Terça-feira, 11 de junho de 2024 - 13h51
OBVIEDADE
Não foi surpresa para ninguém do
ramo da política a vitória do ex-deputado federal Lindomar Garçom para a
prefeitura Candeias. O retorno ao mandato marca também o renascimento de Garçom
depois de derrotas consecutivas para a Câmara Federal. É também um resultado
que promete estabilizar as relações políticas no município uma vez que nas
administrações passadas as divergências entre Executivo e Legislativo
culminaram em cassações que instalaram o caos político no município. Garçom é a
cara de Candeias e depois da sua gestão todas as que sucederam foram
horrorosas, daí que a vitória era óbvia.
IDENTIDADE
Muitos políticos manifestaram
apoio à candidatura de Garçom e vários deles foram às redes sociais com o
intuito de faturar com o resultado da eleição. Faz parte do show, mas a vitória
que era previsível é pessoal, do Garçom. Há identidade entre Garçom e o eleitor
de Candeias, diferente do adversário Dr. Ribamar Araújo que, embora tenha
fixado recente residência no município, nunca conseguiu ser identificado como
político municipal. Aliás, os cargos exercidos por Araújo, vereador e deputado
estadual, foram conseguidos através do eleitor da capital. Com adversários sem
esta ligação com Candeias a eleição de Garçom foi uma barbada.
TRONCHO
Erra quem analisa a eleição de
Candeias numa perspectiva ideológica, visto que não passa de lorota impor aos
caciques estaduais derrota nem vitória com o resultado computado. Portanto, o
apoio de Marcos Rogério ao candidato derrotado e o de Hildon Chaves ao
vitorioso não significa eleitoralmente nada. É um equívoco de análise achar que
o eleitor de Candeias teria se guiado pela polarização ideológica que assola o
mundo, uma vez que na eleição municipal as premissas que movem o processo são
completamente diversas das nacionais e estaduais. Quem analisa desta forma
torta o faz por interesses igualmente tronchos.
ASTENIA
Já não é a mesma força a
tramitação no Senado Federal de um projeto de lei que muda a interpretação da
contagem dos prazos da Lei da Ficha Limpa, aprovada ano retrasado na Câmara
Federal. É uma minirreforma polêmica que reabilitaria políticos afastados da
vida pública em razão de condenações criminais em órgãos colegiados, que
renunciaram ao mandato para escapar de cassação ou ainda os que tiveram
prestação de contas rejeitadas. Ivo Cassol (PP) e Acir Gurgacz (PDT) dependem
exclusivamente dessa aprovação para recuperarem a condição de elegibilidade e
assim disputarem as eleições de 2026. Sem a aprovação estarão fora do pleito.
Hoje há uma astenia em relação à proposta.
APURAÇÃO
É gravíssima a suposta
manipulação no processo licitatório dos boxes da nova rodoviária para
exploração comercial. Segundo o jornalista Nilton Salinas, há denúncias de que
políticos estariam habilitando “laranjas” para serem aquinhoados com os boxes.
Após a denúncia ninguém desmentiu nem deu alguma declaração, o que aumenta a
desconfiança. Para que tudo seja passado a limpo, o ideal seria esclarecer todo
processo. Assim as dúvidas seriam clareadas e os riscos dissipados.
CANDIDATURA
Confirmando o que este
cabeça-chata escreveu nesta coluna ainda em março, Léo Moraes (Podemos)
renunciou à Direção Geral do Detran e anunciou a pré-candidatura a prefeito da
capital. Já deu início às conversações com os demais partidos e pretende reunir
o maior número de legendas de oposição para enfrentar a filha de Aparício de
Carvalho (Mariana), além das estruturas de governo municipal e estadual, o que
não é tarefa nada fácil, embora possível.
DISPUTADÍSSIMA
As atenções eleitorais vão estar
também em Ariquemes onde a disputa para o paço municipal começa a se desenhar
acirradíssima. A atual prefeita Carla Redano (Patriotas), Rafael Fera (Podemos)
e a professora Agna Souza (MDB) prometem uma campanha de provocar suspiros aos
militantes. Independentemente do resultado, Redano tem se revelado uma gestora
operosa em todos os setores da administração municipal. Ainda assim a disputa
promete.
RETORNANDO
Segundo o jornal Valor, o Partido
dos Trabalhadores conta com Fátima Cleide na disputa pela prefeitura de Porto
Velho. Ela tem evitado declarações públicas sobre candidatura e reservadamente
sinalizava que não colocaria o nome na eleição. Caso opte em disputar o pleito
estará atendendo a uma convocação nacional do partido. Zé Dirceu, prócere do
PT, está com a incumbência de articular as candidaturas do campo progressista
nas capitais e Fátima sempre manteve uma boa relação com o ‘capitão’ petista.
Caso anuncie, Zé a convenceu.
JULGAMENTO
É grave o que explicitou o
Tribunal de Contas ao julgar a insurgência da prefeitura da capital sobre o
processo de contratação da empresa que recolhe o lixo e trata dos resíduos
sólidos. O TCE havia orientado o prefeito a suspender a contratação apontando
inúmeras ilegalidades no processo de licitação, mas as inconformidades foram
ignoradas. Para garantir uma suposta legalidade, a municipalidade instou a
Câmara Municipal a aprovar uma lei que amparasse a decisão relegando os
apontamentos do TCE a mero aconselhamento sem força de vinculação. No
julgamento desta terça-feira, o TCE não apenas reafirmou as ilegalidades como
multou o prefeito Hildon Chaves em 80 mil reais e, não cancelando o contrato,
novas multas diárias no valor de 500 mil reais. Na mesma toada, também aplicou
penalidades nos vereadores que se arvoraram de prerrogativas para julgar controle
de constitucionalidade sem que a lei assim os tenha outorgado.
DIFERENÇA
Pelo que abstraímos do
julgamento, o TCE estabeleceu como ponto fulcral da demanda a diferença entre
controle de atos de governo com atos de gestão. No primeiro o órgão atua como
suporte técnico ao legislativo nas matérias específicas que a legislação
dispõe. Já a atuação dos Tribunais de Contas nos atos de gestão estão
subjugadas aos dispositivos legais que constitucionalmente as Cortes de Contas
possuem, entre elas, o controle sobre os contratos e atos administrativos dos
poderes. E foi em razão desta diferenciação que o TCE atuou quando apontou ao
prefeito a nulidade no contrato do lixo. Nulidade esta que a municipalidade deu
de ombros e tentou com a edilidade transformar a corte em um Tribunal faz de
Contas. Uma decisão que pode fazer a diferença no futuro político de Hildon
Chaves.
INELEGIBILIDADE
O TCE além de anular a licitação
do lixo é multar os agentes públicos, encaminhou o processo e o acórdão para o
Ministério Público de Contas avaliar eventual crime de improbidade
administrativa. Na hipótese da existência, a teimosia de Hildon Chaves em
ignorar as recomendações do TCE pode refletir na sua inelegibilidade futura.
Como a coluna alertou três semanas atrás, quem mexe com lixo termina se
sujando. Seja por birra, seja por irresponsabilidade.
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