Domingo, 13 de novembro de 2016 - 08h22
Mais 20 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de arritmia cardíaca, doença responsável por mais de 320 mil mortes súbitas todos os anos no país, segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). As palpitações são um dos principais sinais de que o ritmo do coração está fora do normal. E, mesmo quando isso ocorre durante algum esforço ou exercício, é preciso estar alerta sobre sintomas mais fortes. Além da palpitação, a alteração da frequência cardíaca para um ritmo mais acelerado ou mais lento também pode provocar tonturas, náuseas e vômitos.
A receita do médico Jairo Rocha, arritmologista e eletrofisiologista, membro da Sobrac, é buscar hábitos saudáveis de alimentação, exercícios frequentes e controle de doenças como obesidade e diabetes. Mas, no momento da crise, a solução é tentar sentir o pulso quando os sintomas aparecem e procurar um especialista se verificar uma aceleração ou redução do ritmo. “A pessoa pode sentir desde palpitações, mal-estar, tontura e cansaços e ser uma arritmia benigna. Mas existem as malignas e essas podem levar a morte. Para saber se é grave ou não, o especialista tem que ver. Na grande parte das vezes, a arritmia é benigna mas tem que ter cuidado”, alertou Rocha em entrevista ontem (12), Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita.
O registro dessa alteração no coração deve ser feito, segundo o médico, por um aparelho chamado eletrocardiograma, que pode identificar alterações até fora das situações de crise em alguns casos. O ideal, segundo Rocha, é que, em caso de qualquer sintoma fora do normal, o paciente procure um hospital para fazer essa medição dos batimentos porque esse registro é fundamental para o diagnóstico do tipo de arritmia e tratamento.
Rocha lembrou o caso do zagueiro Serginho, jogador do São Caetano, que, aos 30 anos, caiu no gramado do Morumbi durante o jogo contra o São Paulo em outubro de 2004. “O caso do Serginho que caiu e teve morte súbita foi uma arritmia maligna. Nunca se deve fazer atividade física sem passar por um eletrocardiogama, que é fundamental”, disse. Segundo o especialista, com o diagnóstico é possível identificar casos benignos ou casos que podem ser controlados com uso de medicamentos ou tratados com intervenções médicas usando técnicas como a ablação. “Nos casos que não conseguem tratamento curativo e de controle ou quem já tem arritmia maligna genética e o risco é muito grande, a gente indica o marcapasso com desfibrilador acoplado. Esse equipamento detecta a arritmia e o marcapasso libera o choque salvando a vida do paciente. Se estivesse usando esse equipamento, Serginho talvez ainda estivesse aqui”, explicou.
Um dos tipos de arritmia é a fibrilação arterial, que atinge principalmente pessoas idosas e é uma das grandes responsáveis pelo aumento de casos de acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame. “Acima dos 60 anos, a incidência começa a aumentar e é responsável pelo maior número de AVC nessa população. Muitas vezes é assintomática, a pessoa tem e não sabe que tem. Com o eletrocardiograma você identifica mesmo sem a crise na hora”, disse. Apesar de destacar a faixa etária mais vulnerável, Rocha alertou que pessoas mais jovens podem sofrer com esse tipo de alteração da frequencia cardíaca e por isso devem redobrar atenções se identificarem qualquer alteração mais brusca.
Rocha explicou que, com o passar do tempo, a fibrilação pode evoluir para um aumento do coração ou facilitar formação de trombos no coração. “Tem parte do coração que não se contrai, como o sangue não consegue passar, ele começa a acumular, e sangue parado coagula. Esse coágulo pode entrar na circulação sanguínea e obstruir circulação podendo levar à trombose, embolia pulmonar ou ao AVC”, explicou o médico.
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