Terça-feira, 6 de julho de 2021 - 14h02
O Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II que Porto Velho conhece atualmente tem história ligada à mais forte onda migratória no Estado de Rondônia. Foi inaugurado em 1984, com o objetivo de atender às demandas de saúde dos trabalhadores da Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A (Eletronorte) na Usina Hidrelétrica de Samuel (a primeira), no rio Jamari.
“Naquele período, o povo rondoniense ainda estava inebriado com a alegria da ‘nova estrela no azul da União’, pois o Território Federal acabara de se tornar Estado”, lembra a tradutora e intérprete de Libras e historiadora, Núbia Lopes.
Segundo ela, o ex-governador Jorge Teixeira de Oliveira, o Teixeirão, esforçava-se para a preparação urbanística e social que viabilizaria o Estado, porém, algumas heranças estruturais na área da Saúde se apresentavam deficitárias. E nesse cenário surgia o projeto da construção do hospital da Construtora Norberto Odebrecht, empreiteira responsável pelas obras da hidrelétrica.
Núbia conta que, numa área onde existia um cemitério, na zona sul de Porto Velho, o atendimento fora planejado somente para as demandas dos barrageiros, com apenas 50 leitos e uma maternidade. Finalizadas as obras da hidrelétrica (1982-1986), o hospital passou de caráter particular, e de atendimento a uma clientela específica, para abarcar as necessidades de urgência e emergência de todo Estado. Nada fácil, porque a migração rumo a Rondônia prosseguia, mesmo em ritmo nem tanto acelerado quanto a fase mais movimentada (entre o final dos anos 1970 e início dos 80).
“Em 1989, o ex-governador Jerônimo Santana adquiriu as instalações da unidade hospitalar e o reinaugurou em 1990 com o nome de Pronto Socorro João Paulo II”, explica.
A projeção inicial que motivou a construção do pronto-socorro não suportou o vertiginoso crescimento populacional rondoniense. Dentro do contexto social e urbano do recente Estado e o crescimento demográfico verificado devido à migração que antecedeu à construção do JP II, motivados pela passagem do território a Estado, e à própria construção da hidrelétrica, o cenário social, apresentou deficiências não somente na saúde, mas também na educação, moradia. “Nesse sentido, a construtora também inaugurava a Escola Pitágoras e os conjuntos habitacionais da Vila da Eletronorte, todos incorporados à paisagem da Capital”, assinala a historiadora.
Com a desapropriação dos moradores do Canal Santa Bárbara, que vinha do alto da cidade cortando o bairro Areal até o rio Madeira, a maioria foi reassentada no espaço que veio a se chamar Vila Tupi, lembra-se João Jorge, que mora ali há quatro décadas. “O prefeito era Francisco Lopes Paiva (1979-1980), Vila Tupi tinha também umas casas comerciais que foram retiradas para a fundação do bairro Floresta, onde só havia algumas olarias ao redor de onde veio ser construído o Hospital João Paulo”, conta Jorge.
Nos piores e melhores dias de sua história, quando superlotou, o Hospital João Paulo II foi – e continua sendo – o melhor pronto-socorro de Porto Velho e da Amazônia Ocidental Brasileira.
Sua história está bem escrita desde final do século passado, quando atendia aos trabalhadores da Eletronorte, e os próximos capítulos serão igualmente emocionantes.
SARGENTO BOMBEIRO NASCEU NO JP II
O interessante é que a unidade de urgência e emergência também era maternidade. “Eram muitas gestantes na usina, e todas ganharam criança no hospital; eu voltei mais vezes e numa delas estava com forte dor no ombro, supondo que tivesse deslocamento, mas era bursite, e passei a tomar medicamentos adequados”, relata a servidora pública, Nilsa Lopes Sussuarana.
Nilsa trabalhava na usina, se casou com Odimar Xavier de Carvalho, também funcionário da hidrelétrica em 1985 teve o primeiro filho, no JP II, Marcelo Lopes de Carvalho, que é sargento do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, pai de Eduardo, 8 anos, e Heloíse, recém-nascida de um mês. “Hoje ele conduz diversos pacientes ao hospital”, acrescenta.
A servidora pública nunca esqueceu o médico que fez o parto, o obstetra Maurício, que atualmente é diretor de um hospital particular em Porto Velho. Pouco tempo atrás, Nilsa acompanhava a mãe ao hospital, vítima de acidente vascular cerebral (AVC), e o reencontrou. “Foi emocionante para mim, pois ele tratava a todas as gestantes com muito carinho e dedicação”, conta.
Diversos profissionais devotam seu amor e dedicação ao JP II. Por 20 anos, a auxiliar de serviços gerais, Maria Muniz, 67 anos, conhecida por Mariazinha, é uma das pessoas que vivencia esse amor. “O João Paulo é a casa de misericórdia de todos que vêm para cá e graças a Deus são acolhidos. “Eu convivo com as equipes do João Paulo mais do que com a minha casa. Aqui fui muito bem acolhida, conheci bons médicos, enfermeiros e outros profissionais que recebem e atendem da melhor maneira possível”, ela relata.
O sentimento de Mariazinha, quando fora das dependências do hospital, lhe conduz a um trabalho de boas relações públicas: “Quando o Governo assumiu este hospital eu trabalhava na usina de Samuel, no rio Jamari”.
ATUALIDADE
E assim, o JP II segue seu planejamento para o futuro bem próximo, quase sempre batendo seus próprios recordes, a exemplo do que ainda ocorre em momentos delicados da Saúde, devido à pandemia do coronavírus. Nos primeiros cinco meses do ano, 4.838 pacientes ficaram internados, dos quais, 1.859 vindos do interior do Estado.
O atendimento se estende a pacientes bolivianos que desembarcam na Capital, às vezes peruanos, haitianos e os que vieram da Venezuela. Mas, a rotina diária tem a presença de pacientes de Lábrea, Canutama, Humaitá e outras cidades do Sul do Estado do Amazonas.
“Com mais de meio milhão de habitantes, Porto Velho, certamente se surpreenderá com as atividades do novo hospital que será construído e que vai substituir o Pronto Socorro João Paulo II. Quando o hospital de urgência e emergência for concluído, o perfil de atendimento não mudará, porque teremos à disposição maior espaço físico, e com ele poderemos aumentar o nível de complexidade”, disse o diretor-geral do JP II, Amaury Júnior.
Fazendo jus ao lema hospitalar da casa: “Garantir o atendimento humanizado, assegurando a universalidade e integralidade da atenção, com equidade do acesso a pacientes em situações de urgência e emergência, a partir de um modelo centrado no usuário e baseado nas suas necessidades de saúde”.
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