Sábado, 24 de novembro de 2007 - 18h04
Sabrina Craide
Agência Brasil
Brasília - O percentual de grupos de imóveis com risco de surto de dengue no país caiu de 17% para 9,9% do ano passado para cá.
É o que mostra o Levantamento de Índice Rápido de Infestação pelo Aedes aegypti (Liraa), realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com secretarias estaduais de saúde.
A pesquisa, feita entre a última semana de outubro e a primeira de novembro deste ano, mostra que o número de pessoas vivendo em regiões com risco de surto de dengue caiu de 10,4 milhões para 3,8 milhões, na comparação ao mesmo período de 2006.
Segundo o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, a queda se deve a medidas adotadas pelo governo para alertar a população em relação aos perigos da dengue.
Mesmo assim, ele diz que o trabalho para combater a doença deve continuar. "Precisamos pensar na dengue o tempo todo, porque a situação pode mudar. Mudou o clima, teve mais chuva, acumulou mais água, o retrato pode mudar".
O município com maior índice de infestação predial foi Mossoró (RN), com 5,6%. Esse índice, que é calculado pelo número de casas que apresentam larvas da dengue, é considerado satisfatório quando é inferior a 1%.
Os percentuais entre 1% e 3,9% mostram uma situação de alerta e, quando a infestação é superior a 3,9%, há risco de surto de dengue.
O Liraa é feito da seguinte forma: a cada grupo de 9 ou 12 mil imóveis são sorteados 450, que são visitados pelos agentes de saúde. Lá, eles verificam as larvas existentes em cada casa e assim determinam o índice de infestação predial, que mostra o risco de surto da dengue.
Nas regiões Norte e Nordeste, as larvas foram encontradas principalmente em caixas d'água, tambores e tonéis. Nas outras regiões, em depósitos domiciliares, como vasos de plantas, bromélias, ralos e piscinas.
Penna alertou que a população também precisa colaborar para eliminar a doença. Segundo ele, a função do governo é tratar dos espaços públicos, enquanto a população tem a responsabilidade de cuidar de suas casas e dos ambientes de trabalho.
"Não é possível que, a cada 20 ligações que o dique-dengue receba, 12 sejam de pessoas pedindo para que um agente comunitário vá lá colocar areia no vaso de planta".
Penna disse, ainda, que não está descartado o risco de o Brasil ter uma epidemia de dengue do tipo 4, que não existe no país, mas foi localizado em países de fronteira, como a Venezuela.
Segundo ele, o caminho não é barrar a entrada de pessoas de outros países. "As pessoas têm direito de ir e vir, o que leva a doença de um lugar para o outro", disse, lembrando que o Brasil tem uma grande relação turística com a Venezuela.
"Tem que torcer e nos preparar para não entrar o dengue 4. Se entrar, todas as medidas que estão sendo tomadas para dengue 1, 2 e 3 vão ser impulsionadas para que tenhamos o menor dano possível à população".
Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a setembro deste ano, foram registrados no país 481.316 casos de dengue clássica e 1.076 de dengue hemorrágica. 121 pessoas morreram por causa da doença.
TCU questiona ações do Ministério da Saúde no combate ao mosquito da dengue
O TCU verificou ações precárias na execução das tarefas de eliminação do mosquito da dengue, como a falta de treinamento e de agentes de saúde para combater o mosquito. Segundo o TCU, foram encontradas falhas na execução do programa nas três esferas de governo.
Entendo que uma sistemática de fiscalização eficaz do PNDC [Programa Nacional de Controle da Dengue] só pode ser obtida com a convergência de esforços de todos os órgãos, instituições e organizações responsáveis, em alguma medida, pelo controle da gestão pública, disse o ministro Valmir Campelo, no relatório sobre a fiscalização da execução do programa.
O TCU também apurou falhas cometidas pelos agentes e supervisores contratados para o serviço quanto à qualidade do trabalho de pulverização do inseticida e a falta de manutenção desses equipamentos. Além disso, o tribunal verificou que, durante as visitas domiciliares dos agentes de saúde, as informações básicas sobre a doença e o combate ao vetor não são repassadas aos moradores.
O secretário nacional de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, informou que o Ministério da Saúde recebeu o relatório do TCU com tranquilidade. Ele disse que o tribunal tem razão quando recomenda uma melhor avaliação do sistema de formação dos agentes de saúde.
A recomendação do entrosamento maior dos agentes de endemias com os agentes comunitários de saúde é absolutamente procedente, disse Penna, justificando que o sistema de formação epidemiológica do Brasil, que inclui outras doenças além da dengue, é difícil de ser manejado.
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