Segunda-feira, 25 de maio de 2015 - 06h02
Na busca por uma alimentação mais saudável, consumidores têm optado por produtos orgânicos. O custo mais alto do que o dos produzidos de modo convencional compensa em relação à melhoria da qualidade de vida e da saúde, de acordo com os adeptos da fabricação orgânica. Mais informações sobre o setor estão disponíveis desde ontem 24, com o início Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos.
A funcionária pública Aparecida Araújo trocou os alimentos produzidos com insumos químicos pelos orgânicos há dez anos e diz que sente os efeitos na saúde. “Os produtos químicos acabam acarretando doenças, o orgânico é mais fresquinho, mais conservado. Eu tenho 51 anos e minha preocupação é retardar o uso de medicamentos”, disse. Aparecida diz que vale a pena pagar um pouco mais pelos orgânicos, pois seu modo de produção também é mais sustentável para o meio ambiente, além de estimular a agricultura familiar.
Segundo o engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Distrito Federal Rafael Lima de Medeiros, o custo do orgânico para o consumidor é, em média, 250% mais caro que o alimento tradicional. Algumas hortaliças têm o preço muito próximo, outros, como tomate e morango, já apresentam uma diferença maior. “Isso se justifica porque o agricultor orgânico tem que trabalhar com insumos mais caros, fertilizantes não tão solúveis, a hortaliça fica mais tempo na terra, demora mais pra ficar pronta. Existe também um custo com a certificadora que exige que o produtor seja socialmente justo, com todos os empregados com carteira assinada. Tudo isso acaba encarecendo”, argumenta.
Ele diz, ainda, que o custo para o agricultor é maior, mas a lucratividade em relação ao convencional também tende a ser mais alta, já que o produto orgânico não está tão sujeito à sazonalidade do mercado, pois a demanda é constante. “Na época da seca, o tomate custa R$ 10 a caixa e, na fase da chuva, chega a valer R$ 120. O preço do tomate orgânico é R$ 80 o ano todo, não varia muito para o agricultor.”
A Agência Brasil visitou o Mercado Orgânico da Central de Abastecimento do Distrito Federal e encontrou lá a aposentada Dilma Moura. Ela conta que encontrou resistência dos filhos, mas diz que perdeu 10 quilos de dois anos para cá ao mudar para a alimentação orgânica.
“Busquei especialistas, nutricionistas, deixei os remédios e passei a tomar mais vitaminas, orientada pelos médicos, e isso causou uma mudança radical na minha vida. A alimentação saudável controla o estresse, ajuda a dormir e você se sente melhor para fazer exercícios. É um produto de muita aceitação, dizem que é mais caro, mas não consigo ver isso diante de tantos benefícios para a saúde”, conta.
Segundo a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco, é necessário ampliar a produção e o acesso a esses alimentos. “Precisamos ampliar as bases da produção agroecológica no Brasil. Para que isso se efetive devemos ampliar o crédito, o seguro agrícola, todos os instrumentos de política agrícola e de assistência técnica.”
A presidente do Consea defende a popularização das feiras agroecológicas pelo país. “Precisamos dos chamados circuitos curtos de mercado. Isso dinamiza a economia local, traz uma relação mais direta do agricultor com o consumidor. Nos bairros populares, necessitamos ter sacolões, precisamos expandir esses equipamentos de alimentação pública. Isso é que vai garantir um consumo maior com preços também mais acessíveis para essa população.”
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) disponibiliza uma lista com alguns pontos de venda de alimentos orgânicos no Distrito Federal. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor também tem um mapa online de feiras orgânicas pelo país.
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