Quarta-feira, 27 de janeiro de 2021 - 18h39
Em continuidade à ação de fiscalização em 10 unidades de saúde de Porto
Velho, uma equipe do Conselho Regional de Enfermagem de Rondônia (Coren-RO),
com a parceria da Força Nacional de Fiscalização (FNFIS) do Conselho Federal de
Enfermagem (Cofen), realizou a inspeção durante toda a manhã desta quarta-feira
(27) no Hospital Infantil Cosme e Damião.
Considerada acompanhamento após as fiscalizações feitas no final de
2020, a ação constatou várias irregularidades na assistência de Enfermagem.
Condições como teto quebrado e com fiação exposta foram registradas, além de
falta de medicamentos e profissionais em quantidade suficiente para o
atendimento da demanda.
A enfermeira do estado de Pernambuco e fiscal da FNFIS, Ivana Andrade,
identificou ainda a falta de enfermeiro no período noturno para fazer a
classificação de risco dos pacientes que chegam, e apenas um técnico de
Enfermagem faz a triagem com a aferição da temperatura e peso das crianças.
“Dalí, o paciente é encaminhado para o atendimento médico. Mas é
necessária a classificação de risco para que sejam dadas as devidas prioridades
aos pacientes mais graves, e isso só quem pode fazer é um profissional
enfermeiro”, explicou.
A fiscal contou que o remanejamento dos técnicos também acaba
desfalcando o setor de origem, que geralmente é da equipe de medicação. “Nesta
quarta, também faltou um enfermeiro na classificação, ou seja, um técnico foi
remanejado, e o desfalque acontece por falta de um índice de segurança para
cobertura em casos da falta de um profissional”.
O problema de falta de pessoal de Enfermagem é um dos maiores na
unidade, gerando constantemente o desfalque. A falta do medicamento Simeticona,
que é indicado para o alívio dos sintomas no caso de excesso de gases no
aparelho gastrintestinal constituindo motivo de dores ou cólicas intestinais,
também foi registrada, e segundo os profissionais o problema já acontece há
aproximadamente três meses.
Outra situação que foi novamente observada nesta ação, já que a unidade
responde ação civil pública movida pelo Coren-RO pelo mesmo problema, é a ala
de pacientes crônicos contar apenas com dois técnicos de enfermagem para o
atendimento, onde os pacientes não tem previsão de alta. “A situação é desumana
tanto para as crianças quanto para as mães, que ficam internadas junto com os
filhos sem quase nunca poderem ir para casa. Se o estado oferecesse o serviço
de acompanhamento em casa, seria menos oneroso e muito mais digno do que a
situação atual dessas famílias”.
Na sala de emergência, um enfermeiro faz o atendimento, mas na falta do
profissional, os técnicos da ala semi-intensiva acabam se revezando para atender
a demanda, o que gera risco aos pacientes da ala de origem dos técnicos, que
por algumas vezes acabam atendendo pacientes suspeitos ou com Covid-19.
Na Central de Diluição, o enfermeiro de Alagoas e fiscal do FNFIS,
Weslley Feitoza, detectou que os técnicos estavam trabalhando sem supervisão de
um profissional enfermeiro, e durante o plantão, as dúvidas que surgem são
“resolvidas” por pesquisa da bula na internet ou por ligação telefônica ao
setor de farmácia. “Eles falam com o farmacêutico sobre a manipulação dos
medicamentos, enfim. Também não vi nada afixado nas paredes com as orientações
de um Procedimento Operacional Padrão (POP), onde poderiam tirar quaisquer
dúvidas que surgissem. Por isso é tão importante a presença de um enfermeiro no
setor”.
Entre as ilegalidades, ainda há falta de omeprazol, cefalexina, luftal
gotas. Algumas medicações manipuladas, não estão sendo oferecidas pelo estado,
sendo arcados pelos familiares dos pacientes. “Medicação cancerígena sendo
manipulada sem a devida paramentação, como o Ganciclovir. Ele é cancerígeno e
existe um POP de preparação desse medicamento, o que aqui não tem esse
cuidado”, completou Feitoza.
Além disso, os profissionais de Enfermagem foram orientados sobre a
necessidade de preenchimento dos prontuários de acordo com as normas, com
assinatura e carimbo/registro do Coren do profissional responsável, o que
garante segurança à evolução do paciente e respalda o profissional.
Segundo a fiscal Ivana Andrade, como a unidade hospitalar já responde a
um processo civil público, o relatório desse acompanhamento será formulado e
anexado juridicamente. As fiscalizações da FNFIS continuam até a próxima
sexta-feira (29).
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