Sábado, 21 de março de 2020 - 21h53
Durante a tarde da sexta-feira
somente se tomou conhecimento de que haviam reuniões sobre as medidas que o
Governo de Rondônia iria adotar para fins de prevenção e enfrentamento ao Covid
19 (novo corona vírus). Evidentemente, como existia um processo de rápida
disseminação do vírus era esperado que as providências fossem também rápidas. E
foram, pois, o o decreto nº 24.887, de 20 de março de 2020, estabeleceu a adoção de um série de medidas de prevenção à
doença, inclusive sofrendo infrações administrativas em caso de descumprimento,
foi assinado na própria noite da
sexta-feira (20) pelo governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha. Ocorre que
as medidas, de fato, se estenderam, como é necessário, ao funcionamento de cinemas, teatros, bares,
clubes, academias, banhos/balneários, boates, restaurantes, atividades e
serviços privados não essenciais, funcionamento de galerias, lojas, comércios,
shopping centers, centros comerciais (com exceção de farmácias, supermercados,
panificadoras e demais estabelecimentos considerados essenciais ao atendimento),
bem como a suspensão de ingresso no
território do estado de veículos de transporte público e privado, derivados do
território internacional; participação em viagens oficiais, reuniões,
treinamentos, cirurgias em hospitais públicos e privados e até mesmo à utilização
de mototaxis; operação aeroviária de aeroportos estaduais; realização de
eventos de qualquer natureza, tanto público quanto privado, com mais de cinco
pessoas. E, como seria lógico, o trânsito
de pessoas em locais públicos ou privados que envolvam aglomeração.
SURPRESAS
E INSATISFAÇÃO
Embora as reações tenham sido,
em sua grande maioria, de aprovação as medidas tomadas, houve muitas
reclamações de diversos segmentos da sociedade. A principal delas veio da forma
como as coisas foram feitas. Não houve nenhuma reunião de consulta à sociedade
civil e as reuniões foram feitas, de modo fechado, no interior da burocracia
estadual. Ou seja, as empresas e as pessoas foram informadas depois das
decisões tomadas e sem um amplo conhecimento público. O governador, nem sua
assessoria de comunicação, não convidaram nem autoridades, nem representantes
de classe ou até mesmo a imprensa para dar conhecimento de suas decisões. E,
note-se, foram decisões noturnas e não publicadas no Diário Oficial. Assim,
imagine como um comerciante em Cabixi ou Guajará-Mirim poderia saber que não
podia abrir as portas? Isto, porém, é levar a questão para os extremos.
Efetivamente, até mesmo os maiores comércios de Porto Velho abriram suas portas
sem ter conhecimento do decreto de calamidade. Principalmente em Porto Velho,
uma cidade sem comércio hoje, louve-se, então, a competência e o bom trabalho
da Polícia Militar que, ao chegar nos locais, para obrigar ao fechamento soube
fazer um belíssimo trabalho, notificando e tratando com muita educação os
empresários. Na sua grande maioria, esses reagiram com calma e reconhecendo a
gravidade da situação de emergência. Mas, em especial, os que estão com
problemas econômicos, e sabem que irão se agravar com o fechamento, não
disfarçaram sua irritação. Donos de restaurante consideraram um absurdo a
medida e elogiaram a atuação da Prefeitura Municipal que estabeleceu limites
para o funcionamento, bem como discutiu as medidas antes com lideranças
empresariais. Lojistas dos centros comerciais reclamaram que a medida deveria
ter sido melhor pensada, de vez que os fregueses já eram rarefeitos mesmo.
Indignados estavam os mototaxistas que dizem depender diretamente da renda que
usufruem com seu trabalho diário e reclamaram que, de acordo com uma liderança
deles, se trata do único serviço de transporte citado diretamente. E indagavam:
por que nós, que somos o elo mais fraco da corrente? Outro grupo que enfrenta sérios problemas de
sobrevivência é o do comércio informal, pois, as barracas e vendedores de todo
tipo estavam recebendo a fiscalização policial e sendo obrigados a deixar os
locais onde se encontravam. A reclamação invariável é a de que: a renda que
gero aqui é para manutenção da família? Como vou viver? Como vou comer? Os
policiais, porém, apesar de polidos, diziam que estavam cumprindo a lei e não
podiam deixar de cumprir. A lei-diziam- é para todos: grandes, pequenos e
micros. De qualquer forma, de um modo geral, houve uma concordância de que as
medidas são corretas, que os impactos econômicos estão muito fortes, afetando
toda a economia e que o Governo apenas errou feio na comunicação.
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