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Samuel Saraiva

Mídia escancarada aos big brothers foge do velho e bom jornalismo


Mídia escancarada aos big brothers foge do velho e bom jornalismo  - Gente de Opinião

Entristece constatar em todas as redes sociais debates triviais, inócuos e infindáveis a postura inconcebível de parcela do conjunto de atores midiáticos convergindo para vertentes de natureza político-partidária, ideológica e até religiosa. 

Esse comportamento protagonismo equivocado os diminui à condição de meros agentes especulativos, extrapolando abusivamente os parâmetros conceituais da liberdade de imprensa e indiferentes à importância da indispensável escolha de temas legítimos, sobretudo, os de irrefutável relevância vital para a humanidade, deveriam ser pautados com prioridade e empatia. 

Se assim fosse, encontrariam soluções a problemas gravíssimos, e inadiáveis que afetam populações mais vulneráveis, essas sim, dignas de serem vistas a cada 24 horas.  

Numa inversão de valores pouco razoável, atores midiáticos se dedicam a premiar futilidades, sexismo, criminalidade e a indústria do entretenimento, de duvidoso gosto, destinando injustificável espaço no noticiário, e com isso, mantendo a sociedade distraída e confusa. 

Enquanto isso acontece, atores políticos a serviço do poder econômico se tornam cada vez mais bestialmente ricos à custa do empobrecimento coletivo. Ávidos e espertos, transformam em lucro catástrofes naturais, guerras e pandemias que castigam os mais pobres ante a ausência de sensibilidade social. 

Os mais imaturos e pretensiosos vestem-se com toga de “juízes”, mostram-se distanciados da razão e do aprendizado acadêmico e científico, em consequência dos percursos pessoais e profissionais, das carícias ao ego e da paixão pelas correntes com as quais se simpatizam,  ofuscando o profissionalismo. 

Ao mesmo tempo, maculam o admirável legado construído com sobriedade pelos mestres do bom jornalismo, sob a égide da estrita observância à ética, com o único objetivo de informar em vez de propagar desorientação, abstendo-se de influenciar tendenciosamente como forma de afirmação pessoal e atendimento dos interesses de seus empregadores. 

Ofuscam a competência à luz do conhecimento acadêmico, da técnica, da ciência, sobretudo, do zelo que deveriam primar pela isenção e imparcialidade plena na formatação de opiniões. 

Em vez de construírem, se inspiram em paixões desvairadas, confundindo e comprometendo a qualidade do debate público, evidenciando um estágio de infantilidade que têm maculado o sistema de comunicação midiática como um todo, tornando-o cúmplice e partícipe ativo do status deplorável de desigualdades, injustiças e violência, numa tríade complexa e homogênea entre mídia, política e opinião. 

Sistematicamente, parcela considerável dos artífices da mídia atuam como propagadores voluntários, emotivos e apaixonados, escolhendo como prioridade o enfoque conjuntural em detrimento das questões legítimas de caráter estruturais, enquanto propostas sérias sãdepositadas irresponsavelmente nas lixeiras do submundo cibernético. 

Parecem ignorar ou não entender que existe um inimigo comum a ser combatido, no lugar daqueles premiados com desproporcional visibilidade.

Desigualdades sociais e econômicas, a fome propriamente dita, e muitos problemas estruturais causam mortes e desafiam a inteligência humana. Infelizmente, seguem-se as mazelas, os rumores de guerra, todos causando nociva apreensão no plano psicossocial. Como dói a realidade! 

Sem o entendimento correto do papel dos artífices da imprensa, ela apenas existirá como um poder subserviente a serviço das elites econômicas e políticas obcecadas por lucros tão extraordinários quanto imorais.   

Enquanto isso, equidistantes e conscientes que não poderão mudar o curso da história, uns poucos, invadidos pelo sentimento de tristeza e impotência, se resignam a observar apreensivos esse cenário patético de “pão e circo, que agride a razãe macula a própria dignidade humana. 

Ao fim, nem todos alcançam a maturidade profissional que permita superar a indiferença aos bons propósitos, mas seguramente, os que ousam exercitar a profissão com cidadania, haverão de retornar ao plano original com a consciência tranquila e a gratificante certeza de estarem livres do desagradável e pesado tulo de omissos nos registros do Universo eterno. 

O que dizer mais? Siga o espetáculo!!!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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