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Inca vai tratar câncer de pele não melanoma com terapia fotodinâmica



Alana Gandra Edição: Maria Claudia

Após o êxito de projeto-piloto realizado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), do Ministério da Saúde, passa a ter um ambulatório específico para tratamento de doentes com câncer de pele não agressivo, utilizando a terapia fotodinâmica.

O tratamento com o novo medicamento começa no dia 3 de junho, e funcionará sempre às quartas-feiras. O chefe da Seção de Dermatologia do Inca, Dolival Lobão, informou hoje (26) que a principal vantagem da terapia fotodinâmica é tratar o câncer de pele sem invasão, ou seja, sem cortar o paciente. “Não tem bisturi”, afirmou.

Segundo o médico, é espalhado um creme no local afetado, que é absorvido pelas células cancerosas. Em seguida, as lesões são expostas a uma luz especial. Por meio de um processo de reação fotoquímica, somente as células cancerosas que receberam o creme são destruídas. “Tem uma destruição seletiva do câncer. A grande vantagem é que você destrói só as células cancerosas”, explicou. Em comparação ao tratamento invasivo, que abrange a cirurgia clássica, a vantagem da terapia fotodinâmica é que não precisa dar uma margem de pele sadia. “Você não perde tecido sadio, porque só destrói o que é câncer”.

Outra vantagem é que não se utiliza anestesia nesse tratamento moderno, que já é usado em todo o mundo, e em alguns locais no Brasil. “Agora, estamos introduzindo realmente no Inca um ambulatório especial”. Os pacientes submetidos a esse tratamento ficam sem cicatrizes. Nos primeiros 60 dias, a área onde havia lesões apresenta vermelhidão que, no entanto, desaparece com o tempo.

Como se trata, porém, de um tratamento ainda bastante caro, que usa lâmpada (aktilite) e creme importados, a terapia fotodinâmica só será utilizada, a princípio, em câncer de pele não melanoma, superficiais, e pré-câncer. Cada duas gramas do creme Metvix (cloridato de aminolevulinato de metila) custa em torno de R$ 1 mil. Lobão disse que a lesão tratada com a terapia fotodinâmica apresenta prazo máximo de um mês para que o paciente esteja livre do câncer, sem cicatriz. “A gente faz o procedimento em um dia, o paciente volta uma semana depois, durante a qual vai fazendo curativos, porque a lesão fica irritada, e no prazo máximo de um mês ele está livre de tudo, sem cicatriz, sem nada”.

Devido ao elevado valor, o tratamento não será aplicado em todos os casos. “Vamos aplicar em um caso que seja a melhor opção terapêutica", destacou o oncologista. A lâmpada que será usada pelo Inca na terapia fotodinâmica foi doada à instituição pelo laboratório Galderma. O creme foi adquirido pelo instituto. Como o ambulatório especial terá capacidade para atender entre um e dois pacientes por semana, o médico estimou que o estoque do Metvix é suficiente para garantir o trabalho durante um ano. Ele espera sensibilizar a indústria em relação a futuras doações do produto, de modo a baratear o tratamento, e atender a um maior número de pacientes.

O Inca prevê que até o final do ano serão atendidos em torno de 580 mil novos casos no Brasil, dos quais cerca de 30%, ou o equivalente a 175 mil casos, serão câncer de pele. Lobão explicou que, dependendo das características, ele tem indicações específicas de tratamento. Atualmente, existem cerca de seis opções de tratamento, como cirurgia e radioterapia. A terapia fotodinâmica é o tratamento ideal para o câncer superficial, não agressivo. "O primeiro procedimento é a classificação do tipo de câncer de pele, para que a indicação de tratamento seja o mais precisa possível", afirmou.

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