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No Dia da Enfermagem, profissionais falam sobre suas experiências na linha de frente contra a covid-19


Eliane Loureiro, enfermeira que atua nos municípios de Cerejeiras e Cabixi, enfrenta uma das mais difíceis batalhas, lidar com a morte do esposo e do sogro, ambos vencidos pela covid-19 - Gente de Opinião
Eliane Loureiro, enfermeira que atua nos municípios de Cerejeiras e Cabixi, enfrenta uma das mais difíceis batalhas, lidar com a morte do esposo e do sogro, ambos vencidos pela covid-19

Neste dia 12 de maio é celebrado o Dia Internacional da Enfermagem, também conhecido como Dia Mundial do Enfermeiro, data escolhida para homenagear a classe de profissionais dedicados a cuidar da saúde da população.

Há mais de um ano, profissionais enfrentam uma das fases mais difíceis das últimas décadas. A pandemia evidenciou a importância da equipe de enfermagem na recuperação de pacientes que lutam contra a doença.

Em especial, o Cone Sul do Estado de Rondônia conta hoje com pouco mais de 150 enfermeiros que atuam na linha de frente do combate à pandemia, tanto na rede pública quanto na unidade privada. As equipes de enfermagem são divididas, entre ações voltadas nas unidades básicas, pronto socorro, centrais da covid-19 e Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

A enfermeira Gleice Rodrigues Gonzaga, formada há 10 anos, atua hoje na UTI do Hospital Regional de Vilhena e lembra perfeitamente do primeiro paciente que atendeu na pandemia. “Um senhor de 72 anos, do município de Pimenteiras. Foram 36 dias internado, recebendo tratamentos e cuidados e por fim, a vitória. Ele venceu a doença”.

A profissional destaca, que diante de todo esse cenário, o mais difícil é ver os jovens sendo vencidos pelo coronavírus e famílias sofrendo pela perda de seus familiares, mas a profissional afirma, que ainda assim consegue manter a esperança. “Quando trabalhamos coletivamente em prol de um objetivo, conquistamos o impossível”, revela.

Para o enfermeiro Antônio de Andrade, que trabalha no município de Colorado do Oeste, a situação que todas as unidades de saúde enfrentam hoje é angustiante. “Diante de tudo que enfrentamos, o mais doloroso é ver o sofrimento das famílias, a dor, o sentimento da despedida, da perda. Quando o paciente vai a óbito a gente sabe que fez tudo o que pôde, mas a família não entende, entra em desespero e acabamos sentindo a dor de cada um que perde algum ente querido”.

Andrade se lembra de cada paciente que já atendeu. “Quando um paciente recebe alta médica, é difícil controlar a emoção. O primeiro que acompanhei desde o início, foi um paciente que ficou em estado grave, foi transferido para o município de Cacoal, ficou entubado e quando retornou acompanhamos ele pelo corredor para ir embora. Um momento emocionante”.

A enfermeira Sabrina Mathias, de 26 anos, que atua nos municípios de Pimenteiras do Oeste e Colorado do Oeste, conta como foi seu primeiro contato com a doença. “Estava à frente da comissão de enfrentamento da covid-19, na vigilância epidemiológica, e diagnosticamos o primeiro caso no município de Pimenteiras do Oeste, que imediatamente foi transferido para o município de Cacoal”.

Sabrina revela que toda a família da primeira paciente foi contaminada na comemoração do Dia das Mães, em 2020. “Todos foram tratados a domicílio. Na época eu realizava visita domiciliar aos pacientes que eram monitorados constantemente. Todos tiveram uma boa evolução e puderam comemorar a alta do isolamento. Graças a Deus”.

A enfermeira revela que o momento mais difícil é a exaustão. “A pressão e o medo por parte dos familiares dos pacientes é inexplicável. Tudo isso nos deixa à flor da pele”. Mas também revela os momentos de alívio: “Teve uma alta que foi dada para mãe e filha, ambas ficaram em estado grave. O reencontro foi emocionante. Clamamos à população que continue em casa, pois o fluxo ainda está muito intenso e muitos dos casos estão se agravando. Os recursos ainda são poucos e os profissionais estão cada vez mais exaustos fisicamente e psicologicamente”, finaliza.

Eliane Loureiro de Oliveira, enfermeira que atua nos municípios de Cerejeiras e Cabixi, enfrenta uma das mais difíceis batalhas, lidar com a morte do esposo e do sogro, ambos vencidos pela covid-19. A profissional conta que por mais que os profissionais da Saúde lidem com esse tipo de perda diariamente, não há como se acostumar. “Meu esposo tinha 34 anos, ficou seis dias internado e um dia entubado, infelizmente o perdemos em dezembro. Meu sogro ainda ficou cerca de três meses na UTI e também não resistiu”, relembra.

A enfermeira conta que, de toda a dor que a pandemia gera, a notícia da alta médica é o momento que mais traz esperanças. “Ver as pessoas saírem do isolamento, com um semblante de felicidade e de alívio, é muito emocionante. Uma sensação de dever cumprido”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) escolheram 2020 como o ano internacional dos profissionais de enfermagem. A luta é abraçada por todos os profissionais da Saúde que atuam fortemente no combate contra a covid-19, enfermeiros, técnicos e auxiliares, médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais e tantos outros.

O Governo de Rondônia vem prestando todo apoio necessário aos municípios de todo o Estado, com assistência nas áreas da Saúde, destinando medicamentos, cilindros de oxigênio, Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), e garantindo a vacinação à todos os profissionais da Saúde.

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