Quarta-feira, 2 de abril de 2014 - 05h20
Paula Laboissière
Agência Brasil
Aos 19 anos, Caio* faz cursinho pré-vestibular. Ele quer estudar e ser escritor. A mãe do rapaz, Inês de Souza Dias, elogia as habilidades do filho, mas não esconde a existência dos traços deixados pela Síndrome de Asperger, tipo de autismo diagnosticado quando ele era ainda pequeno. Dificuldade de entendimento e de aceitação das regras sociais e falta de interesse por assuntos do dia a dia são alguns deles.
“Caio tem interesses muito focados. Gosta de jogos e só quer falar sobre isso. Apesar de ser muito inteligente, não se interessa por assuntos cotidianos. Isso dificulta, por exemplo, o trabalho na escola. É uma batalha para conseguir que ele aprenda outras coisas”, conta. “Ele tem também um déficit de atenção bem acentuado. Para o Caio, é difícil permanecer na mesma tarefa por muito tempo”, completou.
Segundo Inês, características do filho consideradas estranhas por muitos, como andar para lá e para cá e a conversa com ele mesmo, ajudaram a definir o futuro do rapaz. “Numa certa idade, ele andava de um lado para o outro e falava alto. Parecia que estava contando histórias. Perguntei o que ele estava fazendo e ele disse que estava brincando com a imaginação e contando uma história para ele mesmo. Perguntei se gostaria de transformá-la em um livro. E foi o que fizemos.”
Caio frequentou a escola junto a crianças sem o transtorno e recebe, até hoje, acompanhamento especial. Mas a estimativa da Associação de Amigos do Autista (Ama) é que, das cerca de 1 milhão de pessoas no país diagnosticadas com autismo, apenas 100 mil recebam algum tipo de atendimento. No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado hoje (2), a instituição cobra uma discussão mais ampla sobre o assunto.
“O diagnóstico é a parte do problema que mais ganha com a data. Os pediatras acabam percebendo e se interessando pela causa. É o ponto mais favorecido. O grande problema é que, feito o diagnóstico, a família fica sem saber para onde ir”, explicou a superintendente e cofundadora da Ama, Ana Maria de Mello.
Mãe de um rapaz autista de 34 anos, ela lembra que, na época em que recebeu o diagnóstico, não havia tratamento disponível. O processo, segundo ela, é complicado, uma vez que envolve diversos profissionais de áreas distintas. “Estamos falando do espectro do autismo. Temos desde casos de extrema gravidade até casos de pessoas com inteligência normal, mas que também precisam de alguém que entenda o que está fazendo. Os casos mais leves não são tão simples.”
Para a presidenta da Associação Brasileira de Autismo, Marisa Furia Silva, o autismo ainda é um assunto pouco abordado, sobretudo no Brasil. Mãe de um rapaz de 36 anos com a síndrome, ela lembra que, depois do diagnóstico, houve pouca informação sobre como lidar com o filho. “Não tínhamos internet nem literatura sobre o assunto. Era uma época difícil. Não se sabia o que fazer.”
Marisa também acredita que a maior parte das pessoas diagnosticadas com autismo no país está sem atendimento. Segundo ela, o avanço no diagnóstico precoce não basta. É preciso ampliar a rede de apoio e de atendimento à criança e à família.
“A gente tem que pensar que é para a vida toda. Temos muitos adultos comprometidos hoje e a esperança é que, no futuro, isso não aconteça. O prognóstico de uma criança é muito melhor”, destacou. “Estamos em um momento em que já se tem documentos e parâmetros para o diagnóstico. Agora, temos que ter tratamento”, destacou.
* Nome fictício
Agevisa parabeniza Hospital Central
Na semana passada, A Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) entregou uma placa ao Hospital Central para parabenizar a conceituada instit
Fiscalização do TCE-RO induz melhorias no João Paulo II em benefício da população
Um dos casos mais recentes do trabalho cooperativa entre TCE e gestão pública ocorreu no Pronto-Socorro João Paulo II, o maior hospital de urgência e
Prefeitura de Ji-Paraná promove ação “Comando Saúde” para caminhoneiros
A Prefeitura de Ji-Paraná, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e da Vigilância em Saúde, realizou a ação Comando Saúde, voltada para
Atendimentos no Hospital João Paulo II reduziram 8,2% durante o Carnaval 2025
O Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II, referência no atendimento de urgência e emergência, registrou redução nos atendimentos durante o Carnaval