Terça-feira, 12 de março de 2024 - 13h28
PREDADORES
Finalmente
a OAB-RO promoveu um evento sobre o caos aéreos e suas consequências que
merecem elogios. Bem diferente de outros que não passam de espuma momentânea e
sem a seriedade do tema “Aviação” que afeta a todos que necessitam deste meio
de transporte para sair do estado. Presentes Walter Moura, presidente da
Comissão Nacional de Defesa do Consumidor do Conselho Federal e Marcelo
Terto, membro do CNJ. Terto foi direto ao ponto e disse que os grandes
litigantes sobrecarregam a justiça de processos por praticarem lesões aos
consumidores em larga escala. Não o contrário. E fez um alerta altamente
contundente de que estas empresas “já capturaram todas as instâncias de
regulação administrativa (Procon, Agências Reguladoras, entre outras) e agora
querem capturar o Judiciário”. Uma declaração corajosa vinda de um membro do
CNJ, que sabe o que fala. Mas também é um alerta com desdobramentos
significativos e complexos. A captura de um poder que julga as demandas dessa
natureza é algo sem precedentes.
MENOSCABO
Quem
verificar no site do Tribunal de Justiça de Rondônia os julgamentos dos últimos
dois anos de ações contra as empresas aéreas vai perceber a mudança radical do
entendimento jurídico. Ações estão sendo denegadas com os mesmíssimos fatos
ensejadores de outras acatadas antes das retaliações feitas por essas empresas
aos consumidores de Rondônia. Quem também pesquisar no Google vai encontrar
matérias onde se confirma que as aéreas adotaram em Rondônia a tática de
diminuir bruscamente a oferta de voos, encarecer as passagens de forma imoral e
tratar o consumidor com menoscabo.
AZUL
Numa
roda informal em Brasília, durante a posse de um Conselheiro do Tribunal de
Contas de Rondônia na presidência da entidade nacional, este cabeça chata
assistiu por mais quarenta minutos uma conversa entre o prefeito da capital
Hildon Chaves, o senador Marcos Rogério e um dirigente da AZUL. Apesar dos
representantes políticos rondonienses argumentarem os exageros que as empresas
aéreas, inclusive Azul, fazem contra os passageiros rondonienses, além dos
preços exorbitantes, o dirigente da empresa reafirmava sem nenhum pejo que nada
mudará. E somente mudará quando as ações judiciais em Rondônia lhes forem
favoráveis. Segundo o dirigente da Azul, o passivo judicial é enorme. O que
suscitou uma reação dura das empresas.
DEBOCHE
Cruzando
este diálogo do representante da aérea com a declaração do Conselheiro do CNJ,
Marcelo Terto, é possível deduzir que a conta terminará sendo paga pelos
consumidores rondonienses, uma vez que as demandas para conter os abusos das
empresas aéreas estão cada vez mais raras. A oferta de indenização de 1 real,
feita em juízo por uma destas companhias aéreas é puro deboche. Além de um
acinte à máquina judicial. O mercado não pode ser tão livre ao ponto de os
consumidores serem extorquidos. Há regras civilizadas a serem postas como
limite da usura.
CINTO
O
pior é que todo abuso das aéreas está ocorrendo aos olhos das autoridades sem
uma reação. Como não contamos mais com os órgãos de regulação, segundo o membro
do CNJ, esperamos que o Judiciário local não se deixe levar nesta
empulhação. Apertemos o cinto porque o avião sumiu....
SIGILO
Uma
apuração que está em curso no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde pelo
Tribunal de Contas do Estado em desfavor de vários ordenadores de despesas, tem
um teor, na hipótese de comprovado, que complicará por anos as vidas dos
investigados. Como o sigilo foi baixado na sexta-feira passada, verifica-se que
algo pode estar em descompasso com as regras administrativas na contratação
direta para serviços de transporte intra-hospitalar (veículos e ambulâncias),
uma vez que o controle externo do órgão fiscalizador constatou supostas
irregularidades na condução da contratação, precariedade na justificativa com o
intuito de “maquiar” o contrato, fragilidade na pesquisa de preços, suposto
direcionamento e obediência ao devido processo legal.
AMPLA
DEFESA
Os
citados na suposta tramoia ainda terão a oportunidade de se defender, mas quem
lê o relatório inicial produzido pelos técnicos do TCE se assusta com os fatos
nele apurados. São recursos da Saúde que ultrapassam 18 milhões, numa
área deficitária e com instalações capengas em razão da falta de verba.
Qualquer desperdício impacta cada vez mais no bom atendimento, além de
criminoso. Todos terão a ampla defesa para desfazer as irregularidades
apontadas na apuração inicial do TCE. É um setor que de tempos em tempos a
Polícia faz devassa. Ao que parece não vai demorar para fazer mais uma.
W0
Pelas
movimentações nos bastidores da política, os entusiastas da pré-candidatura de
Mariana Carvalho a prefeita da capital trabalham na surdina para limpar a área
e tentar tirar da disputa qualquer adversário que possa levar a eleição para um
segundo turno. O deputado federal Fernando Máximo, por exemplo, já foi
informado que o União Brasil, o partido ao qual está filiado, pode lhe negar a
candidatura mesmo sendo atualmente um forte concorrente. O PSDB, do prefeito
Hildon Chaves, fechou questão no apoio à ex-deputada e o Cidadania do
presidente da ALE, Marcelo Cruz, também está apalavrado. O PL e o PP, embora
tivessem sido contatados por Maurício Carvalho, irmão da pré-candidata, ainda
não definiram, mas as tratativas estão em curso. O PP resiste e quer um
candidato próprio, o problema é que não tem nomes densos na capital. E o PL do
senador Marcos Rogério tem como pretendente ao cargo o deputado federal Coronel
Crisóstomo, um extremista que faz questão de berrar. A turma de Mariana sonha
com um cenário tranquilo, se possível vencer a parada por W0. Falta combinar
com os ‘Russos’.
SUBESTIMAR
Li
por aí que não é de bom alvitre subestimar o advogado Vinícius Miguel numa
disputa pelo paço da capital. E é verdade. Já ouvi em conversas informais
algumas figuras proeminentes desdenharem. Ele é alguém que pode chegar a
empolgar o eleitor, especialmente aquele eleitor que percebe de longe uma
candidatura avatar (é o candidato criado pela IA, a voz é dele, a cara de
outro) e Mariana é uma boa ilustração. Cada campanha tem suas próprias
circunstâncias e características similares. Porto Velho inova sempre quando as
candidaturas a prefeito não representam aquilo que está incutido no
inconsciente coletivo. Os exemplos são fartos. Chiquilito ungiu o médico Victor
Sadeck e seu candidato levou uma sova de José Guedes. Isto prova que nem sempre
um prefeito bem avaliado - Chiquilito era uma espécie de mito municipal -
consegue eleger o sucessor. Há outros exemplos semelhantes, mas é importante
destacar que o eleitor de Porto Velho também escolhe o prefeito fora do
espectro partidário, distante das castas partidárias. O próprio Hildon é uma
prova cabal desta assertiva, e antes dele, outro exemplo clássico foi Roberto
Sobrinho, único alcaide da capital a se eleger no primeiro turno , embora com
fim desastroso. Cada campanha é diferente da campanha passada. Esta
seguirá a mesma toada.
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