Quinta-feira, 27 de dezembro de 2007 - 08h56
Agência FAPESP – O ser humano vive cada vez mais. No Brasil, a expectativa de vida aumentou 8,8 anos entre 1980 e 2003, chegando aos 71,3 anos. Em 2050, o país deverá atingir a média atual do Japão, superior a 81 anos. A má notícia é que, quando maior o tempo de vida, maior as chances de desenvolvimento de doenças comuns a idosos, como Alzheimer.
A busca por soluções para tratamento e prevenção da doença degenerativa é constante em alguns dos principais laboratórios do mundo e há tempos cientistas suspeitam que o óleo de peixe poderia representar uma alternativa. Agora, um novo estudo acaba de dar sinal verde a tal estratégia.
De acordo com a pesquisa, feita pelo grupo de Greg Cole, da Escola de Medicina David Geffen na Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, o ácido docosahexanóico (DHA), ou ômega 3, encontrado no óleo de peixe, é um agente eficiente e barato para adiar ou prevenir o desenvolvimento do Alzheimer.
O estudo, que será publicado no Journal of Neuroscience, verificou que o DHA aumenta a produção de LR11, uma proteína encontrada em níveis reduzidos em portadores de Alzheimer e que é conhecida pela capacidade de destruir outra proteína, que forma as placas amilóides associadas à doença.
Os pesquisadores examinaram os efeitos do DHA em diversos sistemas biológicos, tendo administrado o óleo ou ácido graxo por meio de dieta ou pela adição direta em neurônios cultivados em laboratório.
“Descobrimos que mesmo pequenas doses de DHA aumentam os níveis de LR11 em neurônios de ratos, enquanto o DHA ingerido por dieta aumentou os níveis da proteína em cérebros de ratos ou camundongos mais velhos alterados geneticamente para desenvolver a doença”, disse Cole.
Para mostrar que os benefícios da substância encontrada no óleo de peixe não estava limitada a células de outros animais que não o homem, os cientistas também confirmaram o impacto direto do DHA em células neuronais humanas em cultura.
A conclusão é clara, segundo Cole: níveis elevados de DHA que levaram à abundância de LR11 aparentemente protegeram contra o Alzheimer, enquanto níveis reduzidos levaram à formação de placas amilóides.
Óleo de peixe e seu principal ingrediente, ácidos graxos ômega 3 – encontrados em peixes com elevado teor de gordura, como o salmão – tem sido usado há anos por praticantes de alimentação saudável. Também é aconselhado pela Associação Norte-Americana do Coração para redução do risco de doença cardiovascular.
Ácidos graxos como DHA são considerados essenciais por não serem produzidos pelo organismo humano, que precisam obtê-los por meio de dieta. O DHA é o mais abundante dos ácidos graxos essenciais encontrados no cérebro.
Apesar da conclusão do estudo, os pesquisadores alertam que falta determinar a dosagem ideal. “Pode ser que uma suplementação muito pequena seja necessária, especialmente em regiões como o sul da França, por exemplo, ou outras com dietas mediterrâneas. Nos Estados Unidos, onde o consumo de pescado é baixo, a dose talvez tenha que ser maior”, disse Cole.
Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), dos Estados Unidos, iniciaram um estudo clínico de grande escala para verificar níveis e influência do DHA em portadores de Alzheimer.
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