Sábado, 28 de março de 2015 - 20h51
Alegria. Esse foi o sentimento dos pacientes que participaram da primeira oficina de chocolate do Hospital Santa Marcelina. Por algumas horas esqueceram-se das tristezas e limitações que doenças como a hanseníase e diabetes trazem pra suas vidas. Receberam dicas de segurança na cozinha e aprenderam um novo ofício de forma leve, gostosa e saudável. Nem parecia que o grupo de alunos era tão especial e peculiar, formado por pacientes diabéticos, hansenianos e familiares. Alguns nem lembravam doentes internados em um leito de hospital. Outros, estavam tão absolvidos no aprendizado que não perceberam o passar das horas. Enfim, havia chegado a hora da medicação.
Esse foi o segundo encontro do grupo de autocuidado do Hospital Santa Marcelina. A ideia de oferecer uma oficina de chocolate parecia absurda, ao ser direcionada a pacientes diabéticos e hansenianos, no entanto, o principal objetivo foi educar. Após anos de experiência atendendo esse público, a equipe técnica do Santa Marcelina percebeu que não basta apenas tratar as feridas, dar medicamentos, oferecer tratamento especializado durante as internações ou reabilitar quando o pior acontece e o paciente precisa de uma prótese. Descobriu-se a necessidade de educar para prevenir e evitar acidentes domésticos. Criou-se então um grupo de autocuidado da unidade.
“ Hoje, 28/03/2015 foi nosso segundo encontro do ano, teremos dez reuniões em 2014. Conseguimos uma parceria com a ONG de origem holandesa NHR BRASIL, que financiará nossas ações. Graças a essa parceria conseguimos comprar os produtos para nossa oficina de chocolate. O principal objetivo hoje é despertar no portador de diabete, de hanseníase e em seus familiares a prática do autocuidado na cozinha. A maioria desses pacientes tem pouca ou nenhuma sensibilidade ao calor e se ferem muito facilmente, pois, como são sentem a dor não recebem o aviso do corpo que a pele está queimando, essas pequenas queimaduras, evoluem para uma ulcera e em muitos casos terminam em uma amputação de um dedo ou até de toda a mão. Com a disseminação do conhecimento poderemos evitar muitas amputações”. Informou Cleumar Nascimento, enfermeiro e coordenador do grupo de autocuidado.
“Temos casos aqui de pessoas que por causa de acidentes simples, como o furo de um espinho de uma planta, mesmo após anos de tratamento, tentando controlar e curar a ulcera que esse furo causou, teve que amputar uma perna. Vendo de fora parece simples, mas no dia-a-dia sem a sensibilidade que a dor traz, fica muito complicado para o paciente se cuidar. Por isso, criamos esse grupo de educação continuada, para prevenir acidentes e incentivar o autocuidado”. Salientou Rosangela Romano, fisioterapeuta da equipe multiprofissional que acompanha e assessora o grupo.
Além do próprio doente, a presença da família ou do cuidador é de muita importância para o sucesso do processo de prevenção.
“Precisamos que o cuidador participe, pois é ele quem mantém um vínculo e contato diário com o paciente, a família precisa saber os cuidados necessários no dia-a-dia, para ter condições de incentivar e motivar o doente. Doenças como a diabetes e a hanseníase atingem e envolvem não apenas o doente, mas toda a família." Comentou Luana Massotti, psicóloga.
Durante toda a manhã os participantes aprenderam a fazer ovos de chocolate, receberam dicas de segurança na cozinha e ao final da oficina ainda puderam levar pra casa os ovos confeccionados.
“O diferencial dessa oficina é que além das dicas de saúde, os pacientes aprenderam um novo ofício, que inclusive pode gerar renda para essa família, todos os ovos foram feitos de forma a atender as necessidades e limitações que a dieta do diabético e hanseniano exige ”. Finalizou Cleumar Nascimento.
Fonte: Wania Evangelista
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