Segunda-feira, 11 de março de 2024 - 14h45
Na busca pela inclusão social e
empoderamento de pessoas afetadas pela Hanseníase, o Governo de Rondônia
promove desde 1994, o Projeto Inovador:
a produção de biojoias. Maria da Silva Lima, amazonense de 72 anos,
personifica essa iniciativa como catalisadora de transformação e esperança.
Moradora da zona Sul de Porto Velho, há 37 anos, enfrentou os desafios da
Hanseníase e o estigma associado à doença. A descoberta aos 22 anos mudou sua
vida, levando-a a mudar-se para Porto Velho, em busca de uma nova história,
após o preconceito prejudicar seu comércio e vida social.
CUIDADO MÉDICO
O projeto, liderado pela Agência Estadual de
Vigilância em saúde de Rondônia (Agevisa) e ONG NHR Brasil, vai além da
produção de biojoias. Dona Maria, como é conhecida, destacou o cuidado médico
recebido na Policlínica Oswaldo Cruz (POC), onde participou de cursos de
gastronomia e biojoias.
Dona Maria, assim como outros participantes,
ressaltou a importância do acompanhamento médico e dos esforços de
conscientização. A equipe da Policlínica Oswaldo Cruz oferece suporte contínuo,
e a conscientização sobre a Hanseníase é crucial para eliminar o estigma
associado à doença. “Agradeço a Deus e aos profissionais que aceitam trabalhar
nesta área, porque muitos fogem do contato”, expressou dona Maria, enfatizando
a necessidade de profissionais que fornecem tratamento, compreensão e apoio”,
referenciou.
A coordenadora estadual de combate à Hanseníase,
Carmelita Ribeiro Filha, destacou o objetivo de alcançar as metas de “Zero
Transmissão” e “Zero Exclusão”, frisando a importância do acompanhamento médico
e conscientização.
A
produção de biojoias não é apenas um trabalho para Dona Maria; é uma terapia
transformadora. “Eu gosto muito de artesanato, bordo, faço trabalho com fitas e
manuais. Eu gostei muito do curso e continuei a produzir. Viajei para fazer
coleta de matéria-prima no município de Monte Negro, e aprendi a beneficiar,
com máquinas oferecidas pela ONG. Participo da coleta à venda. No começo eu
achava difícil, mas depois passei a amar o trabalho, é como uma terapia”,
contou emocionada.
A
vida de dona Maria da Silva mudou em Rondônia. O atendimento, por meio do
serviço público abriu o leque de possibilidades e crescimento profissional.
Após o curso, ela conheceu o tão sonhado mar, viajou para expor em Pernambuco e
vendeu tudo em três dias. “Antes, o preconceito me afastava das pessoas”,
ressaltou Dona Maria.
O
desfile “Art’s Biohans” tornou-se um evento de moda, um símbolo de celebração
da transformação. Este evento é uma oportunidade para valorizar não apenas as
habilidades criativas, mas a resiliência e superação das pessoas afetadas pela
Hanseníase.
Segundo
o diretor da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima, “nas comemorações ao mês em
que celebramos o Dia Internacional da Mulher, destacamos a dona Maria e todas
as mulheres que, como ela, enfrentaram desafios significativos e emergiram como
exemplos de força. Suas biojoias são adornos coloridos, e testemunhas tangíveis
da capacidade humana de se reinventar e prosperar”, finalizou.
A
história de dona Maria evidencia que, a Hanseníase não define a vida de uma
pessoa. O potencial criativo, empreendedorismo e resiliência são forças mais
poderosas. Recentemente, ela esteve em Brasília (DF), representando um caso de
sucesso do projeto governamental. Com o tema “Compartilhar Desafios: Janeiro
Roxo 2024 – Uma jornada para integração e avanços em hanseníase”; a atividade
ocorreu no período de 23 a 25 de janeiro, e teve como objetivo, o
compartilhamento de experiências, desafios e promoção do debate.
O
tema estava alinhado à Estratégia Global de Hanseníase 2021-2030 da Organização
Mundial da Saúde (OMS) e Decreto nº 11.494, de 17 de abril de 2023, que
instituiu o Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de
outras Doenças Determinadas Socialmente – CIEDDS, ambos com a finalidade de
promover ações que contribuam à eliminação da Hanseníase e de outras doenças;
como problema de saúde pública até 2030.
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