Segunda-feira, 31 de janeiro de 2022 - 14h51
Seguimos em meio à pandemia, muitos novos casos de
covid-19, variantes e muitas dúvidas e questionamentos todos os dias. Isso se
deve a uma enxurrada de informações sem procedência e, via de consequência, sem
a devida análise e reflexão científica.
Primeiramente, antes de compartilhar e/ou opinar de
forma cientifica sobre qualquer assunto, é necessário ter em mente que toda a
nossa “verdade”, que pode mudar ou ser questionada, deve estar baseada em
evidências, ou seja, estudos científicos. Apenas achar, sem base científica,
não é sinal de boa conduta. Em segundo lugar, na leitura dessas evidências ou
artigos científicos, para fins comparativos, é imprescindível compreender as
amostras e técnicas metodológicas utilizadas.
Os estudos considerados de boa qualidade obedecem a
padrões rigorosos de metodologia, que incluem o tipo de pesquisa, a população
estudada, sexo, comparação, análise entre grupos, etc. Sendo assim, antes de
emitir qualquer opinião, é preciso estudar.
No que se refere ao tema “vacinas, morte súbita e
atletas”, os dados mostram que a Covid-19 causa miocardite em 1 a 3% dos
atletas. Já a vacina causa miocardite, na maioria das vezes de forma leve, em
0,0024% das pessoas. Portanto, a vacina causa poucos casos, previne morte e
evita a doença que causa uma grande quantidade de casos e sequelas. É
importante também ressaltar que não houve um aumento de mortes súbitas de
atletas após a vacina, nem há comprovação de relação entre a vacina e qualquer
um dos casos de mortes súbitas em atletas - como esclareceu o informe da
Sociedade de Medicina do Exercício e Esporte sobre eventos de morte súbita e
atletas vacinados contra Covid-19, de 08 de janeiro de 2022.
Pelo contrário! O que sabemos é que há uma queda na
taxa de mortalidade geral por COVID-19 e mesmo nas pessoas infectadas, os
números apontam para um desfecho de morte menor que no início da pandemia, ou
seja, as pessoas estão morrendo menos em razão da COVID-19. Diante de muitas
notícias que chegam no smartphone sobre atletas sofrendo morte súbita,
podemos ter falsas impressões e acabar difundindo informação duvidosa. Isso
impacta até na população leiga e nos próprios profissionais da saúde.
Já com relação ao comprometimento cardíaco
provocado pela Covid-19, esta hipótese já foi testada por diversos cientistas e
vem sendo confirmada por meio das evidências. Augustine e colaboradores, no
artigo Coronavirus Disease 2019: cardiac complications and considerations
for Returning to Sports Participation e Reichardt e colaboradores, no
recente artigo 3D virtual Histopathology of Cardiac Tissue from Covid-19
Patients based on Phase-Contrast X-ray Tomography, apresentam relevantes
achados sobre a alteração microvascular e endoteliais que a infecção por
Covid-19 causa no músculo cardíaco e vasos sistêmicos. Segundo esses estudos, a
referida infecção impacta em um maior risco de miocardite e alterações em
eletrocardiograma, ecocardiograma e ressonância miocárdica.
Então, é possível afirmar, por ora, que a infecção
por coronavírus é um fator de risco para morte súbita e alterações
tromboembólicas, pois está bem documentado na literatura científica. Uma
questão importante é a zona cinzenta de atleta assintomáticos e/ou
oligossintomáticos, onde ainda não há estudos sobre alteração cardíaca, porém,
diante do estudo alemão, devemos estar atentos a qualquer mudança e alteração
clínica.
Nesse sentido, não por acaso, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte, junto a Sociedade Brasileira de Cardiologia, em seus posicionamentos tornados públicos, deixam clara a necessidade de avaliação pré-participação no retorno às atividades, principalmente nas atividades físicas mais vigorosas. Essa conduta não foi definida no sentido de criar impedimento a atividade física, que é de fundamental importância ser mantida. Sim, pois ela modula positivamente a resposta imune, prolonga a resposta contra vacina (comprovada em estudo da USP) e beneficia no combate a saúde cardiovascular. A orientação aqui é: é mais seguro fazer a avaliação clínico cardiológica para tentar prevenir desfechos fatais.
*Dr. Mateus é médico
cardiologista, com especialização em Medicina do Esporte. Ocupa, atualmente, o
cargo de Diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de
Janeiro (SMEERJ). O especialista, que participa também como membro do Comitê
de Medicina Desportiva da Associação Médica Fluminense (AMF), trabalha há três
anos como médico de esporte do Clube de Regatas Vasco da Gama. Dr. Mateus atua
também como coordenador médico da clínica Fit Center, uma das mais tradicionais
clínicas de reabilitação cardiometabólica do Brasil. Faz parte também da equipe
do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), como médico cardiologista da Unidade
de Soluções Integradas (SER). E-mail de contato:
mateusft@gmail.com
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