Terça-feira, 6 de agosto de 2024 - 07h58
CONVENÇÃO
Léo Moraes foi o
último candidato a prefeito da capital a ser homologado, no último sábado. Como
era esperado nos meios políticos foi uma convenção menor que a de Mariana
Carvalho, mas com um quórum razoável de pessoas, uma vez que a adversária do
candidato do Podemos contou com uma lista enorme de partidos coligados e as
estruturas políticas governamentais. Já Moraes, isolado pelos principais
caciques da política rondoniense, mobilizou um contingente razoável de seus
seguidores por convencimento político e com uma estrutura modesta de campanha.
ESQUERDA
Mesmo sendo um
candidato desconhecido da maioria dos eleitores de Porto Velho, Célio Lopes,
candidato dos partidos denominados de esquerda, vai à disputa com tempo de TV e
Rádio razoavelmente suficiente para se mostrar a que veio. Recebeu o reforço de
última hora do PSB, de Vinícius Miguel, que, por sua vez, refutou todas as
investidas do pedetista para ser vice na chapa das esquerdas. Aliás, é surpresa
para esta coluna Vini figurar na campanha de Lopes na condição de simples
defenso, conforme saiu na mídia. É um final político melancólico para quem
demonstrou nas urnas que é capaz de rivalizar com qualquer um oponente.
INGENUIDADE
Vinícius também foi
incapaz de compreender que os caciques descartam qualquer um que tenta se
viabilizar de forma independente. Desde as primeiras conversas com o PT e PDT
que Vinícius (PSB) estava fora dos planos das esquerdas. Foi ingênuo e inábil
ao não viabilizar o projeto eleitoral fora do espectro ideológico ao qual o PSB
se enquadra. Ao ficar fora destas eleições é bem possível que em 2026 perca o
comando do PSB, além de perder o protagonismo.
MASSACRE
Pelo tempo de TV e
Rádio disponível para a coligação da filha de Aparício de Carvalho o massacre
das produções de marketing vai ser monumental. São instrumentos de campanha
poderosos para qualquer candidato, razão pela qual os adversários começam a
bradar para que as emissoras façam o maior número de debates que compense o
massacre do tempo de TV destinado à adversária.
ALTERNATIVAS
É óbvio que é
excelente para qualquer candidato um tempo extenso de TV e Rádio para que possa
apresentar as propostas de campanha aos eleitores. No entanto, desde a chegada
do WhatsApp e Instagram as campanhas tomaram um novo formato midiático tão poderoso
quanto das televisões abertas. São nas mídias sociais que os candidatos vão
utilizar com mais veemência e força suas peças publicitárias. Isto significa
deduzir que o massacre aparentemente eminente pode ser compensado com uma
campanha mais proativa e reativa nessas novas ferramentas digitais. São as
alternativas que a internet dispõe aos candidatos para equilibrar o pleito.
DEBATES
Os debates da Globo e
da SIC TV (Record da capital) que sempre foram destaques nas campanhas, seja na
audiência, seja na capacidade de edição das melhores performances dos
candidatos, são os dois decisivos para os candidatos. E da SIC, feito
geralmente com antecedência do primeiro turno, dá mais visibilidade ao
debatedor que consegue se sobressair melhor que os demais. Quem aproveita a
oportunidade pode mudar o jogo, embora não seja uma fórmula fechada e igual as
que aconteceram no passado.
COGNIÇÃO
Não é nada novo um
candidato limitado em argumentos e lento no raciocínio fugir destes embates de
ideias para evitar gafes ou expor as próprias deficiências cognitivas. Vários
já fugiram dos debates e todos que o fizeram estavam com uma vantagem nas
pesquisas bem robusta. A ausência é um cálculo bem avaliado pelos comitês de
campanha que levam em conta a suposta vantagem nas pesquisas com a
possibilidade de perda de pontos na hipótese da ausência. É justo um candidato
correr do confronto das ideias quando percebe que não está bem seguro para os
embates ao vivo. Como é natural quem está atrás exigir o confronto como chance
para virar o jogo. Nada fora do script das campanhas. Apesar de que nós,
jornalistas, eleitores e militantes também queiramos ver os candidatos expondo
suas diferenças ao defender cada proposta em mais de um debate televisionado.
