Terça-feira, 13 de agosto de 2019 - 10h51
Com toda sua bagagem e experiência de quase três décadas de atuação no Judiciário rondoniense, o desembargador Raduan Miguel Filho brindará a comunidade médica e jurídica de Rondônia com sua palestra “Teoria da Paz: o Acesso ao Judiciário na Nova Ordem Processual”, a ser proferida no VIII Encontro de Direito Médico de Rondônia, evento realizado pelo escritório Cândido Ocampo Advogados Associados, que ocorrerá nesta sexta-feira, dia 16, a partir das 14 horas, no auditório do Tribunal de Justiça, em Porto Velho.
A cultura da paz
defendida pelo desembargador vai ao encontro da conciliação incorporada de
vez à cultura dos tribunais brasileiros. São diversas as cortes de Justiça que
decidiram “incrementar” essa iniciativa criada pelo Conselho Nacional de
Justiça, órgão de fiscalização e estratégia do Poder Judiciário, para dar conta
do número sem fim de processos que ocupam as prateleiras de juizados, varas,
câmaras ou turmas de julgamento — isso em todos os ramos do Direito, em
qualquer grau de jurisdição.
“Faremos uma apresentação diferenciada, pois a cultura da paz vai contra
a maré do litigio” afirma o palestrante. “Somos a favor da disseminação da
cultura da conciliação e da paz social. “A cultura da paz,
para funcionar, deve colocar as partes litigantes em conversação objetivando
encontrar as melhores formas para resolver os conflitos. É nisso que se baseia
a mesma, exatamente o oposto da cultura do litígio”, afirma.
O desembargador lembra que, com o novo Código de Processo Civil, o
Direito brasileiro impôs ao Estado que criasse mecanismos para dar espaço ao
desenvolvimento e consagração da cultura da paz, permitindo assim a resolução
de conflitos de uma forma diferente, através da mediação, da conciliação. Daí o
surgimento de normas e mecanismos que buscam o consenso e a cooperação, como prevê
o artigo sexto do Código de Processo Civil.
Atualmente são 70
milhões de processos judiciais em tramitação no País. Conjugada à burocracia e
às leis que permitem a interposição de uma quantidade imensurável de recursos, que,
em muitos casos, acabam sendo utilizados com fins procrastinatórios, a
morosidade se tornou uma realidade difícil de ser combatida nos tribunais do
País. Junto às mudanças legislativas, destacam-se a adoção de medidas tais como
a conciliação e a mediação.
Raduan ressalta que conflitos podem ser resolvidos de forma diferenciada
e alternativa, como está contemplado na legislação. “E isso é bom para todos os
envolvidos. Nas questões envolvendo o sistema de saúde, principalmente a
prestação dos serviços médicos, observa-se uma certa relutância em adotar esses
mecanismos de busca de soluções de conflitos através de formas alternativas, persistindo
a doutrina e a cultura da litigância. É importante lembrar que o litigante busca
o Estado, via o Poder Judiciário, para resolver seus interesses. “Queremos que
o médico busque esses mecanismos alternativos. Aliás, não apenas o médico, mas
hospitais, laboratórios, operadoras de planos de saúde, clínicas e pessoas
jurídicas em geral”, disse.
Para o desembargador Raduam, a “judicialização da saúde atualmente é
vista por outra ótica, pois temos um grupo de especialistas que auxilia os
magistrados de primeiro e segundo graus, que necessitam ter um assessoramento
mais específico visando o melhor entendimento da área médica, para tomar
decisões de forma correta, justa e imparcial. Estes grupos de trabalho têm sido
fundamentais ao fornecer dados e informações técnicas, afinal de contas o
magistrado estudou Direito e não Medicina”, finaliza.
Realizado pelo Escritório Cândido Ocampo Advogados Associados, o VIII
Encontro de Direito Médico de Rondônia vai contar também com palestrantes da
estatura da ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça; do
presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética, jurista Raul
Canal e, ainda, do presidente do Conselho Regional de Medicina de Rondônia,
Spencer Vaiciunas.
Apóiam o evento o
Tribunal de Justiça de Rondônia, a Associação Nacional de Direito Médico e
Bioética (Anadem), o Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero) e a
Ordem dos Advogados do Brasil-Seccional Rondônia. O patrocínio é do Hospital Central
de Porto Velho, Instituto São Pelegrino, Prontocordis e Unimed Porto Velho.
Mais informações e
inscrição: www.direitomedicorondonia.com
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