Sexta-feira, 23 de janeiro de 2015 - 06h41
Rondônia começará a fazer cirurgias bariátricas – para redução de estômago em pacientes com obesidade mórbida – ainda neste semestre. Com a iniciativa, pessoas com histórico da doença ganham nova esperança. O anúncio foi feito ontem, quinta-feira, 22, pelo governador Confúcio Moura, durante reunião técnica com o secretário estadual de Saúde Williames Pimentel. Para que o programa funcione, o governo busca o credenciamento de Rondônia no Ministério da Saúde.
Além de dar maior expectativa de vida saudável para centenas de pessoas que sofrem com a doença, as cirurgias vão servir, também, para que o governo defina qual perfil ideal para o Estado, considerando todos os dados técnicos já levantados pelo setor responsável que atua no Hospital de Base Ary Pinheiro, referência em tratamento de alta complexidade em Rondônia , e na Policlínica Oswaldo Cruz, em Porto Velho.
O subsecretário estadual de Saúde Luiz Eduardo Maiorquin disse que a equipe médica e técnica supervisora do Programa Estadual de Combate à Obesidade será brevemente definida. Ele afirma que há demanda considerável de pacientes que necessitam da cirurgia. Com o início dos procedimentos, a meta é zerar a fila de espera. Em 2010, o Brasil divulgou censo sobre a obesidade. Esse trabalho foi feito pelo Ministério da Saúde . Os dados apontam Rondônia em oitavo lugar como estado mais obeso do país e o segundo da região Norte, perdendo apenas para o Acre.
Novo alerta
Os números mostraram uma realidade alarmante que começa ser mudada pelo atual governo, com a oferta de cirurgias através do Sistema Único de Saúde. Segundo Maiorquini, estima-se que as cirurgias sejam feitas por videolaparoscopia (videocirurgia), que não tem a necessidade abrir o paciente, explica.
O secretário Williames Pimentel lembra que o mesmo sendo de 2010 trouxe informação assustadora: 80% da população que morre após os 60 anos têm morte em decorrência de doenças relacionadas ao estilo de vida, ou seja, males evitáveis.
Pode-se dizer que de cada dez pessoas que completam 60 anos, oito estão morrendo vítimas de doenças que poderiam ter sido evitadas, referente alimentação, estilo de vida e atividade física. “Isso é um alerta apenas para a gente ver que o importante é saber que existe uma solução para o problema, mas isso não acontece por milagre”, relata. Pimentel destaca que uma das metas do governo é justamente fazer, em parceria com os municípios, a saúde preventiva. Isso, em sua análise, vai evitar que os hospitais inchem com pacientes acometidos por doenças adquiridas devido à falta de um programa de prevenção eficaz.
Capital obesa
Em Porto Velho, 52% dos adultos apresentam excesso de peso e deste total, 19% são obesos. De alguns anos para cá, Policlínica Oswaldo Cruz, através do Programa de Atendimento Especializado ao Paciente Obeso (Paepo), oferece atendimento diferenciado aos pacientes usuários do SUS que se enquadram nas estatísticas oficiais da Obesidade no Brasil e na Capital.
O Paepo é uma iniciativa de profissionais nutricionistas, psicólogos, médicos e fisioterapeutas da Policlínica Oswaldo Cruz, na tentativa de beneficiar um número maior de pacientes obesos, prestando-lhes atendimento ambulatorial multiprofissional em grupos, incentivando o emagrecimento com mudanças de hábitos de vida, como alimentação saudável e atividade física.
De acordo com o secretário estadual de Saúde Williames Pimentel, este programa também é uma tentativa de beneficiar um número maior de pacientes obesos, considerando o aumento significativo da demanda na região, diminuindo a fila de espera para cirurgias bariátricas e custos de tratamentos de doenças decorrentes da obesidade.
Problema mundial
Antes considerados problemas de países ricos, o sobrepeso e a obesidade estão em alta nas nações de baixa e média rendas, em especial nas áreas urbanas, conforme estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
No mundo todo, já são responsáveis por mais mortes do que a desnutrição. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística publicou, recentemente, os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, indicando que o peso dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos.
O excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% — ou seja, metade dos homens adultos já estava acima do peso — e ultrapassou, em 2008–09, o excesso em mulheres, que foi de 28,7% para 48%.
Fonte
Texto: Zacarias Pena Verde
Fotos: Ítalo Ricardo
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