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Saúde

Hospitais universitários se especializam após governo investir R$ 4 bilhões


lano Andrade/Portal Brasil 
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Nova estrutura da área cardíaca do HUB pode
atender a 1/3 dos casos de infarto em Brasília

A voz calma da auxiliar de limpeza Cleonice Lúcia Barbosa, de 50 anos, dita o tom da disposição dela para enfrentar o câncer de colo do útero descoberto no final de 2014. Moradora de São Sebastião, cidade-satélite a cerca de 30 km do centro do Distrito Federal, Cleonice faz tratamento no Hospital Universitário de Brasília (HUB). “Tem hospital aí que você chega e tem gente deitada do lado de fora porque não tem onde ficar. Aqui não. Aqui acolhe todo mundo e não tem de ficar em plantão de cadeira”, conta.

Paciente do HUB há 17 anos, desde quando deu à luz a seu filho, Cleonice acompanhou a evolução do hospital nos últimos anos, a partir da compra de equipamentos, reforma e criação de novas instalações, como o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), onde ela se trata. “A cada dia o nosso hospital está se valorizando”, diz.

O centro médico ligado à Universidade de Brasília (UnB) é um dos beneficiados pelo Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Desde 2010, o programa administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) já destinou R$ 4 bilhões para melhorar a infraestrutura de 49 hospitais.

O dinheiro também financiou a compra de equipamentos novos e a contratação de mais médicos e técnicos. Somente no primeiro semestre de 2015, o Rehuf alocou R$ 291 milhões nos hospitais vinculados às universidades federais subordinadas ao Ministério da Educação. "Temos a expectativa de repassar no segundo semestre algo próximo a esse valor", diz a vice-presidente da Ebserh, Jeanne Michel.

Segundo ela, o programa surgiu em 2008 por orientação do então ministro da Educação e hoje prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. “Todos os reitores da universidades tinham queixas dos gastos excessivos e do sucateamento dos hospitais”, relata. “O programa surgiu para reverter essa situação histórica de deterioção e para recuperar o parque tecnológico”, afirma.

Expansão

 A reestruturação incluiu, além de equipamentos e reformas, a contratação de mais de 15 mil profissionais da saúde. O próximo passo será reduzir os repasses do Rehuf com custeio, que deverá ser coberto pelo Serviço Único de Saúde (SUS) a paritr do atendimento maior que nos hospitais.

O HUB, por exemplo, recebeu mais de R$ 20 milhões nos últimos dois anos. O montante foi usado para aumentar o total de leitos de 225 para 350, além de reformas e ampliações de vários serviços: Unidade de Emergência (de 18 para 35 leitos), Unidade Intermediária Clínica (criação de 12 leitos), UTI Adulto (de 6 leitos para 10 leitos), UTI Neonatal (de 4 para 10 leitos), Maternidade (de 21 para 30 leitos) e Centro Cirúrgico (de 6 para 10 salas).

O resultado é visto no aumento expressivo de atendimentos. No primeiro semestre de 2015, foram realizados 624 mil atendimentos: crescimento de 30% em relação ao mesmo período em 2014. O aumento foi verificado também em consultas, internações, atendimento em odontologia, partos, cirurgias e exames. Em odontologia, de janeiro a junho, o número de atendimentos saltou de 15 mil para 25 mil entre 2014 e 2015.

O HUB realizou também 495 mil exames, contra 375 mil na primeira metade do ano passado. “Estamos nos referenciando num grande centro de alta complexidade tanto para o Distrito Federal quanto para a região Centro-Oeste”, afirma o superintendente do hospital, Hervaldo Sampaio Carvalho. “Um exemplo disso é que hoje nós somos uma das principais unidades de referência para o tratamento de oncologia”, diz.

Especializações

A principal novidade no HUB foi a reestruturação da área de atendimento cardíaco, que ganhou neste ano uma sala de hemodinâmica na qual são feitas as cirúrgias de marca-passo. Segundo Carvalho, o hospital tem agora uma estrutura capaz de atender a um terço dos casos de enfarto no Distrito Federal, onde vivem 2,8 milhões de habitantes.

“Até um ano atrás, a nossa capacidade diagnóstica de realizar exames dentro da cardiologia era muito pequena. Hoje, o hospital se coloca como o de maior capacidade de investigação em cardiologia da cidade”, compara Carvalho.

Já o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) recebeu R$ 16,37 milhões entre 2012 e 2014. Aproximadamente R$ 3,6 milhões foram aplicados em obras já concluídas, com destaque para ampliações das áreas de quimioterapia, endoscopia e clínica cirúrgica. Outros R$ 4 milhões estão sendo destinados a reformas dos núcleos de neurociências e oftalmologia, e do pronto socorro.

A exemplo do que ocorreu com a cardiologia em Brasília, os recursos do Rehuf estão sendo usados para os hospitais universitários assumirem novas especialidades. É o caso do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), que recebeu R$ 2,4 milhões para instalar uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). A unidade deve receber R$ 10 milhões a Ebsher até 2016.

Será a primeira unidade de tratamento de câncer em hospital público do estado vinculado ao SUS. Hoje, todos os pacientes com a doença no Piauí são atendidos na capital Teresina por um hospital filantrópico. “Existe uma demanda reprimida de pacientes oncológico no Piauí. Agora, o HU trará um serviço oncológico inteiramente do SUS”, ressalta oncologista Vanessa Castelo Branco.

A equipe da Unacon terá 8 oncologistas clínicos e 3 cirurgiões oncológicos. A meta, de acordo com o superintendente José Miguel Luz Parente, é fazer o hospital “se firmar como referência no Piauí no que se refere ao diagnóstico e tratamento do câncer”.

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Fonte: Portal Brasil, com informações da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)

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