade é que até hoje somente os ‘marujos’ foram expostos nas
investigações. Os ‘timoneiros’ de patentes vistosas continuam nas sombras
tentado se safar navegando em mar de almirante. O que a coluna pode adiantar é
que o barulho sobre tais fatos ainda vai ressoar muito por Rondônia na medida
que as investigações estiverem à disposição das altas instâncias judiciais.
PADEMIA
Com
uma legislação mais frouxa e necessária para o enfrentamento de uma pandemia,
alguns agentes públicos aproveitaram a frouxidão para surrupiar alguns
caraminguás enquanto milhares de pessoas morriam por falta de assistência.
Hoje, no país inteiro, governadores, prefeitos, secretários, agentes públicos
diversos estão sendo responsabilizados pela ganância de levar uma grana que
deveria ser destinada aos acometidos pelo coronavírus. São investigações
demoradas, mas bem maduras e com as responsabilidades individualmente
descritas. Quem pensou que sairia impune das investigações vai ser surpreendido
com o que vem por aí...
EMENDAS
Outra
linha investigativa que tem apavorado o mundo político é a destinação de
emendas com “cartas marcadas”. Tem também sido uma epidemia nacional de
malfeitos e, não raro, um deputado é fisgado nesta teia de manipulação dos
recursos carimbados e destinados aos municípios. Emendas, que deveriam
significar de obras públicas, viraram sinônimo de sujidade. Com resultados
incriminadores dos destinadores e destinatários. Anotem porque ouviremos muito
sobre tais fatos.
JERICO
Não
sei de quem foi a ideia de jerico que deu ordem aos guardas municipais de
trânsito da capital irem em massa (oito viaturas), sexta-feira passada à noite,
para multar os veículos que fazem fila dupla no aeroporto, em busca de
familiares, enquanto na avenida Jorge Teixeira, no denominado Espaço Alternativo,
carros faziam manobras bruscas e motoqueiros aparentemente bêbados empinavam
motos sem que nenhum guarda lhes importunasse. É no mínimo estranho a ordem
para fiscalizar apenas as imediações do aeroporto. Estranhíssimo este comando,
uma vez que é uma ação coibitiva que somente ajuda a sanha arrecadatória
através de multas e engorda o caixa do estacionamento privado existente nas
imediações. Já no espaço alternativo de madrugada, ao que parece, é livre para
tudo e todos que desrespeitam as leis e os costumes. Não sei bem se a ideia foi
de jerico, ou de cabra sabidinho. Uma dúvida que está a martelar esta cabeça
chata. Com a palavra o responsável pela pasta do trânsito, ou o prefeito se
assim quiserem.
PESOS
Por
três vezes presenciei o imponente BMW do senhor prefeito parado em fila dupla
no aeroporto, aguardando-o sem que nenhum guardinha aplicasse uma multa. Como é
um veículo privado, e não institucional, é passível de irregularidade como
qualquer outro automóvel do contribuinte. São pesos e medidas diferentes a
casos iguais que irritam o cidadão. A palavra continua com o dono do trânsito
da capital. E a ideia de levar oito viaturas na madrugada para atazanar o
cidadão no aeroporto sem vagas merece ser bem explicada, já que os índices de
mortos causados pelo trânsito da capital fora das imediações do aeroporto cada
dia aumenta exponencialmente. Até jerico percebe.
REELEIÇÃO
Volta a tramitar no Senado Federal a proposta de emenda à Constituição que acaba com a reeleição e aumenta os mandatos para cinco anos, exceto senadores. Apesar de não ser uma proposta consensual é uma emenda que tem conquistado adesões no Congresso Nacional com probabilidades enormes de ser aprovada.
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