Terça-feira, 15 de outubro de 2019 - 16h29
De lutas e desafios, de amor à profissão e à Educação é que se faz o Dia dos Professores, comemorado nesta terça-feira (15). Com vidas dedicadas ao ensino e ao estímulo a uma nova perspectiva, professores da rede pública estadual falam sobre a carreira e o encanto da labuta como educadores.
A professora de Matemática, Claudenice Ambrósio de Lima, 50 anos, só como educadora pelo Estado tem 30 anos de serviço e conta que entrou no Magistério por vocação. “Eu sou paraibana, e a minha irmã mais velha foi a minha inspiradora porque ela era professora na época. Quando a substituía em sala de aula, eu me identifiquei muito. Entrei na faculdade muito cedo, aos 16 anos, e quando eu escolhi a licenciatura, ainda cheguei a fazer engenharia civil, mas o meu lado pendeu mais para a licenciatura em Matemática mesmo”, lembra.
A trajetória da educadora começou com o ensino infantil até chegar atualmente como formadora de professores. “É muita perseverança, sempre trabalhei na rede pública, mesmo trabalhando com a rede privada. Até o ano passado ainda estava na sala de aula, e eu gosto. A sala de aula é meu laboratório. Já passei por todas as frentes. Fundamental I e II, Ensino Médio, Cursinho, e agora com os professores. Mas é a sala de aula é meu forte”, declara.
Daniel Diogo de Araújo Júnior, 50 anos, é também professor de Matemática há quase 30 na rede pública estadual. “Eu comecei no dia 2 de abril de 1990, na cidade de Rolim de Moura, por um contrato, à época, emergencial, e trabalhava com o Ensino Fundamental e Médio, no distrito de Nova Estrela, onde foi a minha primeira experiência. Os desafios, a princípio, são conhecer e estar inserido nesse meio. O maior deles eu diria que é conhecer a comunidade, o seu público, e tentar reverter várias situações, que às vezes são de risco, dificuldades, frustrações, junto com os alunos e comunidade escolar. O professor se desafia em fazer com o aluno sinta prazer em estar na escola”.
Em toda a jornada na Educação, Daniel diz que sente o prazer em dar aula, em passar o conhecimento.
“Passei por várias experiências, e pra mim é muito prazeroso tentar interferir positivamente na vida dos meus alunos. Graças a Deus, do testemunho que eu tenho, já ficaram muitas marcas no caminho, bons frutos”, diz Daniel Diego, professor de Matemática.
No Estado há três anos, Adevaldo Barroso Barbosa, 32 anos, já atua na Educação desde 2014. Pedagogo especializado em Libras, o profissional diz que a área é ainda um campo novo.
“Enfrentamos muitas barreiras e desafios, mas acredito ser algo inovador, que pode abrir portas e dar o suporte para um público que não tem acessibilidade. O maior diferencial é lá na ponta. Dou aula em faculdade em cursos como enfermagem, odontologia, pedagogia, e vejo a real necessidade do público. Um surdo que chega na unidade de saúde e não tem o atendimento para o seu problema pela falta de conhecimento dos profissionais na hora de comunicar com esse cidadão. Então, com profissionais que entendam essa comunicação se faz a acessibilidade a esse público”.
A valorização profissional ainda é o maior dos desafio para o professor. “Na área de Libras, há ainda muita falta de conhecimento de gestores, de não saberem a diferença entre o professor de Libras, o intérprete, o tradutor, e o instrutor, e as necessidades reais desses profissionais. Há muito o que se avançar, mas acredito que os primeiros passos já estão sendo dados”.
Maria do Socorro da Costa Santos, aos 52 anos, já está em processo de aposentadoria, mas atua há 33 anos como pedagoga em Rondônia. “Já fui professora de Magistério, séries iniciais, supervisora escolar, e atualmente trabalho com a formação de gestores”.
O desafio, segundo a professora, é saber se colocar como gestora em sala de aula. “Quando você está à frente de uma turma, você tem que saber administrá-la. Tem que ter bastante sapiência para fazer com que o aluno compreenda a importância do aprendizado. O professor tem que vender ‘seu peixe’, se sentir parte do processo como aquela pessoa que está ali para aprender”.
A professora lembra a importância da família ser presente da vida educacional dos alunos. “É difícil porque às vezes os pais não trabalham a seriedade que é o aprendizado, do conhecimento, do estudo para ser um futuro profissional e isso acaba sobrando para o professor essa conscientização. É desafiador, mas muito compensador ao final do processo, quando percebemos que o aluno aprendeu, que fizemos a diferença na vida deles. É gratificante”.
Para os novos professores em formação, Maria do Socorro dá o recado: “é viciante ser professor. Que os novos profissionais tenham muita paciência, porque estamos vivendo um mundo totalmente diferente daquele em que eles vivenciaram quando estavam na escola. Hoje os alunos tem muitos estímulos externos, e chegar dentro da sala de aula e ficar só no ABC sem criatividade no planejamento pedagógico, sem que o professor faça com que ele se apaixone pelo que ele está fazendo, não é fácil. Busquem meios novos, livros diferentes, vídeos, músicas que levem à aprendizagem para fazer essa diferença”.
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