Segunda-feira, 11 de março de 2024 - 18h22
A partir desta segunda-feira (11), pesquisadores a serviço do
Ministério da Saúde darão início à coleta de dados para uma nova fase do maior
estudo epidemiológico sobre a Covid-19 no Brasil. A ser realizado em 133
municípios de todo o país, o Epicovid 2.0 é coordenado pela Secretaria de
Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e encomendado à Universidade Federal de
Pelotas (UFPel). Em Rondônia, o Epicovid 2.0 prevê a realização de entrevistas
com moradores de Porto Velho e Ji-Paraná.
De acordo com o epidemiologista da UFPel Pedro
Hallal, idealizador e líder do Epicovid, a expectativa é que o período de
coleta dos dados dure entre 15 e 20 dias. “O Epicovid 2.0 é uma nova fase do
estudo iniciado em 2020. Embora agora não estejamos mais sob uma pandemia grave
como tivemos, o vírus continua na sociedade e seus efeitos na vida das pessoas
também. Esse agora é o nosso alvo, entender o impacto da Covid-19 na vida das
pessoas e das famílias brasileiras”, explica.
A pesquisa usará informações de 250 cidadãos de
cada um dos municípios que já fizeram parte das quatro rodadas anteriores do
trabalho científico, em 2020 e 2021. Para isso, equipes de entrevistadores
visitarão as residências para ouvir os moradores sobre questões centradas em
pontos como vacinação, histórico de infecção pelo coronavírus, sintomas de
longa duração e os efeitos da doença sobre o cotidiano.
“A Epicovid 2.0 faz parte do trabalho de fortalecimento
do monitoramento da Covid-19, que o Ministério da Saúde vem realizando desde
maio de 2023”, explica a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA),
Ethel Maciel. De acordo com a secretária, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
estima que 20% das pessoas, independentemente da gravidade da doença,
desenvolvem condições pós-Covid. Neste sentido, segundo ela, é preciso apurar
os dados relativos ao Brasil para ampliar serviços, como atendimento
neurológico, fisioterapia e assistência em saúde mental.
Todos os participantes serão selecionados de forma
aleatória, por sorteio. Somente uma pessoa por residência responderá ao
questionário. Hallal esclarece que, diferente das primeiras etapas da pesquisa,
na atual não haverá qualquer tipo de coleta de sangue ou outro teste de Covid.
Com base nos resultados do Epicovid 2.0, o
objetivo é que o Ministério da Saúde tenha condições de qualificar e ampliar
serviços especializados demandados por conta de efeitos da chamada Covid longa.
A análise completa dos dados também irá embasar artigos científicos que
auxiliem a compreender o impacto da Covid-19 no Brasil.
Além do Ministério da Saúde e da UFPel, estão
diretamente envolvidas no estudo a Universidade Católica de Pelotas (UCPel),
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Entrevistadores identificados
Todas as entrevistas serão realizadas pela empresa
LGA Assessoria Empresarial, contratada pelo Ministério da Saúde para a tarefa
após apresentar a melhor proposta em pregão eletrônico. Os profissionais que
farão o contato direto com os moradores para a coleta dos dados receberam
treinamento e estarão devidamente identificados com crachás da empresa e
coletes brancos com as marcas da UFPel, da Fundação Delfim Mendes Silveira
(FDMS) e da LGA.
Para auxiliar com o processo de divulgação e
esclarecimento da população, as prefeituras das 133 cidades envolvidas no
estudo foram comunicadas do trabalho – através de suas Secretarias Municipais
de Saúde – e participaram de reunião online com Pedro Hallal e integrantes do
Ministério da Saúde. A orientação é que, em caso de dúvidas, os moradores
entrem em contato com as prefeituras. A empresa LGA também por ser acionada
através dos telefones (31) 3335-1777 e (31) 99351-2430. Informações sobre o
Epicovid 2.0 também estão disponíveis nos sites do Ministério da Saúde e da
Universidade Federal de Pelotas.
Primeiras fases do estudo
Entre 2020 e 2021, o Epicovid-19 serviu para
traçar um retrato da pandemia que auxiliou cientistas e autoridades em saúde
pública a compreender melhor os efeitos e a disseminação do coronavírus no
país. Entre as principais conclusões, o estudo apontou que a quantidade de
pessoas infectadas naquele momento era três vezes maior que os dados oficiais,
com os 20% mais pobres tendo o dobro de risco de infecção em relação aos 20%
dos brasileiros mais ricos.
A pesquisa foi também uma das primeiras no mundo a
apontar as perdas de olfato e paladar como sintomas iniciais da doença,
auxiliando na identificação dos casos sob suspeita.
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