Sexta-feira, 31 de outubro de 2014 - 11h47
A maior expectativa de vida e até a maior capacidade de reconhecer as próprias dificuldades contribuem para que as mulheres superem os homens na incidência de deficiências físicas e mentais, analisou, hoje (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na divulgação das Estatísticas de Gênero. Com base no Censo 2010, a pesquisa contabiliza que, dos 12,8 milhões de brasileiros que declararam ter alguma deficiência severa, mental ou intelectual, 7,1 milhões são mulheres e 5,7 milhões homens.
A proporção dos deficientes chega a 7,3% da população feminina, enquanto fica em 6,1% na masculina. Para chegar a esse número, o IBGE considerou as pessoas que declararam ter grandes dificuldades ou que não conseguem enxergar, ouvir, caminhar ou subir escadas. Também se soma a esse total as pessoas apontadas na resposta ao questionário com deficiência mental ou intelectual.
O percentual de deficientes cresce com o avanço da idade e a maior proporção está entre as pessoas com 65 anos ou mais. Nesse grupo, chega a 29% o percentual de mulheres que declaram ter alguma deficiência severa, enquanto os homens são 24,8%. Entre as idosas, a deficiência motora é a mais comum, com 17,3% de incidência, enquanto entre os idosos, a deficiência visual é a mais frequente, com 12,5%. O IBGE relaciona a maior proporção de mulheres com doenças motoras à maior incidência da osteoporose.
O relatório do instituto aponta: "até fatores culturais colaboram, pois as mulheres, de forma geral, apresentam maior cuidado com a saúde que os homens, o que implica maior reconhecimento de suas limitações e doenças". O pesquisador da Coordenação de População e Indicadores Sociais, do IBGE acrescenta que as “mulheres também costumam declarar mais as doenças que elas têm, costumam reconhecer mais que tem dificuldades e doenças".
Na faixa etária de até 14 anos, os homens têm maior proporção de deficiências severas que as mulheres, com 2,2% contra 1,9%. Entre os meninos, a deficiência mais frequente é a mental, com 1%. Já as meninas são mais acometidas pela deficiência visual, com 0,8%.
O Nordeste é a região onde as deficiências severas tem maior incidência. Nos estados nordestinos 7% dos homens e 8,3% das mulheres sofrem de alguma deficiência severa. As menores taxas são ocorrem no Centro-Oeste, com 5,4% para homens e 6,4% para mulheres.
A pesquisa também levantou o acesso à escola, e constatou que 86,3% dos meninos e 88,4% das meninas com alguma deficiência frequentavam a escola, percentuais bem abaixo dos 96,7% e 97,1% das crianças sem nenhuma deficiência. Entre os tipos de deficiência, o que mais impactou a frequência à escola de crianças de 6 a 14 anos foi a motora, com percentuais de 67,6% dos meninos e 69,7% das meninas.
De todas as unidades da federação, a taxa de crianças com alguma deficiência que não frequentam a escola é menor no Distrito Federal, onde abrange 6,6% dos meninos e 4,4% das meninas. O Tocantins é o estado onde há maior disparidade entre os sexos, com 18,8% dos meninos fora da escola e 10% das meninas, e o Amazonas é o que registra as taxas mais altas, com 19,5% e 17,8%.
Se as meninas têm maior acesso à escola, as mulheres com 16 a 64 anos estão menos presentes na população economicamente ativa que os homens. Segundo o IBGE, 56,4% dos homens, com alguma deficiência, trabalhavam ou estavam procurando trabalho em 2010, contra 43,1% das mulheres. Entre as pessoas sem deficiência, a participação dos homens chega a 81,8% e a das mulheres é de 61,1%.
A deficiência que mais afastou os homens e mulheres do mercado de trabalho foi a mental ou intelectual, com a qual 26,4% dos homens e 20,8% das mulheres participavam ativamente da economia. Já a deficiência visual severa é a que menos afetou o acesso ao trabalho, com 70,7% dos homens em idade ativa e 50,3% das mulheres.
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