Quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 - 10h49
Metade das mortes de bebês prematuros é causada pelo tabagismo. Médicos recomendam que mães e pais abandonem o cigarro antes de engravidar
Não é preciso reforçar que fumar faz mal à saúde. Mas muitas pessoas ainda desconhecem as complicações que o tabagismo pode causar durante a gravidez. Neste período o fumo traz vários problemas, dentre eles: gravidez tubária, descolamento da placenta, má formação fetal, sangramento, aborto espontâneo, nascimento prematuro, bebês com baixo peso, morte do feto ou mesmo do recém-nascido.
O cigarro libera substâncias tóxicas, como a nicotina, que inaladas durante a gravidez impedem que a placenta se desenvolva adequadamente e estreitam os vasos sanguíneos, diminuindo a quantidade de sangue, oxigênio e nutrientes que vão da mãe para o bebê. “Por isso, o cigarro está associado a um grande número de casos de deslocamento de placenta, nascimentos prematuros e abortos. Estudos confirmam que gestantes fumantes aumentam o risco de aborto espontâneo em 70%, perda do bebê próximo ou após o parto em 30%, dar a luz a um bebê prematuro em 40% e ter um bebê abaixo do peso em 200%”, afirma Nilson Roberto de Melo, ginecologista e obstetra da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar em poucos minutos os batimentos cardíacos do feto devido ao efeito da nicotina sobre o aparelho cardiovascular. Assim, é fácil imaginar a extensão dos danos causados ao bebê, quando a gestante é fumante regular. Também é preocupante o convívio da mãe não-fumante com o pai tabagista porque essa relação faz com que a gestante acabe absorvendo as substâncias tóxicas da fumaça e, por meio da corrente sanguínea, as transfira ao feto.
De acordo com Nilson de Melo, os fumantes não são os únicos expostos à fumaça do cigarro, pois os não fumantes também são agredidos por ela, passando a ser fumantes passivos. A fumaça que sai da ponta acesa do cigarro contém todos os componentes tóxicos que o fumante inala, porém em concentrações maiores: três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, 50 vezes mais substâncias cancerígenas. Os poluentes do cigarro dispersam-se homogeneamente pelo ambiente, fazendo com que os não fumantes próximos, ou distantes dos fumantes, inalem ambos três vezes mais substâncias tóxicas.
Os males causados pelo tabagismo podem ser evitados no momento em que se abandona o cigarro e se inicia uma terapia orientada pelo médico, acompanhada de mudança geral no estilo de vida, adequação dos hábitos alimentares e exercícios físicos. No caso das mulheres que desejam ser mãe, o recomendado é iniciar o tratamento antes da gravidez, pois muitas terapias não possuem indicação para o período de gestação. Atualmente, o tratamento farmacológico do tabagismo inclui terapias com ou sem a reposição da nicotina, entre elas, a nova geração de medicamentos como a vareniclina, desenvolvida especificamente para o tratamento da doença.
Fonte: Thais Coimbra / www.cdn..com.br
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