LOROTA
Achar que a ausência
num debate com audiência próxima a zero perde campanha é uma péssima avaliação
e revela uma certa debilidade de quem assim interpreta. Mas é arriscado
qualquer candidato participar de um debate quando não está seguro das propostas
que defende nem capaz de sair das armadilhas que os adversários aprontam com
perguntas inconvenientes para quem responde. Portanto, nesses casos
específicos, fugir do embate pode ser a alternativa menos danosa. O resto é
lorota.
CACOAL
O atual prefeito de
Cacoal, Adailton Fúria (PSD), é franco favorito à reeleição e, não havendo nada
de anormal no decorrer da campanha, tem tudo para levar a fatura com uma
votação bem mais avantajada percentualmente que todos dos demais candidatos a
prefeito em Rondônia. Seu adversário, ex-deputado Celso Popó, candidato do PL,
é uma invenção partidária visto que reside no município há pouco tempo, depois
de curtir férias por mais de quatro anos na bucólica cidade em Miami, USA. Popó
é aquele cara que todo mundo gosta, mas não vota.
VIOLÊNCIA
É difícil compreender
o eleitor quando um dos principais problemas sociais que afligem Rondônia é a
falta de segurança pública com a proliferação das organizações criminosas,
causando balbúrdia e medo à população, enquanto isso aumentam os candidatos a
prefeito, vices e vereadores oriundos das forças da Segurança Pública.
Exatamente de onde todos esperam mais esmero e competência no combate aos
criminosos. É no mínimo uma incongruência, embora seja fato.
CRISE
Todos os órgãos
ambientais e autoridades políticas sabiam antecipadamente que este ano seria o
mais seco com uma crise hídrica sem precedentes. As ações para mitigar os
reflexos dessa crise exigiam de todos atitudes antes do problema instalado, o
que não ocorreu como esperado. Era uma crise previsível sem uma reação
compatível com o problema. Os governos editaram normativas de emergência sem
que ações concretas também fossem imediatamente executadas. Órgãos cartoriais
sem eficiência nas ações servem apenas de cabide de emprego para políticos
aparelharem. É um bom momento para se questionar a competência dos nossos
representantes que ficam inertes numa crise monumental como é essa
hídrica.
MUDANÇAS
O Congresso Nacional
vai analisar e votar uma mudança substancial ao Código de Processo Penal que
inova a definição dos critérios que deverão ser levados em conta pelo juiz ao
avaliar a periculosidade da pessoa detida por prisão preventiva. O Código de
Processo Penal já possibilita a prisão preventiva com base no risco que o
detido possa oferecer a pessoas e à sociedade caso seja colocado em liberdade.
A inovação trazida pelo projeto é a definição de quatro critérios que deverão
ser levados em conta pelo juiz para avaliar a periculosidade da pessoa detida.
São eles: modo de agir, com premeditação ou uso frequente de violência ou
grave ameaça; participação em organização criminosa; natureza, quantidade
e variedade de drogas, armas ou munições apreendidas; ou possibilidade de
repetição de crimes, em vista da existência de outros inquéritos e ações penais
em curso.
ABSTRACISMO
O projeto que
estabelece a definição de critérios pode ajudar o juiz a decidir mais
rapidamente sobre a prisão preventiva e afastar questionamentos sobre a
aplicação desse tipo de prisão. Ele explica que o magistrado não precisará, no
entanto, se basear somente nos critérios propostos e poderá julgar com base em
perigos oferecidos em cada caso concreto. Segundo o
projeto, não será possível decretar prisão preventiva com base na
"gravidade abstrata do delito”, devendo o risco oferecido à ordem pública,
à ordem econômica, ao processo criminal e à aplicação da lei ser demonstrado
concretamente. Atualmente o abstracismo não tem sido raro como
“fundamento” nas decretações das prisões.
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