Terça-feira, 27 de junho de 2023 - 13h34
Um abaixo-assinado está
reunindo apoiadores contra cancelamentos unilaterais de contratos de planos de
saúde de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A petição, que já
engaja mais de 43 mil assinaturas, foi aberta, no mês passado, na plataforma
Change.org por Daiana Campos, mãe do Arthur Andrade Campos, de 8 anos, que é
autista.
No abaixo-assinado, Daiana conta que foi surpreendida pelo plano
de saúde, que decidiu cancelar o contrato. Arthur está no meio de um tratamento
de terapias contínuas para ter mais qualidade de vida e depende do atendimento
do convênio médico para realizá-las.
"Somos um tipo de cliente que eles não querem, pois não
geramos lucro para eles", desabafa Daiana. "As autoridades precisam
olhar com atenção essas atitudes dos planos de saúde que nos colocam em
situação de extrema vulnerabilidade", completa indignada.
A mãe do Arthur foi avisada sobre a rescisão do plano, no mês de
maio, recebendo um prazo de apenas 60 dias para buscar outra opção. "Como
podem fazer isso?", questiona. "Nunca deixamos de pagar, mesmo que
seja caro, pois as coberturas são mais abrangentes".
Para não correr o risco de ficar sem atendimento, Daiana entrou com uma ação contra seu seguro saúde. Na última quarta-feira (21), saiu uma liminar judicial suspendendo o cancelamento do plano até o julgamento final do caso. A batalha, entretanto, continua.
Caso não é isolado
Daiana chama atenção para o fato de que o seu caso não é isolado.
Ela diz que está em jogo a vida de todas as crianças com TEA, em todo o País,
que dependem das terapias. "A falta delas [terapias] pode causar danos
irreversíveis à saúde de nossas crianças, impactando toda a família",
alerta Daiana, que mora na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
No Estado de São Paulo, por exemplo, a Assembleia Legislativa
recebeu mais de 190 denúncias de cancelamentos unilaterais feitos contra
famílias que têm membros com TEA.
O autismo é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento e
a interação social. Embora não haja cura, existem tratamentos, como terapia
comportamental e terapia em grupo, que auxiliam na adaptação às atividades
diárias e na socialização, melhorando a qualidade de vida das pessoas que estão
no Transtorno do Espectro Autista e suas famílias.
"Peço a ajuda de todos vocês para que assinem esta petição a
fim de que chegue às autoridades envolvidas. Nós precisamos que elas tomem
providências para proibir essas atitudes arbitrárias em benefício exclusivo das
operadoras", apela a mãe do Arthur.
O abaixo-assinado segue em forte ritmo de crescimento. Somente
nesta semana, recebeu 650 novos apoiadores. A petição, que cobra respeito e
atenção aos autistas, é direcionada à Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS); ao Ministério da Saúde; e à Secretaria Nacional do Consumidor, do
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Confira na íntegra: http://change.org/AutistasAcessoTerapiasSaude
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